quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Biografia do pintor Columbano Bordalo Pinheiro

Auto-retrato, óleo sobre madeira, 1904 - Museu do Chiado MNAC

Columbano Bordalo Pinheiro (Lisboa, 21 de Novembro de 1857 — Lisboa, 6 de Novembro de 1929) foi um dos maiores artistas plásticos portugueses. Pintor naturalista e realista.  
Filho do pintor, escultor e gravador Manuel Maria Bordalo Pinheiro e de sua esposa Augusta Maria de Carvalho Prostes, foi educado num ambiente de preocupações artísticas. A sua primeira e mais marcante escola foi a oficina do pai. 
Ingressou na Academia de Belas-Artes de Lisboa aos 14 anos de idade, onde cursou desenho e pintura histórica. Na Academia, foi discípulo do escultor Simões de Almeida e do mestre Ângelo Lupi, tendo feito o curso em quatro anos em vez dos curriculares sete.

Família do artista (ao centro o pai desenhando, e ao lado a mãe), lápis sobre papel, 1880-1885. Museu do Chiado MNAC
Auto-retrato, óleo sobre madeira, 1884 - Museu Grão Vasco
Auto-retrato e gatos, lápis sobre papel, 1898 - Museu do Chiado MNAC
Rejeitado em dois concursos para bolseiro do Estado em Paris, citado pela crítica que se divide em opiniões contrárias, tendo quem acuse a sua paleta de tons sujos e esverdeados e a falta de acabamento dos seus quadros, organizou em 1880 uma exposição em conjunto com António Ramalho. Ao expor obras duma ténue análise social, como em Convite à Valsa, o pintor mostra já naturalidade na composição e uma paleta frugal que se intensifica para dar vida a um veludo ou um objecto. 
Partiu para Paris, em 1881, acompanhado da sua irmã mais velha Maria Augusta, beneficiando de uma bolsa de estudo, custeada secretamente por D. Fernando de Saxe-Coburgo (viúvo de D. Maria II) e por a sua segunda esposa, a Condessa d'Edla. Em França, recebeu influências de Manet, Degas, Deschamps entre outros.

Columbano no seu atelier, no Pátio Martel, Lisboa. 1900-1945. Foto de José Artur Leitão Bárcia - Arquivo Municipal de Lisboa (AML)
Convite à Valsa, óleo sobre cartão, 1880-1882. Casa-Museu Dr. Anastácio Gonçalves
A Luva cinzenta (retrato da sua irmã mais velha e madrinha Maria Augusta),óleo sobre tela, 1881 - Museu do Chiado MNAC
Frequentou a Academia de Paris com a mesma liberdade que usara Belas-Artes em Portugal. É no sossego da sua privacidade que pinta, sempre nostálgico de Lisboa, cerca de dez quadros. Evidenciam-se entre eles A Luva cinzenta, sua obra-prima e "muito querida". Em 1882, apresentou no Salon de Paris o quadro Soirée chez Lui que foi bem recebido pela crítica, e que está actualmente exposto no Museu do Chiado com o título Concerto de Amadores. Este quadro foi exposto em Lisboa, na Sociedade Promotora de Belas Artes, em 1883, depois do seu regresso a Portugal, não tendo sido muito bem recebido pela crítica.
Impassível no seu cepticismo pela pintura de paisagem praticada pelos seus amigos naturalistas, é como independente que se junta ao Grupo do Leão, eternizando-o numa enorme tela em 1885, um quadro que será um dos seus mais conhecidos. O grupo era formado por jovens artistas empenhados numa reforma estética.

O Grupo do Leão, óleo sobre tela, 1885 - Museu do Chiado MNAC
Estudo para o óleo, Concerto de Amadores, lápis sobre papel, 1882 - Museu do Chiado MNAC
Concerto de amadores, óleo sobre tela, 1882 - Museu do Chiado MNAC
Trecho difícil ( sobrinho de Columbano ao piano), óleo sobre madeira, 1883 - Casa-Museu Dr. Anastácio Gonçalves
Foi no domínio da pintura de decoração e nos retratos que se celebrizou, sendo dele as pinturas da sala de recepção do Palácio de Belém, os painéis dos «Passos Perdidos» da Assembleia da República e do tecto da Câmara Municipal de Lisboa. Como retratista cria uma galeria interminável de retratos para os quais posam membros da família, amigos, poetas, escritores, artistas. Os retratos de intelectuais, incluem Oliveira Martins, Ramalho Ortigão, Eça de Queirós, Teófilo Braga entre outros, sobressaindo o de Antero de Quental, pintado em 1889, considerado pela generalidade da historiografia como a obra-prima de Columbano. Nos últimos anos da década de noventa, a pintura de naturezas mortas adquire grande importância no seu trabalho.

