segunda-feira, 2 de setembro de 2013

O cinema português em cartaz

Cartaz do filme A Rosa do Adro (1919), drama. Adaptado da obra de Manuel Maria Rodrigues. Realização de Georges Pallu (filme mudo) - Cinema Português, UBI

A história do Cinema Português, foi revigorada com a criação de um centro produtor de filmes, a Invicta Film Limitada, fundada por Alfredo Nunes de Matos, em 1917, na cidade do Porto. Ganharam especial destaque algumas das suas produções, como A Rosa do Adro (1919), adaptado da obra de Manuel Maria Rodrigues, Amor de Perdição (1921), adaptado da novela de Camilo Castelo Branco, Os Fidalgos da Casa Mourisca (1921), adaptado do romance de Júlio Dinis, todos eles com realização de Georges Pallu. Amplas camadas de público foram atraídas para o cinema, satisfazendo assim, o lema da produtora de filmes. Em 1931, todos os haveres da Invicta Film foram a leilão, o estúdio foi demolido e a firma não voltou a funcionar.

Cartaz do filme Amor de Perdição (1921), drama. Adaptado na novela de Camilo Castelo Branco. Realização de Georges Pallu (filme mudo). Primeiro filme Português a ser distribuído comercialmente nos Estados Unidos - Cinema Português, UBI
 
Cartaz do filme Maria do Mar (1930), drama. Realização de Leitão de Barros (filme mudo) - Cinema Português, UBI
 
Cartaz do filme A Severa (1931), drama. Adaptado da obra de Júlio Dantas. Realização de Leitão de Barros. Primeiro filme sonoro português - Cinema Português, UBI
Cartaz do filme As Pupilas do Senhor Reitor (1935), romance. Adaptado do romance de Júlio Dinis. Realização de Leitão de Barros - Cinema Português, UBI
Os anos 30/40, denominados como a Época de Ouro do Cinema Português, foram o auge da comédia nacional. Os portugueses riam com os seus actores favoritos, entre eles António Silva, Vasco Santana, Ribeirinho e Beatriz Costa. As multidões invadiam os cinemas, para ver fitas como A Canção de Lisboa (1933), de Cottinelli Telmo, Maria Papoila (1937), de Leitão de Barros, Aldeia da Roupa Branca (1939), de Chianca de Garcia, O Pai Tirano (1941), de António Lopes Ribeiro, O Pátio das Cantigas (1942), de Francisco Ribeiro (Ribeirinho), O Costa do Castelo (1943) e A Menina da Rádio (1944), de Artur Duarte, A Vizinha do lado (1945), de António Lopes Ribeiro, O Leão da Estrela (1947) e O Grande Elias (1950), de Artur Duarte.

Cartaz do filme A Canção de Lisboa (1933), comédia. Realização de Cottinelli Telmo. Este filme foi totalmente realizado por portugueses (no cartaz, à esquerda sobre o fundo cor de rosa, a assinatura de Almada Negreiros) - Cinema Português, UBI
Cartaz do filme Aldeia da Roupa Branca (1939), comédia. Realização de Chianca de Garcia - Associação para a Promoção do Cinema Português

Cartaz do filme Aniki-BóBó (1942), drama. Realização de Manoel de Oliveira - Cinema Português, UBI
 
Cartaz do filme Ala-Arriba (1940), drama. Realização de Leitão de Barros. Segundo informação do SPN, foi o primeiro filme português premiado no estrangeiro, Taça Bienalli em Veneza, 1942 - Cinema Português, UBI
Outro tipo de filme ficaria para sempre na memória dos portugueses,  Maria do Mar (1930), filme mudo, de Leitão de Barros – um documentário romanceado da vida dos pescadores da Nazaré, que dava a conhecer a realidade portuguesa. Em 1931, o cinema torna-se sonoro e falante. A Severa (1931), de Leitão de Barros, baseado na obra de Júlio Dantas, foi o primeiro filme falado e cantado em português. A sonorização seria feita em Paris, nos estúdios de Epinay. O filme obteria um sucesso extraordinário, o público entregara-se definitivamente ao cinema sonoro. 
 
Folha de música do filme O Pátio das Cantigas (1942)Eden Teatro. Ilustração do pintor Stuart Carvalhais - Museu Nacional do Teatro
Com a criação da Tobis Portuguesa (1932), o cinema português iniciou uma nova e promissora fase. O filme Canção de Lisboa (1933), de Cottinelli Telmo, foi enfim, totalmente realizado em Portugal. As Pupilas do Senhor Reitor (1935), adaptado do romance de Júlio Dinis, com realização de Leitão de Barros, teve grande sucesso junto do público. O filme foi louvado pela Inspecção dos Espectáculos como “uma bela expressão da arte nacionalista”. À época, foi o maior êxito comercial depois de " A Severa".
O Secretariado da Propaganda Nacional (SPN), foi criado pelo Estado Novo em 1934, tendo-lhe sucedido o Secretariado Nacional de Informação (SNI), em 1945. Estes organismos eram responsáveis pela área de informação, comunicação social e acção cultural. 

