domingo, 6 de maio de 2012

Biografia do pintor Arpad Szenes

Arpad Szenes, atelier rue de l'Abbé Carton, c.1970 - FASVS, Fundação Arpad Szenes-Vieira da Silva


Dia 6 de Maio (aqui)


1897 - Arpad Szenes, pintor, gravurista, ilustrador, desenhista e professor húngaro, naturalizado francês em 1956 (m. 1985).

Autoportrait à la pupille rouge, pastel sobre papel, 1924-1925 - Colecção da Fundação Arpad Szenes-Vieira da Silva
Pintor de origem húngara, Arpad Szenes nasceu em 1897, em Budapeste, capital da Hungria. A partir de 1918 estudou na Academia de Budapeste, onde manifestou um especial interesse pela prática do desenho e da pintura. Procurou então conhecer e estudar as correntes artísticas de vanguarda no contexto europeu, abordando uma larga mostra, desde as artes plásticas à música.
Mais tarde viajou por vários países europeus, instalando-se em Paris em 1925. Dedicou-se à pintura e ao desenho, produzindo um conjunto de trabalhos figurativos de influência surrealista, dos quais se destaca o seu "Autoportrait à la pupille rouge", realizado entre 1924 e 1925. Estas pinturas, as menos conhecidas no contexto da sua obra, apresentam signos associados a figuras muito coloridas e assumem frequentemente um carácter agressivo e irónico.

Enfant au cerf-volant, óleo sobre tela, 1932 - Colecção da Fundação Arpad Szenes-Vieira da Silva
La chasse du faon rose, ilustração para poemas de Pierre Guéguen, buril, aquatinta e verniz macio / papel, 1935 - Fundação Arpad Szenes-Vieira da Silva
Em 1929 Arpad conheceu a pintora portuguesa Maria Helena Vieira da Silva (na altura radicada em Paris onde estudava pintura na Académie de La Grande-Chaumière) com quem se casou no ano seguinte.
Após o curso o artista trabalhou com Hayter, mestre de gravura e, sem abandonar a pintura (como o testemunha a série de telas "L'enfant au cerf-volant", realizada em meados da década de trinta), executou várias gravuras de carácter surrealista.
Desde o seu casamento, o pintor deslocou-se frequentemente a Portugal, onde participou em várias exposições colectivas. Nessa altura conhece vários artistas portugueses, como Carlos Botelho, com os quais desenvolve prolongadas relações de amizade. 

Les guerriers, óleo sobre tela, 1938-1939 - Colecção da Fundação Arpad Szenes-Vieira da Silva
Homme casqué, ilustração para "Chant d'amour et de mort du Cornette Christophe Rilke", buril / cobre, 1944 - Fundação Arpad Szenes-Vieira da Silva
Com o eclodir da Segunda Guerra Mundial, em 1939, o casal voltou para Lisboa e tentou, sem sucesso, obter para Arpad Szenes (que se tornara apátrida desde que os nazis lhe tinham retirado a sua anterior nacionalidade devido à sua ascendência judaica) a nacionalidade portuguesa. No ano seguinte os dois artistas refugiam-se no Rio de Janeiro, no Brasil, onde permanecem até 1947.
A partir dos inícios dos anos 50, Arpad realizou as suas obras mais conhecidas, em formato alongado, enveredando por um abstracionismo de raiz informalista, assente na utilização de cromatismos serenos mas luminosos, constituídos por ocres e outras cores suaves e quentes.
Em 1956 foi-lhe atribuída a nacionalidade francesa, assim como a Maria Helena Vieira da Silva.

Marie-Hélène X, óleo sobre tela, 1942 - Colecção da Fundação Arpad Szenes-Vieira da Silva
Conversation bleue, óleo sobre tela, 1949 - Colecção da Fundação Arpad Szenes-Vieira da Silva

Arpad Szenes e Vieira da Silva conviveram e apoiaram toda uma geração de artistas portugueses que, bolseiros da Fundação Calouste Gulbenkian, se instalaram em Paris a partir da década de cinquenta. Foi o caso de Manuel Cargaleiro, Costa Pinheiro, Eduardo Luís e dos artistas (Gonçalo Duarte, José Escada, Lourdes Castro, René Bértholo e João Vieira) que, nos finais da década constituíram o Grupo KWY, activo em Paris até aos inícios da década seguinte. Foi nesta altura que Arpad Szenes realizou a sua primeira exposição individual. Após da revolução de 1974 que depôs a ditadura em Portugal, tornou-se mais intensa a relação dos artistas com o país natal de Maria Helena Vieira da Silva. 

Banquet rouge et vert, óleo sobre tela, 1950 - Colecção da Fundação Arpad Szenes-Vieira da Silva
Névé, óleo sobre tela, 1979-80 - Colecção da Fundação Arpad Szenes-Vieira da Silva

Autor de uma obra serena e discreta, Arpad Szenes viu-se geralmente cativado pelo apoio incondicional que prestou ao trabalho e à carreira da sua mulher, que obteria reconhecimento e projecção internacional a partir de 1950. O artista morreu em Paris em 1985 e, nove anos mais tarde, uma parte significativa da sua obra foi reunida pela Fundação Arpad Szenes-Vieira da Silva, criada em Lisboa em 1994.

Disponível na www: <URL: http://www.infopedia.pt/$arpad-szenes>.
Arpad e Helena no atelier do Boulevard Saint-Jacques, 1949 - Fundação Arpad Szenes-Vieira da Silva

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