segunda-feira, 21 de maio de 2012

Biografia do pintor e gravador Albrecht Dürer

Auto-retrato (Albrecht Dürer  com 29 anos), óleo sobre painel, 1500 - Antiga Pinacoteca, Munique

 Dia 21 de Maio (aqui)


Albrecht Dürer (Nuremberga, 21 de Maio de 1471 — Nuremberga, 6 de Abril de 1528) foi um pintor e gravador, geralmente considerado como o maior artista do Renascimento alemão.  A sua vasta obra inclui retábulos e obras religiosas, numerosos retratos, auto-retratos e gravuras em cobre.  As suas xilogravuras, tais como a série Apocalipse (1498), conservam um espírito mais gótico do que o resto de sua obra.

Auto-retrato (Albrecht Dürer  com 13 anos), ponta de prata sobre papel - Galeria Albertina, Viena, Áustria
Dürer era o segundo filho do ourives Albrecht Dürer, o Velho, que deixou a Hungria para se estabelecer em Nuremberga (1455) e de Barbara Holper.  Dürer começou a sua formação como desenhista na oficina de ourives do seu pai. A sua habilidade precoce é evidenciada por um notável auto-retrato feito em 1484, quando tinha apenas 13 anos. 
Em 1486, com a idade de quinze anos foi admitido na oficina do pintor e gravador Michael Wolgemut, cujo retrato Dürer iria pintar em 1516.  Depois de três anos na oficina Wolgemut, partiu para um período de viagem.  Em 1490 Dürer completou a sua primeira pintura conhecida, um retrato do seu pai, onde é visível o estilo característico de mestre convicto.  


Retrato do Pai de Dürer, óleo sobre painel, 1490 - Galeria Uffizi, Florença
Auto-retrato ((Albrecht Dürer  com 22 anos), óleo sobre linho, transferido de pergaminho, 1493 - Museu do Louvre, Paris
Viajou durante quatro anos tendo conhecido a Holanda, a Alsácia, e Basileia, na Suíça, onde perfez  a sua primeira xilogravura, São Jerónimo a Curar um Leão. Uma obra-prima no início deste período é um auto-retrato pintado em pergaminho em 1493, com a idade de vinte e dois anos. Em 1494 Dürer fez a sua primeira viagem a Itália, passando o inverno em Veneza. A viagem a Itália teve um forte efeito sobre Dürer, repercussões directas e indirectas da arte italiana são aparentes na maioria de seus desenhos e pinturas  da década seguinte. Em Veneza, Dürer contemplou gravuras de mestres da Itália central, sendo influenciado pelo florentino Antonio Pollaiuolo, com os seus estudos do corpo humano em movimento, e pelo veneziano Andrea Mantegna, um artista preocupado com temas clássicos e com a articulação linear da figura humana. Uma série de ousadas aguarelas de paisagens, foram feitas nesta jornada e estão entre as mais belas criações de Dürer.

Vista do Arco, aguarela e guache sobre papel, 1495 - Museu do Louvre, Paris
Apocalipse de São João: 15. O Anjo com a chave no Poço do Abismo, xilogravura, 1497-98 - Galeria de Arte, Alemanha
Durante esta primeira viagem a Itália, o artista iniciou as xilogravuras da série  Apocalipse de São João, editadas em Nuremberga em 1498. Estas xilogravuras exibem composições ricas, muitas vezes sobrecarregadas.

A pintura que ilustra o crescimento mais marcante de Dürer em direcção ao espírito renascentista é um auto-retrato, pintado em 1498. Dürer procurou transmitir, na representação de sua própria pessoa, o ideal aristocrático do Renascimento. Através da janela vê-se uma paisagem minúscula de montanhas com um mar distante, que é claramente uma reminiscência da pintura contemporânea veneziana e florentina. 

Auto-retrato (Albrecht Dürer  com 26 anos), óleo sobre painel, 1498 - Museu do Prado, Madrid
Lebre Jovem, aguarela e guache sobre papel, 1502 - Galeria Albertina, Viena
O estilo da pintura de Dürer vacilou entre o Renascimento gótico e italiano, até cerca de 1500, quando finalmente, definiu uma direcção. É notória essa definição nos retratos de Oswolt Krel, nos retratos de três membros da aristocrática família Tucher de Nuremberga, todos datados de 1499.  Em 1500, Dürer pintou um outro auto-retrato, que é um, lisonjeiro retrato de Cristo.
Dürer começou por volta de 1500, a aprofundar o estudo das proporções do corpo humano, o resultado é claro na gravura de Adão e Eva (1504) onde ele demonstrou o seu ideal de beleza. 

