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Marca, OAL/Portugal/NF |
A produção cerâmica de Alcobaça, foi gerada por volta de 1875, com a instalação da Fábrica de José dos Reis, mestre-oleiro de Coimbra, que trouxe dessa cidade, técnicas e motivos decorativos como as paisagens com castelos e estátuas equestres à inglesa, que se divulgaram nas grandes produções industriais, como a Real Fábrica de Loiça de Sacavém. Com a aquisição da Fábrica de José dos Reis, em 1900, por Manuel Ferreira da Bernarda, assistiu-se ao desenvolvimento da produção, com o abastecimento do mercado local. Em meados do século XX, a fábrica assumida em 1900 por Manuel da Bernarda, passou a ser administrada por Raul da Bernarda, iniciando a venda de peças de cerâmica para o estrangeiro (Raul da Bernarda & Filhos Lda.").
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Prato, faiança moldada, esponjada e estampilhada em rosa. No centro um pagode e arvoredo, copiados das faianças inglesas do século XIX, diâmetro: 32,5cm. Marcado com a Inscrição J. Reis, Fábrica de Loiça de Alcobaça, 1875-1897. - Museu Nacional do Azulejo (2001). Cerâmica de Alcobaça de João da Bernarda [1875-1947]. Ministério da Cultura |
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Travessa, faiança moldada, pintada, esponjada e estampilhada a azul, rosa, verde e manganês, medidas: 33cm x 26,5 cm. Marcada com M. F. B., Loiças de Alcobaça, 1900-1927 - Museu Nacional do Azulejo (2001). Cerâmica de Alcobaça de João da Bernarda [1875-1947]. Ministério da Cultura |
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Canudo, faiança moldada, pintada a azul e manganês, med: 37,5cm x 10,5cm. Marcado O.A.L., com a sigla de José Pedro, 1927-1947 - Canudo, faiança moldada, pintada a azul, amarelo, verde e manganês, medidas: 37,5cm x 10,5cm. Marcado O.A.L., com a sigla de José Pedro. 1927-1947 - Museu Nacional do Azulejo (2001). Cerâmica de Alcobaça de João da Bernarda [1875-1947]. Ministério da Cultura |
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Em 1927,
Silvino Ferreira da Bernarda, um dos seis filhos de Manuel Ferreira da
Bernanda, e os dois irmãos António e Joaquim Vieira Natividade, criaram a
empresa Olaria de Alcobaça, Lda. (O.A.L.). A partir dessa data, a Olaria
de Alcobaça iniciou um autêntico período de renovação da produção
cerâmica, desenvolvendo um produto que se dirigiu para a requalificação
técnica e artística da cerâmica, em cópias de peças antigas e em apostas
em peças modernistas, especialmente até 1947. Um dos factores para a renovação da produção cerâmica, é o
surgimento das peças de autor. O pintor naturalista Martinho da Fonseca (1890-1972) e o aguarelista Jorge Maltieira
(1908-1994), foram os primeiros a assinar as suas peças.
Posteriormente, verificou-se a estadia de pintores de cerâmica que
assinaram as suas peças, como: Joaquim Natividade, Irene Natividade,
Leonor Natividade, José Pedro, Silvino da Bernarda, Alberto Anjos,
Arnaldo Marques e Noel Costa.
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Jarra, faiança rodada e pintada a azul, manganês, amarelo e verde, d. 1935, alt. 25,5cm. Marcado O. A. L Made in Portugal com a sigla de Noel Costa - Museu Nacional do Azulejo (2001). Cerâmica de Alcobaça de João da Bernarda [1875-1947]. Ministério da Cultura |
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Jarra, faiança rodada e pintada a manganês, depois de 1935, alt. 32cm. Marcado O. A. L., com a sigla Alberto Anjos - Museu Nacional do Azulejo (2001). Cerâmica de Alcobaça de João da Bernarda [1875-1947]. Ministério da Cultura |
Prato, faiança rodada, pintada a azul e manganês, com motivos inspirados na cerâmica seiscentista de Lisboa, diâmetro: 45 cm. Marcado O. A. L. , com sigla de José Pedro. Prato, faiança rodada, pintada a azul e manganês, cm motivos inspirados na cerâmica seiscentista de Lisboa, diâmetro: 32 cm. Marcado O. A. L. Alcobaça - 1928, com a sigla de António Natividade - Museu Nacional do Azulejo (2001). Cerâmica de Alcobaça de João da Bernarda [1875-1947]. Ministério da Cultura
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Jarra, faiança rodada, pintada a azul, manganês e amarelo, com motivos copiados da cerâmica portuguesa do século XVIII, alt. 26 cm. Marcada O. A. L. com a sigla de Alberto Anjos - Museu Nacional do Azulejo (2001). Cerâmica de Alcobaça de João da Bernarda [1875-1947]. Ministério da Cultura |
Delimitando-se de uma produção de loiça comum, a Olaria de Alcobaça criou réplicas de peças cerâmicas do séculos XVII, XVIII e XIX, tendo para o efeito realizado o desenho das peças existentes nas colecções dos principais museus. É comum a representação "compota de ginjas", pratos decorados com “rendas” e corações trespassados. Outras peças, igualmente pintadas a azul e branco, adoptaram como modelos cerâmicas de finais do século XVII e inícios do século XVIII, produzidas em Lisboa, com cercaduras de acanto e cenas centrais com veados, cães e paisagens com motivos arquitectónicos. Algumas peças iniciais da Olaria de Alcobaça, dita de cerâmica ornamental, apontam para uma renovação no tipo de objectos - jarras, potes, bases de candeeiros, pratos decorativos - e na súmula decorativa, naturalista, com fantasiosas elaborações de desenho. As formas fortemente simplificadas, com volumes esféricos e cilíndricos, podem abranger volumes rectos, prismáticos e piramidais. A decoração é envolvida por motivos vegetalistas, em registos naturalistas, envolvendo a totalidade das peças ou delimitando-as em barras bem traçadas, separadas pela policromia intensa ou escala dos motivos.
