domingo, 29 de janeiro de 2017

Sombrinhas antigas I Portugal

Palácio Burnay, Garden-Party no jardim, Lisboa (23-05-1907)- Fotografia. Dimensão: 9 x 12 cm. Negativo de gelatina e prata em vidro - Arquivo Fotográfico da Câmara Municipal de Lisboa. 
Na foto, uma das três senhoras usa sombrinha branca, símbolo de elegância e distinção.

O Garden-Party, festa no jardim, foi dos acontecimentos mais importantes para a alta sociedade no início do século XX. Henrique Burnay, 1º conde de Burnay (1838-1909), capitalista, empresário e político português, ofereceu um Garden-Party no seu palácio, situado na Rua da Junqueira (Palácio Burnay), em Maio de 1907. Nestes eventos os homens trajavam de forma solene. As senhoras ostentavam elegantes trajes de passeio.


Palácio Burnay, Garden-Party no jardim, Lisboa (1907)- Fotografia. Dimensão: 9 x 12 cm. Negativo de gelatina e prata em vidro - Arquivo Fotográfico da Câmara Municipal de Lisboa. Nestes eventos os homens trajavam de forma solene. As senhoras  ostentavam elegantes trajes de passeio.

A sombrinha data de tempos remotos. Usada como protecção contra o sol, surge muito antes do chapéu de chuva. Do Oriente, onde era considerada um símbolo de elegância e distinção, passou ao conhecimento dos Gregos e Romanos.

No decorrer da Idade Média, o chapéu de sol foi esquecido por um longo período de tempo, reaparecendo em Itália, durante o século XIV.



O Correio das Damas: jornal de literatura e de modas; 25 de Julho de 1838. Ed. Jacinto da Silva Mengo. Tipografia Lisbonense, 1836-1852. Lisboa.  - Biblioteca Nacional de Portugal 


O Correio das Damas 
Chapeo franzido. Saia de cambraia de Escocia. Roupão de gros de Tours. Chapeo de gros de Naples. Vestido de cambraia. Chale de gros de Argel. 
Correio das Damas: jornal de literatura e de modas; 25 de Julho de 1838. Biblioteca Nacional de Portugal



O Correio das Damas: jornal de literatura e de modas;. "Modas. Toilettes diversas"; 25 de Julho de 1838, pág. 50. Ed. Jacinto da Silva Mengo. Tipografia Lisbonense, 1836-1852. Lisboa.  - Biblioteca Nacional de Portugal.
No Correio das Damas, de 25 de Julho de 1838, página 59 (em cima, ao lado direito), pode ler-se:
Toilettes diversas.

Toilette de  passeio. - Vestido de seda de cordãosinho côr de lírio, guarnecido de tres ordens de seda preta. - Chapeo de palha d' arrôz ornado de flores. - Luvas côr de canário.
Dita. - Vestido de cassa de lã, côr de rosa. - Mantelete de setim preto, guarnecido de renda da mesma côr. - Chapeo, franzido, de seda branca. - Luvas brancas. - Chapeo de sol côr de castanha.
           (...) 
O Correio das Damas: jornal de literatura e de modas; "Modas. Toilettes diversas"; 25 de Julho de 1838, pág. 50. Biblioteca Nacional de Portugal


A partir do século VXIII, a sombrinha foi um importante acessório do traje feminino europeu. No século seguinte, conheceu diferentes formas e materiais, e tornou-se no acessório indispensável da toilette feminina aristocrática e burguesa, da sociedade portuguesa. Nestes círculos da sociedade, a influência da moda francesa era evidente. 



Sombrinha que pertenceu à Rainha D. Amélia. Renda de agulha de Bruxelas sobre gorgorão de seda azul-clara. Ornamentação floral. Cabo dobrável de tartaruga loira, incrustado de brilhantes (comp. 78,7 cm). A segurança de ligação do cabo é feita por peça metálica com a legenda: "Kermesse - Maio 1888". Cordão e duas borlas de seda azul-clara. 
Maria Laura Viana de Siqueira, "Sombrinhas", Ensaios nº 3. Museu Nacional dos Coches, Ministério da Comunicação Social. Lisboa: 1976.

Sombrinha que pertenceu à Rainha D. Amélia, com estojo forrado exteriormente de cetim cor de marfim e interiormente de cetim e veludo do mesmo tom, apresenta no tampo as armas reais da Família de Orléans e Bragança, encimadas pela coroa.
Maria Laura Viana de Siqueira, "Sombrinhas", Ensaios nº 3. Museu Nacional dos Coches, Ministério da Comunicação Social. Lisboa: 1976.


A variedade de sombrinhas existentes no século XIX, possibilitava a sua utilização nas mais variadas ocasiões. Entre os anos 30, e meados da década de 60, do mesmo século, distinguem-se as sombrinhas de cabo de dobrar, de pequenas dimensões, ideais para os passeios em carros de cavalos.



Sombrinha de renda em trabalho de bilros, de Bruxelas (séc. XIX). Ornamentação de motivos florais. Sombra de seda lilás, forrada a seda branca. Cabo dobrável, em marfim trabalhado (comp. 55 cm). Uma peça metálica decorada com folhas e flores, serve de segurança na articulação do caboMaria Laura Viana de Siqueira, "Sombrinhas", Ensaios nº 3. Museu Nacional dos Coches, Ministério da Comunicação Social. Lisboa: 1976.


Sombrinha de renda em trabalho de bilros, de Bruxelas, com cabo articulado de marfim trabalhado ligeiramente curvo na extremidade. Peça metálica trabalhada, na articulação do cabo. Transferência do Museu Nacional dos Coches para o Museu Nacional do Traje e da Moda .    MatrizNet

Sombrinha de renda "dentelle d'Irlande" em crochet finíssimo, a imitar o ponto rosa da renda de Veneza (século XIX). Sombra de seda cor de marfim, com forro em seda do mesmo tom, rematado por galão franjado. Cabo dobrável em marfim trabalhado, com peça metálica de segurança decorada e com a legenda: "Boulevard des Italiens - Cazal - Paris" (comp. 60,7 cm). Da pequena ponteira de marfim, pendem duas borlas suspensas de um cordão. Oferecido ao museu por Beatriz Cinatti Batalha Reis. Laura Viana de Siqueira, "Sombrinhas", Ensaios nº 3. Museu Nacional dos Coches, Ministério da Comunicação Social. Lisboa: 1976.


Cabo de dobrar, varetas e cobertura, são os elementos que constituem as sombrinhas deste grupo. O primeiro elemento: o cabo. Trabalhado em marfim, coral e madrepérola, distingue as sombrinhas mais elegantes; a madeira ou o marfim liso, são usados nos modelos mais simples. O metal é também utilizado desde o início do século XIX. 