Retrato de Oswolt Krel, óleo sobre painel de cal, 1499 - Antiga Pinacoteca, Munique
Adão e Eva, gravura, 1504 - Rijksmuseum, Amesterdão
Em Adoração dos Reis Magos (1504), demonstra a mestria que entretanto adquiriu da perspectiva e do estudo das proporções do corpo humano.
No Outono de 1505, Dürer fez uma segunda viagem a Itália, onde permaneceu até o Inverno de 1507.  Mais uma vez passou grande parte do seu tempo em Veneza. Na maioria das adaptações livres de Dürer é notória a influência do pintor Giovanni Bellini, de quem Dürer se tornou amigo. Os trabalhos mais impressionantes de Dürer deste período são o retábulo Festa das grinaldas de Rosas e Jesus entre os Doutores (1506). No primeiro - para a Igreja de São Bartolomeu - destacasse a maravilhosa manipulação das cores, no segundo, a execução virtuosa demonstra domínio e muita atenção aos detalhes. Nesta pintura uma inscrição num pedaço de papel no livro em primeiro plano, pode ler-se, "Opus quinque dierum" ("o trabalho de cinco dias").  Dürer, pode ter realizado esta obra de arte meticulosa, em não mais de cinco dias.

Adoração dos Reis Magos (detalhe), óleo sobre madeira, 1504 - Galeria Uffizi, Florença
Festa das grinaldas de Rosas (detalhe), óleo sobre painel de álamo, 1506 - Galeria Nacional, Praga
Jesus entre os Doutores, óleo sobre painel, 1506 - Museu Thyssen-Bornemisza, Madrid
Em Fevereiro de 1507, Dürer voltou a Nuremberga, onde dois anos mais tarde, adquiriu uma casa (que ainda permanece e é preservada como um museu).   Entre as pinturas que pertencem ao período após o seu segundo retorno da Itália destacam-se o Martírio dos Dez Mil (1508), encomendada por Frederico, o Sábio, e Adoração da Santíssima Trindade (1511), ambas cenas de multidões. Entre 1507 e 1513 Dürer completou uma série de gravuras em cobre, a Paixão, entre 1509 e 1511 produziu a Pequena Paixão em xilogravuras.  Ambas as obras são caracterizadas pela serenidade.  Entre 1513 e 1514, Dürer criou as melhores gravuras em cobre, O Cavaleiro a Morte e o Diabo, São Jerónimo na sua Cela, e Melencolia I.

O Martírio dos Dez Mil, óleo sobre tela, 1508 - Museu de História de Arte, Viena, Áustria
São Jerónimo na sua Cela, gravura, 1514 -  Galeria de Arte, Alemanha
Pequena Paixão: 20, Pilatos lavando as mãos, xilogravura. 1511 - Museu Britânico, Londres
Em 1512, Maximiliano I nomeia Dürer como pintor da corte, o pintor trabalha para o imperador até 1519. Durante esse tempo tentou adaptar a sua imaginação criativa à mentalidade de Maximiliano, o que era estranho para ele. Em 1520 depois da morte do imperador, parte para os Países Baixos, onde é recebido por Carlos V, com grandes honras. Percorreu a Zelândia, Bruges, Gante, onde viu as obras dos mestres do século XV. Entre as obras criadas nesta fase, destaca-se Sant'Ana com a Virgem e o Menino, São Jerónimo (1521) e o pequeno retrato de Bernhard von Resten

Estudo de um homem com 93 anos, desenho a pincel em cinza e violeta sobre papel - Galeria Albertina, Viena, Áustria
São Jerónimo, óleo sobre painel, 1521 - Museu de Arte Antiga, Lisboa (a figura do santo é baseada num desenho de um homem com 93 anos, de Antuérpia)
A saúde de Dürer começou a declinar. Dedicou os seus últimos anos aos escritos teóricos e científicos e ilustrações. Uma das maiores pinturas de Dürer, os chamados Quatro Homens Santos (São João, São Pedro, São Paulo, e São Marcos), foi feita em 1526.  Este trabalho marca a sua realização final ao mais alto nível como pintor.
Dürer morreu em 1528 com 56 anos e foi sepultado no cemitério da igreja em Nuremberga. Foi um dos artistas mais influentes de seu país e criador das gravuras de cobre mais bonitas. 
Dois dos seus livros foram publicados em vida, Instrução para medições à régua e ao compasso, de 1525, e o Tratado sobre fortificações, de 1527. O livro sobre Proporção do corpo humano (Quatro livros sobre as proporções humanas) foi publicado logo após a sua morte, em 1528.

Os Quatro Homens Santos, óleo sobre painel, 1526 - Antiga Pinacoteca, Munique
Porto de Antuérpia, desenho a pena sobre papel, 1520 - Galeria Albertina, Viena
Cegonha, desenho a pena sobre papel, 1515 - Museu d'Ixelles, Bruxelas

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