quarta-feira, 6 de junho de 2012

Biografia do artista plástico Malangatana

 Malangatana Ngwenya, 2009 - Grândola, Portugal

Dia 6 de Junho (aqui) 


Malangatana Valente Ngwenya (6 de Junho de 1936 – 5 de Janeiro de 2011), foi um artista plástico moçambicano. Nascido em 1936 na vila Matalana, no sul de Moçambique, Malangatana desde cedo ajudava a mãe na fazenda, depois de regressar da Escola da Missão. Aos 12 anos de idade foi para Lourenço Marques (actual Maputo) para procurar trabalho e em 1953 começou a trabalhar como apanha-bolas no Clube de Ténis. Isto permitiu-lhe continuar os estudos assistindo às aulas da noite, e foi nessa época que os seus talentos artísticos foram reconhecidos. 

Busto de Preta, pintura, óleo sobre tela, 1962 - Museu do Chiado-Museu Nacional de Arte Contemporânea
Um membro do Clube de Ténis, Augusto Cabral, deu-lhe materiais e ajudou-o a vender o seu trabalho. Em 1958, Malangatana frequentou as actividades da organização dos artistas do "Núcleo de Arte" e recebeu apoio do pintor Zé Júlio. Malangatana mostrou a sua obra pela primeira vez (1959) como parte de uma exposição de grupo, dois anos mais tarde realizou a sua primeira exposição individual no Banco Nacional Ultramarino, aos 25 anos de idade. Como poeta, viu a sua poesia publicada em 1963, no diário de "Orfeu Negro" e na "Antologia de Poesia Moderna de África". Por esta altura é apontado como membro da FRELIMO e fica detido na cadeia de Machava, onde passou dezoito meses. Em 1971, recebeu uma bolsa da Fundação Gulbenkian, estudou gravura e cerâmica.

Juízo Final, 1961 - Galeria Bell
A partir de 1981, Malangatana trabalhou exclusivamente como um artista plástico, a sua obra inclui  desenhos, murais, cerâmica e escultura. Foi eleito para a Assembleia Municipal de Maputo em 1998 e reeleito em 2003. Malangatana impulsionou a criação de instituições culturais, incluindo o Museu Nacional de Arte, Centro de Estudos Culturais, Centro para as Artes, foi também um dos fundadores do "Movimento Moçambicano para a Paz" e fez parte dos "Artistas do Mundo contra o Apartheid". O seu trabalho integra colecções em Moçambique, Angola, Cabo Verde, Portugal, Estados Unidos, Bulgária, Nigéria, Suíça, Uruguai e Zimbabué. Malangatana recebeu encomendas para várias obras de arte pública, incluindo murais para a FRELIMO e para a UNESCO.
 
Sem Título, pintura, óleo sobre tela, 1962 - Museu do Chiado-Museu Nacional de Arte Contemporânea
Malangatana foi galardoado com a "Medalha Nachingwea" pela contribuição para a cultura moçambicana e investido Grande Oficial da Ordem do Infante D. Henrique a 16 de Fevereiro de 1995. A UNESCO nomeou-o "Artista pela Paz" e foi-lhe entregue o prémio "Príncipe Claus", em 1997. Em 2010, recebeu o título de "Honoris Causa" pela Universidade de Évora e a condecoração atribuída pelo governo francês, de "Comendador das Artes e Letras". Faleceu a 5 de Janeiro de 2011 no Hospital Pedro Hispano, em Matosinhos, Portugal, vítima de doença prolongada.

Sem Título, desenho, tinta-da-china sobre papel, 1964 - Centro de Arte Moderna da Fundação Calouste Gulbenkian
Última Ceia, pintura, óleo sobre platex,1964 -  Centro de Arte Moderna da Fundação Calouste Gulbenkian
As obras de Malangatana são com frequência,  interpretações dos acontecimentos históricos e políticos da sua pátria. A sua obra explora amplos temas universais, como a violência e a resistência à violência, agarrando as dificuldades da vida humana e os seus aspectos mais notáveis. O reconhecimento do artista Malangatana, está implícito na declaração feita pelo director-geral da UNESCO Federico Mayor quando apresentou o prémio UNESCO, notou que Malangatana é "muito mais do que um criador, muito mais do que um artista - alguém que demonstra que existe uma linguagem universal, a linguagem da arte, que nos permite comunicar uma mensagem de paz, de recusa da guerra."

Porque a alma vive eternamente, pintura, óleo sobre tela, 1970 - Centro de Arte Moderna da Fundação Calouste Gulbenkian
A última obra de Malangatana, a pintura de um FIAT 500 com detalhes tribais, ficou conhecida como A Italiana. A venda desta obra em leilão, entre 6 de Maio e 6 de Julho de 2011, cujo valor reverteria para a Fundação Malangatana - com a finalidade de desenvolver a cultura e a arte e o auxílio na formação de jovens carentes – não foi executada, conforme informação aqui.
A Câmara Municipal do Barreiro, promoveu uma simbólica homenagem ao Mestre Malangatana, no dia do seu 76º aniversário.

A Italiana, pintura tribal num FIAT 500
A Italiana, pintura tribal num FIAT 500



A empresa Vista Alegre, editou uma reprodução da peça intitulada Encruzilhada de Culturas, datada de 1987, numa Edição Especial Limitada a 700 exemplares, lançada em 2011. O original da peça encontra-se em Maputo, e pertence à colecção particular da Galeria Museu Hloyasi.


Encruzilhada de Culturas, (A: 150mm; D: 300mm). Edição Especial Limitada, 2011. Vista Alegre

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