terça-feira, 25 de abril de 2023

Cravos na cidade de Abril

Centro de Documentação 25 de Abril. Universidade de Coimbra



Ruas de Lisboa

Ruas da minha cidade
velas que o meu sangue abraça
e põe cravos de ansiedade
na lapela de quem passa.

Ruas da minha cidade
onde perco o coração.
Poema diz a verdade!
Diz a verdade canção!

Ruas da minha cidade
amanhecendo a firmeza
duma ponte entre a saudade
e um Abril à portuguesa.

Ruas da minha cidade
onde vingo as minhas asas.
O meu nome é liberdade
e moro em todas as casas.

Ruas da minha cidade 
praças da minha alegria
onde antes da claridade
era noite todo o dia.

Ruas da minha cidade
onde o velho é sempre novo:
as ruas não têm idade
porque são todas do povo.

Ruas da minha cidade
becos de ganga puída.
Oficinas da verdade
dos operários desta vida.

Ruas da minha cidade
janelas do meu olhar
onde os pardais da amizade
à tarde vêm poisar.

Ruas da minha cidade
 rasgadas por minha mão.
A gente passa à vontade
quando pisa o nosso chão

Ruas da minha cidade
Aonde eu quero morrer
Com cravos de eternidade
Dos meus olhos a nascer.

Poema de Joaquim Pessoa (1948-2023).  Blogue "Queridas Bibliotecas".


Centro de Documentação 25 de Abril. Universidade de Coimbra

Centro de Documentação 25 de Abril. Universidade de Coimbra




https://pt.wikipedia.org/wiki/Joaquim_Pessoa
http://queridasbibliotecas.blogspot.com/

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