Cartaz do filme Sonho de Amor (1945), ficção. Realização de Carlos Porfírio- Cinema Português, UBI
Cartaz do filme A Vizinha do Lado (1945), comédia. Realização de António Lopes Ribeiro .
Cartaz do filme O Leão da Estrela (1947) comédia. Realização de Arthur Duarte - Cinema Português, UBI
Cartaz do filme Fado, História d'uma Cantadeira (1948), drama. Realização de Perdigão Queiroga. O filme foi um dos maiores sucessos de bilheteira - Cinema Português, UBI
Na década de 40, foram produzidas cerca de quarenta e cinco longas-metragens, na linha dos projectos para o grande público. No Porto, realizasse a importante produção nacional Aniki-BóBó, inspirado num conto de Rodrigues de Freitas. Esta primeira longa-metragem ficcional de Manoel de Oliveira, totalmente rodada na cidade do Porto, ficou concluída no final de 1942. Quando da estreia, o filme seria incompreendido e apelidado de excessivamente poético - o filme viria a ser reproduzido pelo Cineclube do Porto, em 1954, sendo para muitas pessoas, uma agradável surpresa. 

 
Cartaz do filme Cantiga da Rua, comédia. Realização de Henrique Campos - Cinema Português, UBI
Cartaz do filme Frei Luis de Sousa (1950), drama. Baseado na peça teatral de Almeida Garrett. Realização de António Lopes Ribeiro - Cinema Português, UBI
Cartaz do filme Saltimbancos (1951), drama. Realização de Manuel Guimarães. Prémio do SNI para a melhor fotografia-Salazar Dinis - Cinema Português, UBI
Cartaz do filme Mudar de Vida (1966), drama. Realização de Paulo Pocha. Premiado em 1966, no Festival de Veneza, e em 1967, com o Prémio da Casa da Imprensa - Melhor Filme e com o 2º Prémio João Ortigão Ramos. – Cinema Português, UBI
Amália Rodrigues aparece como protagonista no cinema em Capas Negras (1947), de Armando de Miranda e Fado, História d'uma Cantadeira (1948), de Perdigão Queiroga. O segundo filme, com enredo sentimental, excelente montagem e fados cantados por Amália, foi dos maiores sucessos de bilheteira, superando as tão apreciadas comédias.
O cinema inicia um novo caminho ao ser avaliado na sua componente estética, com a criação da Cinemateca Portuguesa (1944), no âmbito do SNI, sobre a direcção de Manuel Félix Ribeiro, e com a fundação do Clube Português de Cinematografia (Cineclube do Porto), em 1945. Por volta do ano de 1956, existiam mais de 30 cineclubes em actividade, assistindo-se a um crescente interesse pela arte cinematográfica.

Cartaz do filme Belarmino (1964), documentário/drama. Realização de Fernando Lopes. É considerado um dos filmes chave do cinema português. Premiado em 1964, com o Prémio do SNI para a Melhor Fotografia (Augusto Cabrita), Prémio da Casa da Imprensa/Cinema para a Melhor Realização e em 1968, com o Prémio Molins de Rey (Espanha) - Cinema Português,UBI
 
Cartaz do filme O Cerco (1969), ficção. Realização de António da Cunha Telles. Apresentado no Festival de Cannes, obteve êxito comercial e foi distinguido com alguns prémios oficiais - Cinema Português,UBI
Cartaz do filme Nós Por Cá Todos Bem (1978), documentário/ficção. Realizado por Fernando Lopes - Cinema Português, UBI

Cartaz do filme O Rei das Berlengas (1978), comédia. Realização de Artur Semedo. Premiado em 1978, no 7º Festival de Cinema da Figueira da Foz e em La Coruña, Espanha - Melhor Realização e Melhor Interpretação (Mário Viegas). - Cinema Português, UBI

Nas adaptações literárias, Frei Luis de Sousa (1950) - baseada na peça de teatro de Almeida Garrett -, de António Lopes Ribeiro, cativou numeroso público, sensível a histórias comoventes. A fita etnográfica Ala-Arriba (1942), de Leitão de Barros, foi premiada com a Taça Bienalli em Veneza. No decorrer dos anos 50, o cinema perde alguma da qualidade das décadas anteriores. No entanto, o primeiro sinal de mudança vem de Manuel Guimarães, com o filme Saltimbancos (1951), onde acentuará o já assumido estilo neo-realista. O filme foi distinguido com o prémio do SNI para a melhor fotografia (Salazar Dinis).