 Correio das Damas: jornal de literatura e de modas; 30 de Junho de 1852. Ed. Jacinto da Silva Mengo. Tipografia Lisbonense, 1836-1852. Lisboa.  - Biblioteca Nacional de Portugal 

Correio das Damas
Chapéo de palha d'arrôz. Vestido de tafetá. Mantelete de cassa. - Chapéo de palha e clina. Saia de tafetá......... (?)
Correio das Damas: jornal de literatura e de modas; 30 de Junho de 1852. Biblioteca Nacional de Portugal

Correio das Damas: jornal de literatura e de modas;. "Modas. Toilettes diversas"; 30 de Junho de 1852, pág. 143. Ed. Jacinto da Silva Mengo. Tipografia Lisbonense, 1836-1852. Lisboa.  - Biblioteca Nacional de Portugal.

No Correio das Damas, de 30 de Junho de 1852, página 59, pode ler-se:

Modas. 
Toilettes Diversas.

Toilette de passeio. - Chapéo franzido de grôdenaple branco ornado de plumas e fitas da mesma côr. - Vestido de seda de furta-côres, guarnecido em roda da saia de quatro ordens de folhos recortados a ferro. Corpo á Amazona, aberto até á cintura. Mangas largas, e sobmangas de tulle bordada. Luvas brancas. Chapéo de sol de seda branca. Botinhas da côr do vestido.
                      (...) 
Dita. - Chapéo de palha de arrôz, ornado de flores. Vestido côr de óca queimada, de tafetá de Itália, guarnecido em roda da saia, de tres ordens de folhos, ornados de um festão de flores, estampados na mesma seda. Corpoliso e afogado aberto até ao meio do peito. Mangas largas e sobmangas de tulle bordada. Camizeta de cambraia bordada. Mantelete de cassa bordado e guarnecido de uma larga renda. Luvas côr de cana. Chapéo de sol de seda branca. Botinhas pretas.
                     (...) 
Correio das Damas: jornal de literatura e de modas; "Modas. Toilettes diversas". 30 de Junho de 1852, pág. 143. Biblioteca Nacional de Portugal

O segundo elemento a considerar na constituição da sombrinha: as varetas. O material utilizado na sua fabricação é diferençado: as barbas de baleia ou aço destinam-se às sombrinhas de melhor qualidade; nas de qualidade inferior, as varetas são de cana.  

Uma Vista do Passeio Público; óleo sobre tela (97 cm x 130,5 cm); 1856; Romantismo. Autor: Leonel Marques Pereira. - Palácio Nacional da Pena MatrizNet.
(...)
“Nesse grupo, destaca-se ao centro a figura do rei D. Fernando II, alto, esguiu e elegante, trajando fraque castanho, calças brancas e chapéu alto. Junto à personagem central e trajando uniforme militar, o seu ajudante de campo, o conde de Campanhã, sendo as outras duas figuras masculinas que compõem este núcleo central, Almeida Garrett e o Marquês de Ávila e Bolama. (...) As damas surgem representadas com um conjunto de coloridos trajes e amplas saias que fazem adivinhar por baixo os saiotes e as crinolinas em oposição aos corpetes justos e decotados. As capas, os chapéus e as sombrinhas constituem o natural complemento de toilette”.

Sombrinha de seda de cor bege, rematada por folho em renda de bilros (séc. XIX). Forro acetinado em cor-de-rosa forte. Cabo dobrável, em marfim trabalhado (comp. 61 cm). A segurança de ligação do cabo é de latão cinzelado, com motivos ornamentais. O seu formato lembra de certo modo, a forma dos pagodes chinesesOferecido ao museu por Beatriz Cinatti Batalha Reis. Maria Laura Viana de Siqueira, "Sombrinhas", Ensaios nº 3. Museu Nacional dos Coches, Ministério da Comunicação Social. Lisboa: 1976.

Praia de Banhos, Póvoa de Varzim; óleo sobre tela; 1884. Autor: João Marques de Oliveira.  Museu do Chiado - Museu Nacional de Arte Contemporânea. MatrizNet
"No 
areal da praia nortenha, à direita, um grupo de senhoras: uma de pé e outras duas sentadas em cadeiras de madeira, com vestidos em rosa, cinzento e violeta, usando chapéus e sombrinhas abertas que as protegem do sol". 


Renda para sombrinha (século XIX). Renda "blonde" espanhol, de cor preta. Composição floral disposta em sentido radiadoOferecido ao museu por Beatriz Cinatti Batalha Reis. Laura Viana de Siqueira, "Sombrinhas", Ensaios nº 3. Museu Nacional dos Coches, Ministério da Comunicação Social. Lisboa: 1976.

Na praia, 1907; fotografia (9 x 12); negativo de gelatina e prata sobre vidro; fotógrafo: Benoliel, Joshua.1873-1932. Arquivo Fotográfico da Câmara Municipal de Lisboa. 
Seróes: revista mensal ilustrada, nº 4, Julho de 1901, pág. 255 - CML Hemeroteca Digital


O último e muito importante elemento da sombrinha: a cobertura. O tecido de seda, liso ou lavrado, em todos as cores e variedade de tons,  é amplamente utilizado. A sombrinha de seda lisa, revestida de renda preta ou branca, é símbolo de elegância e distinção. Particulariza-se a cobertura rematada com aplicação de larga franja; realizada em seda escocesa; e a guarnecida de penas. Muitas delas eram forradas de seda branca. Quanto ao formato da cobertura destacaram-se dois tipos: um em forma de cúpula e o outro em forma de pagode, por influência dos objectos exóticos oriundos do Extremo Oriente.


Praia de Cascais, (1906); aguarela sobre papel; 24 x 16,5 cm. Autor: D. Carlos de Bragança. (1863-1908). Composição representando senhora de costas, na praia.  Veste saia comprida e chapéu; sobre o ombro segura uma sombrinha fechada. Casa Museu Dr. Anastácio Gonçalves. MatrizNet

Sombrinha de tule e tecido bordado; 1900. Material: fio de seda branco; seda creme; bambu, metal pobre dourado; metal pobre prateado.Técnica:tule mecânico branco; tecido bordado; tafetá; mousseline; metal relevado. Altura: 98 cm; diâmetro: 86,5 cm. "Sombrinha de tule mecânico branco com bordado a fio de seda da mesma cor, formando decoração floral, vegetalista e geométrica. Sombra de tafetá de seda creme. Folhos do mesmo tule bordado e de mousseline de seda. Cabo de madeira de bambu, arqueado na parte superior, com aplicação de cabeça de cisne de metal pobre dourado com decoração incisa e relevada. Armação e varetas de metal pobre prateado". Doação - José Manuel Mendes Martins. Museu Nacional do Traje e da Moda. MatrizNet

Retrato de Maria Cristina Bordalo Pinheiro; óleo sobre tela; 1912. Autor: Bordalo Pinheiro, Columbano. "Retrato de uma sobrinha do pintor, jovem mulher sentada a corpo inteiro, trajando elegantemente à moda dos anos 10. Tem o corpo virado para a direita mas olha na direcção contrária, usando um longo vestido branco, chapéu com faixa preta e segura na mão direita uma sombrinha vermelha e branca. Numa mesa a seu lado, vêem-se um samovar de cobre, brilhando, uma chávena e um bule prateado, sobre um fundo castanho nebuloso" . Doação - Emília Bordalo Pinheiro, viúva do artista. Museu do Chiado - Museu Nacional de Arte Contemporânea. MatrizNet


Capa da revista Ilustração Portuguesa, nº 25, de 13 de Agosto de 1906, 2ª série. Hemeroteca Digital



Seróes: revista mensal ilustrada, nº 72, Junho de 1911, pág. 477 - CML Hemeroteca Digital

Chronica da Moda
(...)
Um complemento gracioso, alem de indispensavel para uma toilette de verão, é sem duvida uma bonita sombrinha. Algumas são um verdadeiro mimo de bom gosto, em linho branco, com bordado inglez, reunindo á beleza o serem tambem muito praticas o que não succede com as de seda, que a não serem muito boas, são de pouca duração. Nos cabos, uns grandes laços de velludo preto tem novidade. Para mais toilette, as de renda sobre seda, são tambem de bom gosto. 
(...) 
Seróes: revista mensal ilustrada, nº 72, Junho de 1911, pág. 478 - CML Hemeroteca Digital

Sombrinha de seda branca bordada; 1918-1920. Material: seda branca; vidrilhos; missangas e madeira. Comprimento: 64 cm. "Sombrinha com pano em tafetá de seda branca bordada com missangas e vidrilhos da mesma cor, formando motivos florais. Forro em tafetá de seda branca. Cabo e ponteira torneada de madeira clara. Varetas de metal pobre dourado". Doação - Elina de Moraes Sarmento de Moura Mattosa. Museu Nacional do Traje e da Moda. MatrizNet


Dama nobre do Japão com sombrinha de papel (em cima, lado direito). "Ilustração Portuguesa", nº 25, 13 de Agosto de 1906; 2ª série. - CML, Hemeroteca Digital


O gosto pelos artigos exóticos oriundos do Extremo Oriente, cresceu na Europa a partir da segunda metade do século XIX, levando à importação de sombrinhas, entre outros objectos nipónicos. Esta preferência manteve-se durante as duas primeiras décadas do século XX.


Sombrinha; papel pintado, fibra vegetal e fio de algodão. Origem: China. Início do século XX. Comp. 71 cm; diâm. 68,5 cm. Museu Nacional do Traje e da Moda. Doação - Maria Fernanda Rosado. - MatrizNet 

Sombrinha Chinesa; século XX. Material: Papel pintado; bambú. Diâmetro: 51,5 cm; comprimento: 70,6 cm. "Sombrinha Chinesa em pano de papel pintado de azul, imitando a técnica de batik. Varetas de madeira pintadas de preto no exterior e de cor natural pelo interior. Ponteira de madeira forrada de papel de lustre preto. Cabo de bambú de cor natural com manchas castanhas". Doação - Germana Martins da Ponte Rodrigues. - Museu Nacional do Traje e da Moda. MatrizNet

Sombrinha (Wagasa) de produção artesanal (1868-1926). Origem: Japão. Materiais: papel "washi" de fabrico tradicional japonês colorido por técnica de gravura (?); uma vara de bambu; setenta e duas varetas de bambu; madeira não identificada pintada. Museu dos Biscainhos. Doação de António Cerqueira Queiroz, "Casa da Ponte", de Arcos de Valdevez. MatrizNet

A sombrinha "wagasa" de produção artesanal japonesa, implicava um processo de fabrico bastante difícil, o que exigia cerca de uma dezena de artífices a trabalhar na execução de cada peça, durante vários meses. Nos artefactos destinados ao abrigo da chuva, era indispensável a impermeabilização do papel através da aplicação de lacas, entre outros produtos. Na Ásia, o papel e a seda foram usados abundantemente na confecção de sombrinhas e guarda-sóis. Um exemplar japonês pertenceu a uma dama portuguesa de Arcos de Valdevez (imagem em cima).



Desenho (Sem título); Guache; Aguarela; Grafite e Tinta da china; sobre papel. Data: 1922. Dimensão 25 x 18 cm. Autor: Bernardo Marques.  Museu Calouste Gulbenkian 

Sombrinha de cetim de seda preta; Art Déco (1920-1930). Diâmetro: 61 cm; comprimento: 55 cm. "Sombrinha com pano cortado aos gomos de cetim de seda preta e cetim de seda branca, guarnecido com largo folho franzido e pespontado de cetim de seda branca. Cabo em forma de "L", de secção quadrangular, em galatite branca, terminando em galatite branca e amarela nas extremidades. Ponteira de madeira pintada de preto. Varetas de metal pobre pintado de preto com terminações esféricas de galatite preta". Doação - Maria Elisa Metelo. Museu Nacional do Traje e da Moda. MatrizNet

Figurino para Elisa Doolitte do musical peça "My Fair Lady" ; guache sobre papel (2002). Autor: Victor Pavão dos Santos. "Figurino para Elisa Doolittle (5) (Anabela) do musical "My Fair Lady", uma produção de Filipe La Féria no Teatro Politeama em 2002. Figurino feminino com vestido comprido branco com pintas pretas. A parte de cima do vestido é constituído por uma grande gola que também fazem de mangas, muito cintado abrindo depois da cintura. Saia justa, comprida e com ligeira cauda. Na cintura duas roas vermelhas. Usa um manguito branco com pintas pretas e decorado com rosas. Segura uma sombrinha branca e preta. Na cabeça um enorme chapéu também decorado com rosas. No canto superior direito está indicado que se trata do traje para ser usado em Ascot."  Doação - Victor Pavão dos Santos - Museu Nacional do Teatro. MatrizNet. 

Após as duas  primeiras décadas do século XX, a prática do  desporto e a moda da pele bronzeada, fazem da sombrinha (guarda-sol) um acessório votado ao esquecimento.


Revista Ilustração, nº 53, 1 de Março de 1928; pág.: 33. Em baixo, à direita - sombrinha em musselina de dois tons, estampada e trabalhada. Criação Vedrenne. CMLHemeroteca Digital

Revista Ilustração, nº 60, 16 de Junho de 1928; pág.: 33. "Hipismo e elegâncias - Na nossa página arquivamos os mais belos documentos das últimas provas hípicas internacionais, não só sob o ponto de vista puramente desportivo, mas também sob o ponto de vista de elegância pois que o Concurso Hípico foi uma verdadeira parada de luxo e bom gôsto, distinguindo-se, na aristocrática exibição, os modelos de "toilettes" da célebre criadora de modas Mme Valle, com chapéus de TáTá, e que reproduzimos na nossa página à direita." CML, Hemeroteca Digital

Sombrinha de tecido estampado; 1920. Material: Algodão creme; madeira; metal; tecido estampado. Diâmetro: 72 cm. "Sombrinha com pano em tafetá de algodão creme estampado com decoração floral em tons policromos. Cabo de madeira com pega cilíndrica de madeira com decoração floral e geométrica incisa e pintada de verde e vermelho. Ponteira de madeira. Varetas de metal pobre pintado de preto com terminações em plástico (baquelite?) vermelho" . Doação - Maria Luisa Seabra Dinis. Museu Nacionaldo Traje e da oda. MatrizNet

Sombrinha de tecido estampado; 1920. Cabo de madeira com pega cilíndrica de madeira com decoração floral e geométrica incisa e pintada de verde e vermelho.Museu Nacional do Traje e da Moda. MatrizNet


Na literatura portuguesa, mais concretamente na obra Os Maias, de Eça de Queiroz (1845-1900),  os objectos intervêm na acção, assumindo importância e destaque. 

No excerto do livro (em baixo), tem protagonismo um objecto: a sombrinha escarlate... 



(...)
Daí a dias, Afonso da Mais viu enfim Maria Monforte. (...) Maria, abrigada sob uma sombrinha escarlate, trazia um vestido cor-de-rosa cuja roda, toda em folhos, quase cobria os joelhos de Pedro sentado ao seu lado: as fitas do seu chapéu, apertadas num grande laço que lhe enchia o peito, eram também cor-de-rosa: e a sua face, grave e pura como um mármore grego, aparecia realmente adorável, iluminada pelos olhos dum azul sombrio, entre aqueles tons rosados. (...) Iam calados, não viram o mirante; e, no caminho verde e fresco, a caleche passou com balanços lentos, sob os ramos que roçavam a sombrinha de Maria. O Sequeira ficara com a chávena de café junto aos lábios, de olho esgazeado,  murmurando:  
- Caramba! É bonita! 
Afonso não respondeu: olhava cabisbaixo, aquela sombrinha escarlate, que agora se inclinava sobre Pedro, quase o escondia, parecia envolvê-lo todo - como uma larga mancha de sangue alastrando a caleche sob o verde triste das ramas.
 QUEIROZ, Eça - Obras de Eça de Queiroz - Os Maias. Edição Livros do Brasil, Lisboa ( págs. 29 e 30)

No excerto do livro A Ilustre Casa de Ramires, do mesmo autor, Eça de Queiroz, a sombrinha é "apresentada" como um objecto com graça...

(...)
- É que não tardam  os anos da mana Graça! De todo esqueci, esqueço sempre! E sem ter um presentinho engraçado... Que seca, hem?
(...) Pois corria a Vila-Clara pedir ao sr. Manuel Duarte que lhe comprasse em Lisboa um bonito guarda-solinho de seda branca com rendas...
 QUEIROZ, Eça - Obras de Eça de Queiroz - A Ilustre Casa de Ramires. Livros do Brasil, 2015 ( pág. 61)


Fontes:
SIQUEIRA, Laura Viana -  "Sombrinhas": Ensaios nº 3. Museu Nacional dos Coches . Lisboa: Ministério da Comunicação Social. 1976.
VIEIRA, Joaquim - Portugal século XX : crónica em imagens . 1ª ed. [Lisboa] : Círculo de Leitores, imp. 1999.

QUEIROZ, Eça - Obras de Eça de Queiroz - Os Maias. Edição Livros do Brasil, Lisboa

http://hemerotecadigital.cm-lisboa.pt/index.htm

http://www.matriznet.dgpc.pt/MatrizNet/Home.aspx

http://arquivomunicipal.cm-lisboa.pt/pt/

https://gulbenkian.pt/museu/

http://www.bnportugal.pt/

domingo, 22 de janeiro de 2017

Rua da Judiaria I Alfama, Lisboa

(...)
3.º - A Judiaria de Alfama, ou a Judiaria Pequena da Torre de S. Pedro. Nesse bairro, que, como se sabe, não foi atingido pelo terramoto, ainda existe a respectiva Rua da Judiaria. Sabe-se também que essa Judiaria possuía uma sinagoga, que fora construída em 1373/74, como consta de uma sentença de D. Fernando que diz: « no anno da era myl quatrocentos onze a doze annos (=1373 a 1374) os judeus da dita cidade (Lisboa) fizeram sinagoga nova sem nosso mandado na Alfama...», pelo que foram condenados a pagarem a multa de 50 libras de ouro, «... e a livra ha de ser lxxij dinheiros douro», muita de que, aliás, o rei os absolveu, sob certas condições (4).
A Judiaria da Alfama, ou pelo menos a sua esnoga, foi fundada após a trágica investida das Judiarias pelas hostes de D. Henrique II de Castela, no seu ataque a Lisboa em 1371, o que explica a urgência que teve a comunidade judaica em fundar uma nova Judiaria e uma nova sinagoga, sem esperar a obtenção da prévia licença régia. Foi essa, provávelmente, a razão pela qual a comunidade israelita ficou absolvida do pagamento da multa de 50 libras em ouro que lhe foi imposta por ter construído nova sinagoga sem licença régia, sob a condição, porém, de que não «uzassem dela para sinagoga nem fazerem nella oras...», para não estorvarem «as oras da igreja de sam pedro», que se encontrava na proximidade da sinagoga.
(...)
Leia mais aqui, na Revista Municipal N.º 56; págs. 64 a 70. Câmara Municipal de Lisboa, 1953.

Revista Municipal Nº 56 - Hemeroteca digital



Pátio da Rua da Judiaria / Arco do Rosário - Fonte dos Poetas. Na foto, ao lado direito, vê-se um painel de azulejos (foto "comjeitoearte", 2016)




 Fonte dos Poetas, peixes-dragões (foto "comjeitoearte", 2016).

 Fonte dos Poetas "Esta fonte foi restaurada e é de todos. Por favor estime-a e não a danifique", (foto "comjeitoearte", 2016).


Painel de azulejos, na Rua da Judiaria / Arco do Rosário (foto "comjeitoearte", 2016).

Arco do Rosário / Terreiro do Trigo, 1968. Foto de Armando Maia Serôdio. Arquivo Municipal de Lisboa

Alfama depois da remodelação em 1960; negativo de gelatina e prata em acetato de celulose Foto de Armando Maia Serôdio. Arquivo Municipal de Lisboa

(...) 
Das judiarias de Lisboa temos conhecimento de quatro:
 1.ª A judiaria do Campo da Pedreira da qual D. Diniz desapossou os moradores em 1317-19, a fim de fazer doação do logar ao seu almirante Micer Manuel Peçanha.
 2.ª A judiaria nova, ou pequena, para onde se foram installar os judeus desalojados da judiaria do Campo da Pedreira por D. Diniz, e que durou até á expulsão dos judeus de Portugal em 1496-98. Consistia apenas n’uma rua, que na Lisboa actual seguia approximadamente o eixo da Egreja de S Julião, desde a porta principal até á fachada do Banco de Portugal, sobre a Rua Áurea (Rua do Ouro).Depois de extincta a judiaria, ao seu local passou a chamar se Villa nova d'apar da moeda, ou judiaria nova que foi .
3. ª judiaria velha, ou grande, ficava situada no valle da Baixa de Lisboa, entre a Rua da Magdalena e a Rua dos Correeiros, na actual cidade, e a Rua da Victoria e a Rua Nova de El Rei ou dos Capellistas, actualmente Rua do Comercio. A sua linha periférica está hoje perfeitamente definida, e acha-se traçada n’um mappa elaborado pelo auctor, e que faz parte da obra "As muralhas da Ribeira de Lisboa".
 Esta judiaria foi ,como as outras, extincta em 1496, e ao bairro passaram a chamar Villa Nova ou Villa Nova que foi judiaria grande.
 4.ª A judiaria d' Alfama, em Alfama, da qual resta, como único vestígio, o nome da rua onde estava situada,  Rua da Judiaria, que vae do Arco do Rosário, no Terreiro do Trigo, até ao Largo de S Rafael.
(...) 

Arqueologia e Historia, Volumes 7-8; pág. 61. Associação dos Arqueólogos Portugueses. Publicação  1829. Original de  Universidade da Califórnia




Fontes:
http://hemerotecadigital.cm-lisboa.pt/index.htm
http://arquivomunicipal.cm-lisboa.pt/pt/
https://books.google.pt/books?id=xVANAQAAIAAJ



sábado, 14 de janeiro de 2017

O leque em Portugal



Leque em marfim relevado, com medalhão pintado, e recortada no  marfim a legenda " Viva o Príncipe Regente de Portugal". Data: 1799. Materiais: marfim; seda; metal e madrepérola. 
Transferência do Museu Nacional dos Coches para o Museu Nacional do Traje e da Moda. (MatrizNet)



Leque comemorativo. Trabalho chinês, "brisé", em marfim arrendado, com aplicação de fita de seda branca. No centro, pintado, medalhão com o retrato de D. João VI e recortada no  marfim a legenda " Viva o Príncipe Regente de Portugal". Altura: 20cm. 
Cagigal e Silva, M. Madalena (1976) "Leques", Ensaios nº 1.Museu Nacional dos Coches.  Ministério da Comunicação Social: Lisboa 


Leque é um objecto constituído por um conjunto de varetas, sobre as quais é aplicada uma folha pregueada, na parte superior. O "colo", em geral ornamentado, é formado pela parte inferior das varetas, reunidas por um eixo, que possibilita a mobilidade. 

O leque quando fechado é protegido pelas duas varetas das extremidades laterais, frequentemente ornamentadas, designadas por "guardas".



Leque com folha dupla em pergaminho pintado em tons policromos, dourado e prateado. Representação de uma cena galante, inserida numa reserva ladeada por motivos decorativos. Colo e varetas de marfim e madrepérola, com decoração vazada e gravada. Século XVIII. Largura: 27,8 cm. - Palácio Nacional da Ajuda (MatrizNet).




Colo e varetas de marfim e madrepérola, com decoração vazada e gravada

(...) 
Leque. Abano. Está agora averiguado que a etimologia do vocábulo é o nome geográfico – Lieu Khieu em chinês, Léquios ou Ilhas Léquias dos nossos cronistas – de um arquipélago situado ao sul do Japão. Dizia-se a princípio «abano léquio», mas depois ficou substantivado o adjectivo, como tantos outros análogos.(...)1551. - "Por retorno do presente lhe mandou (o Rei de Bungo) armas ricas, e dous treçados douro, e cem abanos Lequios". – Fernão Pinto, Peregrinação, cap. 225. 
(...)
Glossário luso-asiático, Parte 1 (pág. 522).
Sebastião Rodolfo Dalgado Buske Verlag, 1982 
Helmut Buske Verlag Hamburg



Leque "squelette" de folha dupla de seda pintada e com aplicações policromadas de lantejoulas e vidrilhos. Varetas de marfim recortado, gravado e pintado. Representa uma cena galante de exterior dentro de cartela ondulada com motivos geométricos. As varetas são ornamentadas com motivos geométricos e flores. Comp. 27 cm. Século XVIII.  Cagigal e Silva, M. Madalena (1976) "Leques", Ensaios nº 1.Museu Nacional dos Coches.  Ministério da Comunicação Social: Lisboa 



Leque de folha dupla em papel pintado. Varetas de madeira recortada com pintura dourada e policromia. A folha apresenta motivos historiados em vários medalhões e ornatos figurados. As varetas são ornamentadas por motivos fotomórficos. Comp. 27,4 cm. Século XVIII. Cagigal e Silva, M. Madalena (1976) "Leques", Ensaios nº 1.Museu Nacional dos Coches.  Ministério da Comunicação Social: Lisboa 



Leque constituído por duas folhas estreitas de papel pintado em ambas as faces, com colo largo e varetas de madrepérola, arrendadas, pintadas a ouro e policromadas. As folhas são decoradas por cenas campestres e galantes, onde se notam senhoras vestidas "à la polonaise", e aves empoleiradas em ramos. O colo é ornamentado por aves e ramos de flores inscritos em cartelas com motivos vegetais. Comp. 29 cm. Século XVIII. Cagigal e Silva, M. Madalena (1976) "Leques", Ensaios nº 1.Museu Nacional dos Coches.  Ministério da Comunicação Social: Lisboa 


O leque pregueado ou de varetas, é utilizado na Europa a partir do século XVI, tendo sido o seu uso introduzido pelos portugueses, devido ao seu contacto com a China e Japão, durante a época dos Descobrimentos.

(...)
Do Japão vieram-nos no século XVI o leque, chamado origináriamente abano-léque (léquio). Lequio é adjectivo topográfico, relativo às Ilhas Líuquias, ao sul do Japão, berço dêsse produto industrial. Assim o registou Fernão Mendes Pinto, o das Peregrinações, injustamente difamado pela fórmula humorística Fernão Mentes? Minto! mas hoje plenamente reabilitado pelas indagações de viajantes modernos. Vid. Gonçalves Viana, Apostilas s. o leque
(...)
Lições de filologia portuguesa, Volume 1 (pág. 317) 
Carolina Michaëlis de Vasconcellos (1851-1925) 
Edição da Revista de Portugal, 1911 – Lisboa 

A França toma a dianteira, na moda do leque na Europa Ocidental durante o século XVIII. Obra de arte de extremo requinte, o leque é acompanhado de materiais preciosos (marfim, sândalo, madrepérola, tartaruga, prata...), empregados nas varetas, e de materiais requintados (seda, cetim, plumas, penas...) aplicados na sua folha.



Leque fabricado na China (1850-1860). Varetas, colo e guardas em madeira lacada e pintada de dourado. Folha em papel pintado com representação de chineses com trajes de seda. Caixa de madeira pintada e lacada. Altura 28 cm; largura: 52 cm. - Museu Nacional do Traje e da Moda (MatrizNet)



Leque chinês. Folha dupla de papel pintado em ambas as faces, com aplicações de marfim e tecido, e varetas de charão. Representação de cenas da corte e drama de teatro. Comp. 29,2 cm. Século XIX; Macau. Oferecido ao Museu por Beatriz Cinatti Batalha Reis. Cagigal e Silva, M. Madalena (1976) "Leques", Ensaios nº 1.Museu Nacional dos Coches.  Ministério da Comunicação Social: Lisboa 




Leque chinês de folha dobrável "Zhe shan", da tipologia Mandarim ou Mil Faces, em Portugal conhecido como "Leque de Cabecinhas". Ângulo de abertura de cerca de 240º. Folha dupla em papel de arroz pintado a guache, bordejada na parte superior por filete de papel dourado. Duas guardas e catorze varetas em madeira lacada a negro com pintura em dourado. Representação de cenas da vida social, com quarenta figuras masculinas e femininas, organizadas em grupos, sentadas ou de pé, em ambiente de ar livre. Algumas figuras seguram leques e ventarolas. Fabricado na China/Cantão. Data: 1821-1850. Dinastia Qing. Reinado Daoguang. Doação de Maria Delfina Gomes S. M. de Sousa Cardoso - Museu dos Biscainhos (MatrizNet)


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       19 de Novembro (segunda feira). 
Modas francezas. -  Refere Mylord Bolingbroke que no tempo do famoso Colbert custavão á Inglaterra as maravalhas do luxo francez 5OO a 600,000 libras esterlinas por anno (o que anda por 2700 contos de réis), e o mesmo proporcionalmente ás outras nações. De então para cá tem consideravelmente augmentado a exportação de todos os objectos de luxo das fabricas francezas. Só Paris exporta por anno 75,000 colletes de barbas, que rendem um milhão de francos, toucas e chapéus de senhora por mais de 5 milhões, flores artificiaes por uns dous milhões, e leques por um milhão.
          (...) 
           Almanach de lembranc̜as Luso-Brazileiro para o anno            de 1855 (pág. 372).
         Imprensa de Lucas Evangelista, Lisboa, 1854.
       
Leque, Rainha D. Amélia de Portugal. Guardas, varetas e colo de tartaruga. Folha de tecido pintado à mão, com reservas em cartelas pintadas em tons policromos sobre fundo branco, representando cenas campestres. Altura: 29 cm; largura: 55 cm. Século XIX. Assinado: Lluvelleux. - Transferência do Museu Nacional dos Coches para o Museu Nacional do Traje e da Moda. (MatrizNet).



No reverso do leque, sobre fundo branco, monograma pintado a azul encimado por coroa real pintada a dourado.



Leque oferecido à Rainha D. Amélia de Portugal (comemorativo da presença dos monarcas numa tourada real em Madrid, 16 de Novembro de 1892). Leque em marfim, papel pintado a tempera, metal branco e pedras preciosas. No anverso, tem pintados os retratos dos toureiros espanhóis Lagartijo, Mazzantini e Guerrita, em molduras circulares, entre atributos tauromáquicos. A primeira guarda, em marfim, tem encastradas pedras preciosas, representando a coroa real. Altura:36 cm; largura: 67 cm. Autor: Bach M. - Museu Nacional dos Coches (MatrizNet).

XVIII       Dezembro    1847.
                     (...)
   9 - Portaria declarando os direitos que devem pagar os leques importados das nossas Colonias .........................Pag. 518

     (...)                    
  Tendo sido presente a Sua Magestade a Rainha, a Consulta a que procedeu a Commissão permanente das Pautas, em 15 de Setembro proximo preterito, sobre o Requerimento de Jeronymo Elias dos Santos, que pede lhe seja admittida a despacho na Alfandega Grande de Lisboa, uma partida de leques que mandou vir de Macáu, pagando sómente o direito de cinco mil réis por arroba, que a Pauta Geral estabelece para os leques com varetas de páo, e não o de novecentos réis em arratel, que lhe exigem, e é o direito marcado para os que vem de Paiz estrangeiro; e Conformando-Se a Mesma Augusta Senhora com o parecer emittido na dita Consulta, c com a resposta do Conselheiro Procurador Geral da Fazenda, que foi ouvido sobre a materia; Houve por bem declarar, em virtude da authorização concedida ao Governo pelo artigo 22º dos preliminares da Pauta, que assim como os leques com varetas de páo eram omissos na dita Pauta, antes da Portaria de 7 de Julho de 1843, publicada no Diario do Governo Nº 162 de 13 do referido mez, pela qual ficaram obrigados ao direito geral de novecentos réis em arratel, tambem é omissa a necessaria declaração relativamente aos mesmos leques das nossas Possessões, os quaes deverão por tanto pagar por entrada o direito de trezentos réis em cada um arratel; sendo esta declaração opportuna e convenientemente inserta na Pauta. O que, pela Secretaria d Estado dos Negocios da Fazenda, se communica ao Director da Alfandega de Lisboa para sua intelligencia, e effeitos necessarios.
   
Paço das Necessidades, em 9 de Dezembro de 1847. - Marino Miguel Franzini. - Para o Director da Alfandega Grande de Lisboa. ( 1) No Diario do Governo de 18 de Dezembro Nº
299.
__________________________
(1) Idênticas se expediram na mesma data a todos os Chefes das Alfandegas marítimas do Continente do Reino e Ilhas Adjacentes; dando -se conhecimento desta resolução ao Tribunal do Thesouro Publico, e á Commissão permanente das Pautas.
  
 Colecção oficial de legislação portuguesa 
Imprensa nacional, 1846

N. B. O texto acima é da época do reinado de D. Maria II, de Portugal (1819-1853), que reinou por dois períodos diferentes, primeiro entre 1826 e 1828, e depois de 1834 até à sua morte.  



Leque, Rainha D. Maria Pia de Portugal. Leque com folha formada por 18 penas de avestruz. Colo estreito com varetas e guardas de tartaruga loira. Na parte superior da guarda da frente o monograma coroado "M P" (Maria Pia), em ouro cravejado de brilhantes e rubis. Eixo com argola de ouro cravejada de diamantes. Comp. 45 cm. Data: 1862-1910. Caixa com marca do fornecedor: Joillerie, Marroquinerie BOUDET; França. Paris, 43 Boulevard des Capucines - Palácio Nacional da Ajuda (MatrizNet)


Monograma coroado "M P", em ouro cravejado de brilhantes e rubis. 

Caixa com marca do fornecedor


(30 de Setembro) 1851.        Pag. 361
   Direcção Geral das Alfandegas e Contribuições indirectas.

       Tendo sido presente a Sua Magestade a RAINHA o processo que teve logar ácêrca do despacho proposto na Alfandega Grande de Lisboa por Dubena, de uma caixa com a marca BD n.º 1, contendo setenta e nove leques, que os respectivos Verificadores classificaram como omissos na Pauta; e Conformando-Se a Mesma Augusta Senhora com o parecer do Director Geral das Alfandegas e Contribuições indirectas, emittido de accôrdo com o da Commissão permanente das Pautas, dado em Consulta de 14 de Maio ultimo: Ha por bem Ordenar, usando da authorisação que foi conferida ao Governo pelo artigo 22.º dos preliminares a Pauta Geral das Alfandegas, que os leques de que se trata, paguem os direitos, por entrada, na razão de novecentos réis em arratel, e por sahida, cinco réis, que foram estabelecidos pela Portaria de 7 de Julho de 1843 para os leques com varetas de páo, e pannos de papel pintado de todas as qualidades, com os quaes têem maior analogia, sendo aquelles opportunamente insertos na classe 25.º da Pauta, similhantemente ao que para estes fôra determinado pela citada Portaria de 7 de Julho. O que se participa ao Conselheiro Director da referida Alfandega para sua intelligencia e devida execução. 
    Paço, em 30 de Setembro de 1851. - Antonio Maria de Fontes Pereira de Mello. - Para o Conselheiro Director da Alfandega Grande de Lisboa. (1) No Diario do Governo de 3 de Outubro, N.º No 233.(...)
         ______________________________________________________________
  (1)  Na mesma data se fez a conveniente participação á Commissão permanente das Pautas
Colecção oficial de legislação portuguesa 
Imprensa nacional, 1852

N. B. O texto acima é da época do reinado de D. Maria II de Portugal (1819-1853), que reinou por dois períodos diferentes, primeiro entre 1826 e 1828, e depois de 1834 até à sua morte. 




Leque D. Maria Pia e D. Carlos de Bragança de Portugal. Folha dupla de seda pintada e armação em marfim, formada por colo e 14 varetas. O colo tem gravadas ao centro as armas da aliança Portugal e  Sabóia. Um dos lados da folha tem uma pintura com representação de aves, a assinatura da Rainha D. Maria Pia, encimada por coroa real. Do outro lado, uma pintura com navio e a assinatura "Carlos 1881".Eixo com argola de ouro e diamantes. Altura:27,5 cm; largura: 50 cm.  - Palácio Nacional da Ajuda (MatrizNet).


O colo tem gravadas ao centro as armas da aliança Portugal e  Sabóia. 



Leque comemorativo (1886). Guarda, colo e varetas de osso. Folha com cetim de seda creme estampado, representando o Principe D. Carlos e a Princesa Amélia e respectivas armas reais. Inscrição: Festa da Industria Portuguesa por ocasião do do Feliz Consórcio de Suas Altezas Reais. Altura:27 cm; largura:52,2 cm. - Museu Nacional do Traje e da Moda (MatrizNet)


                     (...)
       MARÇO - 23

Leques. -  Segundo se crê foi sob o céu poético da Grécia que o leque teve a sua origem, e os ramos de myrtho e de acassia, e as folhas elegantemente recortadas do platano oriental forão os leques primitivos. Com os pavões, que começaram a ser conhecidos na Grécia no quinto século antes de Jesu Christo, vierão os leques pennas de pavão, e esta moda foi anciosamente buscada damas gregas   Mais tarde ainda as pennas do pavão forão as preferidas para esta especie de adorno, porque nas collecções de vestidos modas dos differentes povos do mundo durante a idade média, vêem se os leques de pennas de pavão usados pelos lombardos.  Á rainha Izabel, de Inglaterra, offereceram pelo Anno Bom um leque guarnecido de diamantes. Balzac, diz que no seu tempo (1650) havia leques na Italia que cançavão os braços quatro escudeiros. ( A. 54, p. 288)(...) 

Almanach de lembranc̜as Luso-Brazileiro para o anno de 1863 (pág. 138)Sociedade Typographica Franco-Portugueza, Lisboa, 1862. 

Leque "brisé", constituído por onze varetas e duas guardas em madeira. As varetas são em madeira escurecida, gravada e dourada, com decoração de motivos florais, vegetalistas e geométricos. O conjunto é reunido na parte superior por fitilho de seda. Pelas dimensões reduzidas e a decoração deste leque, pode integrar-se no estilo Império. Em Portugal estes diminutos leques designavam-se de "Marotinhos". Altura:17,7cm; largura:25 cm. Data: 1804-1815. Executado na Europa. Doado ao museu por Maria Delfina Gomes S. M. de Sousa Cardoso - Museu dos Biscainhos (MatrizNet



Leque de luto, com folha de seda preta transparenta, decorada com lantejoulas. Varetas e guardas em madeira com decoração floral gravada. Largura: 24 cm. Século XIX - XX. Este leque estava no quarto de dormir da rainha D. Maria Pia de Portugal, de acordo com o Arrolamento do Paço da Ajuda, em 1911. - Palácio da Ajuda (MatrizNet).



Leque de folha dobrável em formato "grand-vol", constituído por armação com quinze varetas e duas guardas lisas, em madeira preta. A folha é confeccionada em tecido estampado em policromia, sobre fundo negro, com temática floral. O colo é realizado em madeira negra, com decoração em pintura dourada. Este exemplar "grand-vol", pode ser  integrado no movimento temático da Belle Époque, pelos elementos naturalistas com predominância floral. Altura:36,8 cm; comprimento 66,5 cm. Data: 1890-1910. Executado na Europa. Doado por Maria Delfina Gomes S. M. de Sousa Cardoso - Museu dos Biscainhos (MatrizNet)


A época e a moda, definem as dimensões dos leques e as proporções existentes entre o colo e a folha do mesmo leque. Os leques europeus usados entre os séculos XVI e XX, destinam-se normalmente às pessoas de classes elevadas, principalmente da nobreza. 

O uso e manejo do leque, integrava os livros de boas maneiras. Destinado a refrescar, ele também servia uma linguagem simbólica, que incluía a dos namorados; ocultava o estado de espírito da sua possuidora; ele ajudava-a a manter a serenidade que lhe era exigida.







Leque com guardas e dezassete varetas, em marfim. Guardas com decoração vazada e relevada formando motivos florais e geométricos. As varetas recortadas, são unidas por fita de seda. Altura: 23,5 cm. Data: 1870-1880. Doado pela Condessa de Farrobo - Museu Nacional do Traje e da Moda (MatrizNet)



Leque "brisé", constituído por uma armação de dezassete varetas e duas guardas, em marfim vazado, gravado, recortado e perfurado, reunidas na parte superior por fitilho em seda. Medalhões perfurados com decoração vegetalista, debruada a "piqué" prateado (técnica de inserção de materiais nobres a quente).  Altura: 21 cm; largura: 38 cm. Data: 1825-1835. Doado por Maria Delfina Gomes S. M. de Sousa Cardoso - Museu dos Biscainhos (MatrizNet)



Leque com folha em renda de bilros, formando motivos florais. Guardas e colo em marfim inciso e vazado, pintado. Varetas em marfim. Altura 22 cm; larguta 41 cm. Data: 1890-1900. Doado por Maria da Conceição Ramalho Ornelas. - Museu Nacional do Traje e da Moda (MatrizNet)


Durante o século XVIII, os temas mais comuns na decoração dos leques, são as cenas de salão, as pastorais e as cenas campestres, aparecendo algumas vezes as cenas mitológicas. As figuras chinesas são introduzidas na ornamentação do leque, em especial no colo. Prevalecem as composições históricas de temas vários na folha do leque de ambos os lados, em cartelas ou medalhões circulares, ovóides ou rectangulares.
As varetas aparecem ricamente lavradas, e por vezes pintadas. A prata, o marfim, a madrepérola e outros materiais nobres são abundantemente utilizados.



Leque com folha de seda branca partida, formada por palmetas lobuladas, pintadas com motivos fitomórficos e aplicação de lantejoulas. Colo formado por varetas de marfim, arrendado e aplicações de espelhos. A caixa, em papelão, tem forma de palmatória, forrada de papel com motivos dourados e um medalhão oval pintado com motivos florais. Comprimento: 27 cm. Século XIX. Cagigal e Silva, M. Madalena (1976) "Leques", Ensaios nº 1.Museu Nacional dos Coches.  Ministério da Comunicação Social: Lisboa 



Leque "imperceptivel". Folha em seda, pintada e ornamentada com lantejoulas. Representação de uma senhora vestida à época, com uma sombrinha. Varetas de marfim com dourados e decoração vazada. Colo muito pequeno. Comprimento 20 cm. Século XIX. Doação de Matilde Bensaúde. - Cagigal e Silva, M. Madalena (1976) "Leques", Ensaios nº 1.Museu Nacional dos Coches.  Ministério da Comunicação Social: Lisboa 



Leque Império. Folha em seda branca e roxa e tula bordado, com aplicaçãode palmetas, contas e lantejoulas douradas. Varetas, gurdas e colo de tartaruga loira. Altura: 19 cm. Data: 1804-1815. Pertenceu à pianista Eleanor Amsel. Doado por Adelaide Sá Marques - Museu Nacional do Traje e da Moda (MatrizNet)


O aspecto geral do leque vai evolucionar, as varetas aparecem muito separadas, constituindo o leque "squelette", os materiais empregados na folha são mais ricos, optando-se pela seda e o cetim, entre outros. 

No século XIX, assiste-se a uma mudança nos temas de ornamentação dos leques. Os temas históricos são substituídos por motivos florais e geométricos, além de aves. Em Inglaterra no período victoriano, os modelos dificilmente se distinguem dos exemplares do século anterior.



Leque de renda de Chantilly preta, sobre folha de organdi branco e varetas de tartatuga. Comprimento: 24,6 cm. Data: 1860 (Século XIX). Leque usado por Celeste Cinatti Batalha Reis em S. Petersburgo (Rússia) entre 1914 e 1917. Doação de Beatriz Cinatti Batalha Reis. Cagigal e Silva, M. Madalena (1976) "Leques", Ensaios nº 1.Museu Nacional dos Coches.  Ministério da Comunicação Social: Lisboa 


Leque de penas e tartaruga. Folha de penas roxas, pretas e verdes, com pintas e riscas acastanhadas. Varetas de tartaruga e guardas com fecho de encaixar. Caixa de madeira com tampa de correr ornamentada com pintura policromada. Comp. 13,8 cm. Século XIX. Pertenceu a Maria Helena Croft de Moura. Cagigal e Silva, M. Madalena (1976) "Leques", Ensaios nº 1.Museu Nacional dos Coches.  Ministério da Comunicação Social: Lisboa 

 Correio das Damas: jornal de literatura e de modas;1 de Março de 1837, Ed. Jacinto da Silva Mengo. Tipografia Lisbonense, 1836-1852. Lisboa.  - Biblioteca Nacional de Portugal.

Correio das Damas
Vestido de setim ornado de fitas. Vestido de crepe branco guarnecido com duas ordens de folhos de blonde. Manta de veludo guarnecida de pelles.
Correio das Damas: jornal de literatura e de modas;1 de Março de 1837.


 

 Correio das Damas: jornal de literatura e de modas;. "Modas de senhoras, toilettes diversas"; 30 de Abril de 1852, pág. 128. Ed. Jacinto da Silva Mengo. Tipografia Lisbonense, 1836-1852. Lisboa.  - Biblioteca Nacional de Portugal.

Na parte superior da página 128 (na foto), do Correio das Damas, 30 de Abril de 1852, lê-se:
(...)
Dita de Baile. - Penteado ornado de flores azues-claras e brancas, com folhagem de velludo carmezim. Vestido de setim branco, guarnecido em roda da saia de quatro ordens de tufos de tulle maline. Tunica de tulle. Corpo liso,  e ornado no decote de um rufo igual ao da saia. Mangas muito curtas e enfeitadas com dois rufos como os do corpo, terminando este elegante vestido por um festão de flores iguaes ás da cabeça, o qual começando no hombro direito desce até ao fim da tunica. Braceletes de ouro e corallinas. Léque de madreperola. Çapatos de setim. 
           M. J. M. M. 
O Correio das Damas: jornal de literatura e de modas;. "Modas de senhoras, toilettes diversas"; 30 de Abril de 1852, págs. 127/128.




Leque com folha em penas de ganso selvagem pintadas, com representação de dois pavões e flores. Varetas, colo  e guardas em marfim gravado e dourado com decoração floral. Altura: 20,5 cm; comprimento: 34,5 cm. Data: cerca de 1820.Estojo em cartão, com o exterior forrado em tecido, e interior em papel vermelho. Etiqueta "Luenchun Mother Opearl Ivory and Tortoiseshell Carver N.º 6 New China street.". Cantão, produção industrial para exportação. - Palácio Nacional da Ajuda (MatrizNet)


A arte do leque sempre inovadora, cria o leque "brisé". Este é constituído por varetas ligadas entre si na parte superior por uma fita. Este tipo de leque aparece a par dos leques de folha, em criações chinesas muito ricas, em marfim recortado.


No Directório, aparece a moda dos leques pequenos, chamados pelos franceses de "imperceptíveis".

Os leques de estilo Império caracterizam-se pela folha de tule ou seda, ornamentada com lantejoulas e fio ou galão dourado.



Leque chinês, com folha de papel pintado, representando cenas de rua e de interior, e figuras chinesas, com rosto de marfim e indumentária de seda. Guardas e colo de sândalo com decoração vazada e relevada, com motivos vegetalistas e figurativos. Altura: 33 cm. Data: 1870-1880. Doado por Luisa Barroso Crespo - