segunda-feira, 22 de abril de 2013

Dia da Terra - Dignificar as fibras naturais hoje e sempre

O Dia da Terra foi criado pelo senador americano Gaylord Nelson, no dia 22 de Abril de 1970. 
  
Tem por objectivo criar uma consciência geral para os problemas da contaminação, conservação da biodiversidade e outras preocupações ambientais para proteger a Terra. 

O Dia da Terra refere-se ao cuidado com os recursos naturais da terra e o seu manejo, à educação ambiental e à participação dos cidadãos como indivíduos ambientalmente conscientes e responsáveis.
 
Algodão, fibra vegetal - IYNF

Neste âmbito é importante a percepção global sobre a utilidade das fibras naturais, não só para os produtores e indústria, mas também para os consumidores e para o ambiente. 

As fibras naturais são de origem animal e vegetal. As fibras vegetais incluem os filamentos: algodão; fibras de haste: abaca (bananeira); fibras: linho e cânhamo; fibras de folhas: sisal; fibras de casca: coco. As fibras de origem animal incluem lã ou pêlos: angorá, cashmere, mohair e lã de ovelha; pêlos: alpaca e camelo; secreções das glândulas: seda.
  • As fibras naturais são uma opção sustentável:
As fibras naturais são um recurso renovável.  O crescimento de uma tonelada de fibras de juta requer menos do que 10% da energia utilizada para a produção de polipropileno. O processamento produz resíduos que podem ser usados em biocompósitos para construção de casas ou para gerar eletricidade.  No final do seu ciclo de vida, as fibras naturais são 100% biodegradáveis.
  • As fibras naturais são uma escolha saudável:
A maioria das pessoas sabe que as fibras naturais proporcionam ventilação natural. Roupas de lã agem como isolantes contra o frio e o calor. As fibras de coco utilizadas em colchões têm resistência natural a fungos e ácaros. As fibras de cânhamo tem propriedades antibacterianas.
  • As fibras naturais são uma escolha responsável:
As fibras naturais são de grande importância económica para muitos países em desenvolvimento e vitais para a subsistência e a segurança alimentar de milhões de pequenos agricultores e processadores.
  • As fibras naturais são uma opção de alta tecnologia:
As fibras naturais têm uma boa resistência mecânica, baixo peso e baixo custo.  Estas propriedades tornaram-nas particularmente atraentes para a indústria automobilística.
  • As fibras naturais são uma escolha elegante:
As fibras naturais estão no centro de um movimento de moda que passa por vários nomes: sustentável, verde, ético, ecológico, mesmo eco-ambiental.  O eixo do movimento centra-se na preocupação com o meio ambiente, o bem-estar dos produtores de fibras e consumidores, e as condições dos trabalhadores na indústria têxtil.
 
Sisal, fibra vegetal - IYNF
As fibras naturais foram substituídas nas nossas roupas, móveis, indústrias e agricultura por fibras sintéticas com nomes como acrílico, nylon, poliéster e polipropileno. O sucesso destes produtos é devido principalmente ao custo. Ao contrário das fibras naturais colhidas pelos agricultores, as fibras sintéticas são produzidos em massa a partir de produtos petroquímicos, facilmente personalizados para aplicações específicas. A competição implacável de produtos sintéticos e a actual crise económica global põem em causa os meios de subsistência de milhões de pessoas que dependem da produção de fibras naturais. 
 
Cesta de armazenamento, folha de palmeira e fio de linho; 1497-1473 a.C.; Túmulo de Hatnefer e Ramose; Novo Reino, Dinastia XVIII,  reinado de Thutmose II.  Alto Egipto - MMA

A utilização mais antiga de fibras naturais, fibras de linho selvagem, foi encontrada em estratos do Paleolítico Superior - cerca de 30.000 anos a C. - dentro de uma caverna no sopé das montanhas do Cáucaso, na Geórgia.

Numa expedição egípcia realizada pelo Museu Metropolitano de Arte (Estados Unidos) em 1935-1936, foi descoberto o túmulo de uma mulher chamada Hatnefer, acompanhada dos seus familiares. No túmulo estavam todas as coisas necessárias para a vida após a morte, incluindo cestas de alimentos para nutrir os seus espíritos. As cestas continham diversos tipos de pão, passas, nozes e outros géneros alimentícios.
Cestos, cana; ca.712-525 a.C.; Período Final da Dinastia XXV-XXVI; Templo de Mentuhotep II. Alto Egipto -  MMA
 
Cesta, fibra vegetal; séc. VI-XI; povo Tiwanaku; Bolívia - MMA
A cestaria é uma das formas de arte mais difundida entre os tecelões Tutsi (grupo etnico) do Ruanda e Burundi. Na vida destes povos, a tradição da cestaria resultou numa forma de arte que tem uma função utilitária para além da beleza estética. As cores tradicionalmente usadas na cestaria dos Tutsis, eram preto e vermelho. O ouro pálido natural da palha era reforçado com padrões gráficos coloridos com corante preto, feito a partir da ebulição das flores de bananeira. O corante vermelho derivou da ebulição da raiz e sementes da planta urukamgi. A partir da década de 1930, os corantes importados expandiram a paleta para incluir cores como o verde, laranja e lilás. 
As cestas de bobina eram tradicionalmente executadas pelas mulheres da aristocracia Tutsi. A posição privilegiada destas mulheres, permitiam-lhes o tempo de lazer necessário para aperfeiçoar a técnica de tecelagem. Ao longo do tempo foram surgindo oficinas que produzem cestas e outros artefactos a uma escala maior.

Cesta com tampa, cana colorida; meados do séc. XX; povo Tutsi; Ruanda - MMA
Cesta com tampa, cana colorida; meados do séc. XX; povo Tutsi; Ruanda - MMA
Mulher Apache tecendo uma bandeja, 1896. Montanha Branca Apache, Arizona - Museu Metropolitano de Arte, MMA
Entre as tribos do povo Apache, os Jicarilla são conhecidos pela tecelagem da cestas em fibras naturais como o salgueiro. As formas primárias incluem tigelas rasas e cestas com forma de vaso. Nos diferentes projectos os desenhos irradiam do centro para os bordos. Os seus fabricantes vulgarmente adicionam elementos decorativos como cães, veados ou seres humanos.

Cesta com forma de vaso, fibras vegetais; ca. 1900; povo Apache; América do Norte - Instituto de Arte Minneapolis
Cesta bandeja, fibra natural; 1896; Montanha Branca Apache; Arizona - MMA
No povo Akimel O'othom (sul do Arizona) a arte da cestaria é passada através de gerações. As mulheres jovens aprendem ouvindo e vendo os mais velhos. Eles começam com desenhos simples e progressivamente vão criando padrões mais complexos. A complexidade do projecto de cada artista é criada inteiramente em uma imagem mental: ele nunca é desenhado previamente. Variações do desenho de flor de abóbora decoram inúmeras cestas, para além de seres humanos e animais. 
Cesta bandeja, fibras vegetais; séc. XX; povo Akimel O'othom; América do Norte - Instituto de Arte Minneapolis

Cesta bandeja, fibra vegetal;1910; povo Akimel O'othom; Arizona - MMA

Caixa, fibras vegetais; data desconhecida; cultura Anishinaabe (Ojibwe); América do Norte - Instituto de Arte Minneapolis

Na região rural de Kwazulu-Natal na África do Sul, as plantas e gramíneas são utilizadas em artefactos domésticos como tapetes e vários tipos de cestas. A tradição de tecelagem com plantas vem dos séculos XVI e XVII. Os Zulus utilizavam as cestas para armazenamento de comida e cerveja. As folhas de Palma Cadale são muito usadas por serem bastante resistentes e não apodrecerem em contacto com os líquidos.
A arte foi sendo desenvolvida ao longo dos séculos e ganhou qualidade de peça artística. O criador Beauty Nxgongo é nacionalmente conhecido por as suas belas e distintas cestas com desenhos vibrantes. Fortemente enraizado na tradição artística da cestaria da África do Sul, o trabalho de Nxgongo é elogiado pela qualidade estética. As cores dos motivos geométricos que cobrem a superfície das peças são obtidas de fontes naturais.
  
Cesta com tampa, fibra de palma; Beauty Nxgongo1990; povo Zulu; Kwazulu-Natal, África do Sul - MMA
Cesta com tampa, fibra de palma; Reuben Ndwandwe; 1990; povo Zulu; Kwazulu-Natal, África do Sul - MMA

Cesta de lanche, fibras vegetais e pele; séc. XX; Etiópia, África - Instituto de Arte Minneapolis
Cabaz, fibra vegetal; séc. XIX; cultura Salish; Colômbia Britânica, Canadá - MMA
As fibras naturais largamente utilizadas em vestuário e acessórios, estão actualmente no centro de um movimento que passa por vários nomes: sustentável, verde, ético, ecológico, mesmo eco-ambiental. O eixo do movimento centra-se na preocupação com o meio ambiente, o bem-estar dos produtores de fibras e consumidores, e as condições dos trabalhadores na indústria têxtil.

Chapéu, ráfia e seda; 1760; Inglaterra - MMA
Chapéu alto, ráfia e seda; 1820; França - MMA
Chapéu "sombrero", fibras vegetais, seda e algodão; data desconhecida; México - Instituto de Arte Minneapolis
Saco de cordão, fibra de juta ou cânhamo; século XVIII-XIX; América (provavelmente) - MMA
Slipper's, ráfia; 1840-1850; Europa - MMA


Fontes:
http://www.naturalfibres2009.org/en/fibres/index.html
http://es.wikipedia.org/wiki/Fibra_natural

2 comentários:

  1. Artigo interessantíssimo sobre as fibras naturais e artefatos. Hoje, mais do que nunca é necessário olhar para o passado como referência para o futuro. Parabéns, uma ótima coleção.

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    1. As gerações futuras reconhecerão o nosso cuidado e empenho!
      Obrigada!

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