Cartaz do filme Veredas (1978), fantástico/lendas. Realização de João César Monteiro- Cinema Português, UBI
Cartaz do filme O Principe com Orelhas de Burro (1980), ficção. Adaptado do romance de José Régio, com realização de António de Macedo - Cinema português, UBI
Cartaz do filme Kilas, o Mau de Fita (1980), crime/drama. Realização de José Fonseca e Costa. Premiado em 1980, Biarritz - Makhila d'Honneur, e em 1981, com o Grande Prémio do IPC - Instituto Português de Cinema. - Cinema Português, UBI
Cartaz do filme Cerromaior (1981), drama. Adaptado da obra de Manuel da Fonseca. Realização de Luis Filipe Rocha - Cinema Português, UBI
Pela década de 60, surge o moderno cinema português, representado em festivais e premiado: Belarmino (1964) de Fernando Lopes, foi premiado em 1964, com o Prémio do SNI para a Melhor Fotografia (Augusto Cabrita), Prémio da Casa da Imprensa/Cinema para a Melhor Realização e em 1968, com o Prémio Molins de Rey (Espanha). Mudar de Vida , de Paulo Rocha, foi premiado em 1966, no Festival de Veneza, e em 1967, com o Prémio da Casa da Imprensa - Melhor Filme e com o 2º Prémio João Ortigão Ramos. O Cerco (1969), de António da Cunha Telles, foi apresentado no Festival de Cannes, obteve êxito comercial e foi distinguido com alguns prémios oficiais. Muitas das películas cinematográficas intemporais, adquiriram um renovado encanto graças à televisão.

Cartaz do filme Deus, Pátria, Autoridade (1977), documentário. Realização de Rui Simões - Cinema Português, UBI
Cartaz do filme Silvestre (1981), conto tradicional/ fantástico. Realização de João César Monteiro. Foi apresentado em 1981, no Festival de Veneza - selecção oficial (Itália)  - Cinema Português, UBI

Cartaz do filme Recordações da Casa Amarela (1989), ficção. Realização de João César Monteiro. Distinguido com o Leão de Prata, no Festival de Veneza, com o Grande Prémio Especial do Júri, no Festival de Dunquerque, em 1995, e com o Prémio FIPRESCI-Federação Internacional de Críticos de Cinema, no Festival de Montevideu, Uruguai, em 1997. - Cinema Português, UBI

Nos anos 70, o filme Veredas (1978), de João César Monteiro é apresentado em Febiofest, Praga (República Checa, 2004) na Sala Truffaut di Modena (Itália, 2007), no Brasil e em Praga (2011).  O Rei das Berlengas (1978), de Artur Semedo, é premiado em 1978, no 7º Festival de Cinema da Figueira da Foz e em La Coruña, Espanha - Melhor Realização e Melhor Interpretação (Mário Viegas). O filme Deus, Pátria, Autoridade (1977), de Rui Simões, foi um dos marcos do filme político da época.
O cinema português passou por um período de projectos estéticos demasiado arrojados, conquistando no entanto, a nível internacional, uma imagem de prestígio.  
 

Cartaz do filme Fio do Horizonte (1993). Realização de Fernando Lopes. Premiado em 1993, no Festival de Cinema de Amiens, em França, com os Prémios para Melhor Filme, Melhor Direcção Artística e Melhor Actor - Claude Brasseur - Associação para a Promoção do Cinema Português
Cartaz do filme Três Irmãos (1994), drama. Realização de Teresa Villaverde - Cinema Português, UBI
Cartaz do filme Longe da Vista (1998), drama. Realização de João Mário Grilo - Cinema Português, UBI

Cartaz do filme Costa dos Murmúrios (2004). Realização de Margarida Cardoso. Adaptado do romance de Lídia Jorge. Festivais e Prémios: 2004 - Mannheim-Heidelberg International Filmfestival – Menção Especial; 2005 - Globos de Ouro, Portugal – Melhor Actriz (Beatriz Batarda); 2005 - Caminhos do Cinema Português, Portugal – Melhor Filme - Cinema Português, UBI
Os anos 80/90, trouxeram a consagração internacional da obra de Manoel de Oliveira, e o reconhecimento da existência de um cinema nacional, com obras de sucesso comercial, confirmado pela adesão do público português. 
O filme Kilas, o Mau da Fita  (1980), de José Fonseca e Costa, foi premiado em 1980, Biarritz - Makhila d'Honneur, e em 1981, com o Grande Prémio do IPC - Instituto Português de Cinema. Recordações da Casa Amarela (1989), de João César Monteiro, foi distinguido com o Leão de Prata, no Festival de Veneza, com o Grande Prémio Especial do Júri, no Festival de Dunquerque, em 1995, e com o Prémio FIPRESCI-Federação Internacional de Críticos de Cinema, no Festival de Montevideu, Uruguai, em 1997. Três Irmãos (1994), de Teresa Villaverde, foi premiado em 1994, no Festival de Veneza, com o Prémio Melhor Actriz (Maria de Medeiros), no Festival de Cancún, com o Prémio Melhor Actriz, Tigre de Ouro, e em 1995, no Festival de Montréal, Loba de Ouro. O filme O Fio do Horizonte (1993), de Fernando Lopes, foi premiado em 1993, no Festival de Cinema de Amiens, em França, com os Prémios para Melhor Filme, Melhor Direcção Artística e Melhor Actor - Claude Brasseur. Foi ainda atribuída uma Menção Especial da OCIC/Organização Católica Internacional do Cinema, no mesmo festival.
 

Cartaz do filme Aquele Querido Mês de Agosto (2008), romance. Realização de Miguel Gomes. Festivais e Prémios: 15º Festival Internacional de Cinema de Valdivia [Chile, 2008]: Melhor Filme Internacional e Prémio da Crítica; Retrospectiva Miguel Gomes [Áustria, 2008]: Prémio FIPRESCI; 32º Festival Internacional de Cinema de São Paulo [Brasil, 2008]: Prémio da Crítica para Melhor Filme; 12º Festival de Cinema Luso-Brasileiro de Santa Maria da Feira [Portugal, 2008]: Prémio Especial do Júri, Prémio da Crítica, Prémio do Público, Prémio dos Cineclubes; Festival Internacional de Cinema de Las Palmas [Gran Canaria – Espanha, 2009]: Prémio Lady Harimaguada de Prata, Prémio José Rivero para Melhor Jovem Realizador;14ª Gala dos Globos de Ouro SIC/ Caras [Portugal, 2009]: Melhor Filme; Filminho – Festa do Cinema Galego e Português [Portugal, Espanha, 2009]: Grande Prémio Filminho;11º BAFICI – Festival Internacional de Cinema de Buenos Aires, Retrospectiva Miguel Gomes [Argentina, 2009]: Melhor Filme (Competição Oficial Internacional) - Cinema Português, UBI; O Som e a Fúria


Cartaz do filme O que há de Novo no Amor (2011), drama. Realização de Hugo Alves; Hugo Martins; Mónica Santana Baptista; Patrícia Raposo; Rui Santos (II); Tiago Nunes. Festivais e Prémios : 2011 - IndieLisboa: Prémio TAP para a Melhor Longa-Metragem Portuguesa ; 2011 - Festival Raindance, Londres: competição oficial. 2011 - Mostra Internacional de Cinema de São Paulo (Brasil) ; 2011 - Festival de Cinema Português de Toronto (Canadá) ; 2011 - 15º Festival de Cinema Luso-Brasileiro de Santa Maria da Feira (Portugal) - Cinema Português, UBI
Cartaz do filme América (2010), comédia/drama. Realização de João Nuno Pinto. Prémio Revelação e Prémio Melhor Actor para Fernando Luís no Festival Caminhos do Cinema Português - 2011 - Cinema Português, UBI
Cartaz do filme Tabu (2012), drama/romance. Realização de Miguel Gomes. Festivais e Prémios : 2012 - 62º Festival Internacional de Cinema de Berlim – Selecção Oficial em Competição: Prémio Alfred Bauer; Prémio da Critica FIPRESCI (Alemanha) ; 2012 - Festival Internacional de Cinema de Las Palmas (Gran Canaria – Espanha): Prémio Lady Harimaguada de Prata, Prémio do Público ; 2012 - 36º Festival Internacional de Cinema de Hong Kong ; 2012 - CPH:PIX (Dinamarca); 2012 - BAFICI (Argentina); - 2012 - 11º Festival Internacional da Transilvânia (Roménia) - Cinema Português, UBI

Cartaz do filme A Gaiola Dourada (2013). Realização do português Ruben Alves. Filme mais visto do ano, nos cinemas portugueses.

Fontes:

http://cvc.instituto-camoes.pt/cinema/index1.html

http://www.amordeperdicao.pt/

http://www.cinemateca.pt/Entrada.aspx
 
http://cvc.instituto-camoes.pt/cinema/index1.html
 
http://www.instituto-camoes.pt/
Biblioteca -digital

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