terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Amadeo de Souza-Cardoso - retratos II

Título desconhecido. Óleo sobre tela (1913), Amadeo de Souza-Cardoso - CAMFCG (Centro de Arte Moderna da Fundação Calouste Gulbenkian).

Amadeo no seu atelier, Rue Ernest Cresson, 20, Paris , 1912
Amadeo Ferreira de Souza-Cardoso ocupa um lugar cimeiro entre as figuras portuguesas de maior projecção intelectual, cultural e artística do século XX. Nasce na casa de Manhufe, concelho de Amarante, a 14 de Novembro de 1887. Inicia os estudos no Liceu Nacional de Amarante. Em 1905 irá estudar para a Escola de Belas Artes em Lisboa. A 14 de Novembro de 1906, dia do seu 19º aniversário, parte para Paris com a intenção de vir a ser arquitecto.

Título deconhecido. Desenho, grafite sobre papel (1911), Amadeo de Souza-Cardoso - CAMFCG.
Título deconhecido. Desenho, grafite sobre papel (1912), Amadeo de Souza-Cardoso - CAMFCG.
Título desconhecido. Aguarela sobre papel (1915), Amadeo de Souza-Cardoso - CAMFCG.
Título desconhecido. Aguarela sobre papel (1915), Amadeo de Souza-Cardoso - CAMFCG.
O principal apoio para a sua formação, será o seio da casa familiar de Manhufe, lar de fortes tradições morais e religiosas, de intenso convívio social – local por onde passam figuras portuguesas de relevo, nas áreas artística, religiosa, cultural e política. Amadeo contou sempre com o apoio e amizade dos irmãos, primos e tios. Das figuras que desempenharam um papel importante como conselheiros, no que se relaciona com a sua vida artística e a sua ideologia política, para além do seu pai, tem destaque o papel desempenhado pelo seu tio materno Francisco José Ferreira Cardoso.

Título desconhecido. Óleo sobre tela (1913), Amadeo de Souza-Cardoso - CAMFCG.
Título desconhecido. Aguarela sobre papel (1915), Amadeo de Souza-Cardoso - CAMFCG.
Tête, aguarela sobre papel ((1915), Amadeo de Souza-Cardoso - CAMFCG.
Amadeo foi o grande pioneiro do modernismo em Portugal, no que diz respeito às artes plásticas, pertence à primeira geração do século XX, período onde irão aparecer grandes mudanças nas artes, nas ciências e nas letras.
Entre os anos de 1906 a 1914, na sua estada em Paris, Amadeo esteve sempre atento a todas as novidades, no mundo das letras, das artes e da política. Paris era o centro das experiências artísticas, literárias e intelectuais na Europa. Amadeo mantêm correspondência assídua com o seu tio Francisco Cardoso “conselheiro e confidente tio Chico”, como a ele se referia. 
Retrato paisagem, desenho, grafite sobre papel (1913), Amadeo de Souza-Cardoso - CAMFCG.
Litoral cabeça, aguarela sobre papel ((1915), Amadeo de Souza-Cardoso - CAMFCG.
Retrato de Eduardo Viana, desenho, grafite sobre papel (1912), Amadeo de Souza-Cardoso - CAMFCG
Em meados de 1914, Amadeo na companhia da sua futura mulher Lucie Maynard Pecetto, parte de Paris para Barcelona, onde conhecem o arquitecto catalão António Gaudi. Em Julho desse ano encontram-se em Portugal, no Porto, quando tem inicio a 1ª Guerra Mundial (Agosto), impedindo Amadeo e Lucie de regressar a Paris.
Retido em Portugal, integra-se num grupo de artistas “modernistas”, alguns deles regressados de Paris. Em 1916 realiza uma exposição no Palácio do Calhariz da Liga Naval, entre 4 de Dezembro a 18 de Dezembro. Irá fazer parte do célebre “grupo do Tavares”, grupo de artistas monárquicos, com ideias futuristas, organizado pelo seu amigo Vitor Falcão. Deste grupo fazem parte José de Almada Negreiros, Santa Rita Pintor, Francisco Franco, Eduardo Viana, Rui Coelho e João Amaral.
 
Retrato do Dr. Pallazolli, desenho, grafite sobre papel (1913), Amadeo de Souza-Cardoso - CAMFCG.

Oceano vermelhão azul, cabeça azul (continuidades simbólicas). Rouge bleu vert, aguarela sobre papel (1915), Amadeo de Souza-Cardoso - CAMFCG.


 
Retrato de homem, óleo sobre tela (1913), Amadeo de Souza-Cardoso - MMSC (Museu Municipal Souza-Cardoso).

Em 1918, Portugal é assolado por um surto epidémico de gripe, a pneumónica, vulgarmente conhecida por “gripe espanhola”. Nesse mesmo ano Amadeo é vitimado por esta doença, morre no dia 25 de Outubro apenas com 30 anos, rodeado pela sua família e mulher.

Luto, cabeça, boquilha, óleo sobre tela (1914-1915), Amadeo de Souza-Cardoso - MMSC.
O Rata, óleo sobre cartão (1915), Amadeo de Souza-Cardoso - MMSC.
Cavaquinho, óleo sobre tela (1915), Amadeo de Souza-Cardoso - MMSC.
Título deconhecido. Pintura, óleo sobre tela, (1917), Amadeo de Souza-Cardoso - CAMFCG.
0 Museu Amadeo de Souza-Cardoso, outrora Biblioteca - Museu Municipal de Amarante, foi fundado, em 1947, pelo Dr. Albano Sardoeira, visando reunir materiais respeitantes à História Local e lembrar artistas e escritores nascidos em Amarante: António Carneiro, Amadeo de Souza-Cardoso, Acácio Lino, Manuel Monterroso, 0 Abade de Jazente, António Cândido, Teixeira de Pascoaes, Augusto Casimiro, Alfredo Brochado, Ilídio Sardoeira, Agustina Bessa Luís, Alexandre Pinheiro Torres...

Amadeo constitui a principal referência do Museu, de que é patrono, e a aproximação à sua obra torna-a em instrumento de uma pedagogia da modernidade, com os percursos visíveis do Cubismo à Abstracção, com as notícias do Futurismo, as marcas do Expressionismo e as premonições do Dadaísmo e seus absurdos.
Redescoberto Amadeo, nos anos 50-60, é em seu nome que no museu se reunirão obras de artistas premiados com o Premio Amadeo de Souza-Cardoso, entre os equívocos de figurativos e abstractos, alimentando a querela até ao questionamento da Escola de Paris, à dita morte das vanguardas americanas e anglo-saxónicas.

Amadeo com Lucie, Alexandre Ferraz de Andrade e Dr. António Mata

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