Consolatrix afflictorum (estudo para a pintura do tecto da Câmara Municipal de Lisboa, figura feminina distribuindo sopa), lápis sobre papel, 1888 - Museu do Chiado MNAC
Medalhão do tecto da Sala Rosa Araújo, 1889. Câmara Municipal de Lisboa . Foto Francisco Leite Pinto - AML
Retrato de Antero de Quental, óleo sobre tela, 1889 - Museu do Chiado MNAC
Visitou e concorreu à Exposição Universal de Paris (1900), sendo premiado com a medalha de ouro e o grau de Cavaleiro da Legião de Honra. No ano seguinte foi eleito Académico de Mérito, recebeu o grau de Oficial da Ordem de Santiago e foi nomeado professor da Academia de Belas Artes de Lisboa, para uma cadeira de Pintura, especialmente criada para ele. Em 1901 tornou-se professor de pintura histórica da Academia de Belas-Artes de Lisboa, depois de ter sido preterido no concurso de 1897.
Em 1903 ocupou o cargo de Presidente da Sociedade Nacional de Belas Artes. Casou em 1911 com Emília Bordalo Pinheiro, com ela visitou Paris em 1912 e em seguida a Bélgica, percorrendo as galerias de Malines, Antuérpia, Gand e Bruges. Foi nomeado pelo novo regime republicano para director do Museu Nacional de Arte Contemporânea a partir de 1914 - onde se manteve até à reforma -, reparte o seu tempo entre o ensino, o museu e o atelier .

Natureza morta, óleo sobre tela, séc. XIX-XX - Museu do Chiado MNAC
A chávena de chá, óleo sobre madeira, 1898 - Museu do Chiado MNAC
Estudo - Figuras históricas para a Sala dos Passos Perdidos (Almeida Garrett ao centro, sentado, Alexandre Herculano, José Estevão Coelho de Magalhães e Passos Manuel), óleo sobre tela, 1900- 1916. Museu Grão Vasco
Alegoria da arquitectura (peça encomendada para a decoração de uma sala do Palácio de Belém, transferida para a Ajuda em 1929), óleo sobre tela, séc. XIX - Palácio Nacional da Ajuda
Expôs incansavelmente a sua obra durante meio século em Portugal e no estrangeiro (América, Barcelona, Berlim, Califórnia, Londres, Madrid, Paris e Rio de Janeiro). Faleceu a 6 de Novembro de 1929, tendo legado o acervo das suas obras ao Museu do Chiado-Museu Nacional de Arte Contemporânea.
Era, segundo Diogo de Macedo: "misantropo, fechado em si, dado a análises exaustivas, a dissecações cruéis, teve apenas um grande amor - a pintura".
Últimos momentos de Camões, óleo sobre tela, 1876 - Museu do Chiado MNAC
Os Portugueses e as Ninfas na Ilha dos Amores (ilustração do episódio do Canto IX de "Os Lusiadas" de Camóes), gravura em madeira, séc. XIX-XX. Museu do Chiado MNAC
Camões e as Tágides (estudo), óleo sobre tela, 1893-1894. Casa-Museu Dr. Anastácio Gonçalves
"Nos ombros de um Tritão ...vai Dione", Composição alusiva ao Canto II (est. XXI) de "Os Lusíadas" de Camões, figurando Dione e um grupo de ninfas num mar revolto, perto do casco de uma caravela), óleo sobre madeira, séc. XX - Museu do Chiado MNAC
A minha casa de jantar, aguarela, 1922 - Museu do Chiado MNAC
Auto-retrato (inacabado), óleo sobre tela, 1929 - Museu do Chiado MNAC





Fontes:

http://pt.wikipedia.org/wiki/Columbano_Bordalo_Pinheiro

http://www.arqnet.pt/portal/biografias/columbano.html

http://www.matriznet.ipmuseus.pt/MatrizNet/Home.aspx

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