domingo, 22 de janeiro de 2017

Rua da Judiaria I Alfama, Lisboa

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3.º - A Judiaria de Alfama, ou a Judiaria Pequena da Torre de S. Pedro. Nesse bairro, que, como se sabe, não foi atingido pelo terramoto, ainda existe a respectiva Rua da Judiaria. Sabe-se também que essa Judiaria possuía uma sinagoga, que fora construída em 1373/74, como consta de uma sentença de D. Fernando que diz: « no anno da era myl quatrocentos onze a doze annos (=1373 a 1374) os judeus da dita cidade (Lisboa) fizeram sinagoga nova sem nosso mandado na Alfama...», pelo que foram condenados a pagarem a multa de 50 libras de ouro, «... e a livra ha de ser lxxij dinheiros douro», muita de que, aliás, o rei os absolveu, sob certas condições (4).
A Judiaria da Alfama, ou pelo menos a sua esnoga, foi fundada após a trágica investida das Judiarias pelas hostes de D. Henrique II de Castela, no seu ataque a Lisboa em 1371, o que explica a urgência que teve a comunidade judaica em fundar uma nova Judiaria e uma nova sinagoga, sem esperar a obtenção da prévia licença régia. Foi essa, provávelmente, a razão pela qual a comunidade israelita ficou absolvida do pagamento da multa de 50 libras em ouro que lhe foi imposta por ter construído nova sinagoga sem licença régia, sob a condição, porém, de que não «uzassem dela para sinagoga nem fazerem nella oras...», para não estorvarem «as oras da igreja de sam pedro», que se encontrava na proximidade da sinagoga.
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Leia mais aqui, na Revista Municipal N.º 56; págs. 64 a 70. Câmara Municipal de Lisboa, 1953.

Revista Municipal Nº 56 - Hemeroteca digital



Pátio da Rua da Judiaria / Arco do Rosário - Fonte dos Poetas. Na foto, ao lado direito, vê-se um painel de azulejos (foto "comjeitoearte", 2016)




 Fonte dos Poetas, peixes-dragões (foto "comjeitoearte", 2016).

 Fonte dos Poetas "Esta fonte foi restaurada e é de todos. Por favor estime-a e não a danifique", (foto "comjeitoearte", 2016).


Painel de azulejos, na Rua da Judiaria / Arco do Rosário (foto "comjeitoearte", 2016).

Arco do Rosário / Terreiro do Trigo, 1968. Foto de Armando Maia Serôdio. Arquivo Municipal de Lisboa

Alfama depois da remodelação em 1960; negativo de gelatina e prata em acetato de celulose Foto de Armando Maia Serôdio. Arquivo Municipal de Lisboa

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Das judiarias de Lisboa temos conhecimento de quatro:
 1.ª A judiaria do Campo da Pedreira da qual D. Diniz desapossou os moradores em 1317-19, a fim de fazer doação do logar ao seu almirante Micer Manuel Peçanha.
 2.ª A judiaria nova, ou pequena, para onde se foram installar os judeus desalojados da judiaria do Campo da Pedreira por D. Diniz, e que durou até á expulsão dos judeus de Portugal em 1496-98. Consistia apenas n’uma rua, que na Lisboa actual seguia approximadamente o eixo da Egreja de S Julião, desde a porta principal até á fachada do Banco de Portugal, sobre a Rua Áurea (Rua do Ouro).Depois de extincta a judiaria, ao seu local passou a chamar se Villa nova d'apar da moeda, ou judiaria nova que foi .
3. ª judiaria velha, ou grande, ficava situada no valle da Baixa de Lisboa, entre a Rua da Magdalena e a Rua dos Correeiros, na actual cidade, e a Rua da Victoria e a Rua Nova de El Rei ou dos Capellistas, actualmente Rua do Comercio. A sua linha periférica está hoje perfeitamente definida, e acha-se traçada n’um mappa elaborado pelo auctor, e que faz parte da obra "As muralhas da Ribeira de Lisboa".
 Esta judiaria foi ,como as outras, extincta em 1496, e ao bairro passaram a chamar Villa Nova ou Villa Nova que foi judiaria grande.
 4.ª A judiaria d' Alfama, em Alfama, da qual resta, como único vestígio, o nome da rua onde estava situada,  Rua da Judiaria, que vae do Arco do Rosário, no Terreiro do Trigo, até ao Largo de S Rafael.
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Arqueologia e Historia, Volumes 7-8; pág. 61. Associação dos Arqueólogos Portugueses. Publicação  1829. Original de  Universidade da Califórnia




Fontes:
http://hemerotecadigital.cm-lisboa.pt/index.htm
http://arquivomunicipal.cm-lisboa.pt/pt/
https://books.google.pt/books?id=xVANAQAAIAAJ



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