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Saladeira, faiança moldada, pintada a azul, verde e manganês, com motivos inspirados na produção lisboeta de Monte Sinai, medidas: 26,5cm x 21cm. Marcada O. A. L. - Museu Nacional do Azulejo (2001). Cerâmica de Alcobaça de João da Bernarda [1875-1947]. Ministério da Cultura |
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Prato, faiança rodada, pintada e esponjada a azul, amarelo e manganês, com motivos inspirados na loiça de Coimbra ("ratinhos"), diâmetro: 33,5 cm. Marcado O. A. L.- Museu Nacional do Azulejo (2001). Cerâmica de Alcobaça de João da Bernarda [1875-1947]. Ministério da Cultura |
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Tinteiro, faiança modelada, pintada a azul, amarelo e manganês, medidas: 21cm x 17,5cm. Marcado O. A. L. - Museu Nacional do Azulejo (2001). Cerâmica de Alcobaça de João da Bernarda [1875-1947]. Ministério da Cultura |
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Canjirão, faiança rodada, pintada a azul, vermelho, amarelo, verde e manganês, alt. 23cm. Marcado O. A. L., com a sigla de José Pedro - Museu Nacional do Azulejo (2001). Cerâmica de Alcobaça de João da Bernarda [1875-1947]. Ministério da Cultura |
As peças de produção lisboeta Monte Sinai, foram modelos muito apreciados, distinguindo-se pelo azul-forte em contraste com o branco. Já a cópia e interpretação das formas da loiça “ratinho” – assim denominada por ser vendida a preços módicos aos trabalhadores das Beiras, que se deslocavam sazonalmente para o sul do país para auxiliarem nas actividades agrícolas - com origem em Coimbra, com grande circulação em finais do século XIX e início do século XX, dará origem a peças de gosto e manufactura popular de poderosa expressividade.
Nos últimos anos da década de 1930 e nos primeiros anos de 1940, as peças da Olaria de Alcobaça foram bem sucedidas junto dos mercados brasileiro e americano, declinando a partir de 1948, quando as imposições dos encomendeiros prevaleciam e não se impunham modelos estéticos com qualidade.
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Bacia de barba, faiança rodada, pintada a azul, amarelo, verde e manganês, diâmetro 26 cm - Museu Nacional do Azulejo (2001). Cerâmica de Alcobaça de João da Bernarda [1875-1947]. Ministério da Cultura |
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Canjirão, faiança rodada, estampilhada a manganês, c. 1935, alt. 18,5cm - Museu Nacional do Azulejo (2001). Cerâmica de Alcobaça de João da Bernarda [1875-1947]. Ministério da Cultura |
Em 1959, João da Bernarda, aplicou na Olaria de Alcobaça os ensinamentos estéticos de cerâmica artística, aprendidos em Paris, e arrisca uma linha de objectos decoraticos, que foram expostos na 1ª Feira Industrial de Lisboa. Os objectos expostos distanciaram-se claramente do protótipo português e popular, bastante diferente do que se viria a designar por loiça de Alcobaça. Fundada em 1927, a empresa O.A.L. veio a encerrar em 1984.
Outras fábricas de cerâmica tentaram igualmente estratégias que prolongaram a produção manufacturada, insistindo na decoração em pintura manual – hand painted – garantindo um fazer artesanal. A loiça de Alcobaça produzida até aos nossos dias, afirma-se na cópia de modelos antigos, e a repetição de formas e motivos decorativos soltos, juntando policromias de azuis e amarelos ou de verdes e rosas.
Jarra, faiança rodada, policromada, séc. XX, alt. 37cm, com motivos vulgarizados da loiça de Alcobaça.
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Marca no fundo da jarra |
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Marcas da Fábrica José Reis, aqui |
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Marcas e siglas usadas entre 1900 e 1940, aqui |
A Raul da Bernarda & Filhos Lda. com mais de um século de actividade e expansão, comemorou o ano 2000 com a abertura de um Museu. Nele estão representadas mais de uma centena de peças que demonstram os estilos artísticos desenvolvidos na fábrica, desde 1900 até 1970. Em Maio de 2008, a empresa fechou as portas e iniciou o processo da insolvência.
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Cachepot, faiança, alto relevo, c. 1980, alt. 14 cm. Raul da Bernarda | |
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Marca no fundo do cachepot, empresa Raul da Bernarda |
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Marca empresa Raul da Bernarda, aqui |
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Marca da empresa Raul da Bernarda e Filhos, aqui |
O Museu Raul da Bernarda acolhe algumas das mais belas e representativas peças da produção da “Raul da Bernarda & Filhos, Lda”. Podemos admirar a Faiança Portuguesa do último século e também a Faiança de Alcobaça.
Fontes:
Museu Nacional do Azulejo (2001). Cerâmica de Alcobaça de João da Bernarda [1875-1947]. Ministério da Cultura
http://www.nazarefm.com/nfm/index.php?option=com_content&view=article&id=509:alcobaca--camara-compra-museu-da-ex-fabrica-de-ceramica-raul-da-bernarda&catid=5:alcobaca&Itemid=22
http://www.oestecim.pt/custompages/ShowPage.aspx?pageid=94d854ee-8f3e-4cc7-abe3-2b2f99f179de
Um dos pratos em exibição no Museu da Música, indicado como sendo de Coimbra "Ratinho" está mal classificado. E de produção de Alcobaça, embora inspirado na decoração da faiança ratinha.
ResponderEliminarAgradeço o seu interesse. A legenda dos pratos que citou está de acordo com a ficha de inventário do Museu da Música integrada no catálogo colectivo on-line MatrizNet.
EliminarTenho duas peças desta cerâmica.
ResponderEliminarPeças para estimar e admirar! Uma recordação, a lembrar o tempo de actividade das fábricas que as produziam.
EliminarSaudações.
Olá. Gosto muito deste seu Blog. Na verdade também comecei há pouco tempo a interessar-me pela história da cerâmica portuguesa... interesse que foi despoletado por algumas peças que me vieram parar às mãos e das quais nada sei...
ResponderEliminarGostaria de perguntar se sabe alguma coisa sobre uns pratos grandes marcados no tardoz, manualmente. RB Alcobaça L.S. a configuração é deveras interessante, porque é como que "aos gomos" basicamente em tons de azul com umas flores amarelas. Mas nada tem a ver com aquela louça de Alcobaça típica, azul com entrançados... Creio que é bem mais antigo. Pelo que li até agora, creio que L.S. seja a assinatura do pintor ... mas não sei... O que encontrei mais parecido na pesquisa que fiz foi este
http://mercadoantigo.weebly.com/uploads/1/1/8/4/11849532/1397509313.png
ou até mais parecido com este
http://www.clasf.pt/prato-decorativo-antigo-rb-alcoba%C3%A7a-em-portugal-5785622/
Dsculpe enviar os links mas não sei como colocar aqui as fotografias.
Se me puder ajudar ficar-lhe-ei imensamente grata.
Obrigada.
Maria
Estimada Maria, agradeço a sua simpatia e apreço!
EliminarOs pratos cujos links me enviou são realmente muito bonitos. As letras LS correspondem na verdade ao nome do autor.
Procurei no meu arquivo, informação sobre este tipo de prato sem sucesso. Lamento não poder ajudá-la... Sugiro-lhe contacto com o Museu Raúl da Bernarda, em Alcobaça. Neste link - http://www.cm-alcobaca.pt/pt/menu/519/museu-raul-da-bernarda.aspx - encontrará informação de contactos.
Um abraço e votos de bom sucesso.
Boa noite, consegue indicar-me qual o significado da marca em tardoz VR Alcobaça? Grata
ResponderEliminarLeitora PaTi, a marca de que me fala penso ser a porcelana VR Alcobaça Portugal. Não sei o significado das letras VR. Sugiro que consulte o blogue "Memórias e Arquivos da Fábrica de Loiça de Sacavém", neste link: http://mfls.blogs.sapo.pt/
EliminarSaudações.
Grata pela sua resposta e atenção. Os meus parabéns pelo seu blogue. Recomendo e acompanho
EliminarMelhores cumprimentos
Boa noite eu tenho um pote de Alcobaça com o número 634 sabe quanto é que vale por favor
ResponderEliminarEstimado leitor João Lourenço, desconheço a forma de avaliar peças de cerâmica. Sugiro-lhe uma empresa de leilões ou uma casa de venda de antiguidades...
EliminarSaudações.
O que significa os números atrás de cada peça?
ResponderEliminarEstimada visitante, antes de mais agradeço a sua pergunta, pois servirá de informação a outros leitores deste blogue.
EliminarOs números atrás de cada peça, estão relacionados com o número de código dos executantes, dos decoradores das peças, a data e o modelo da peça.
Saudações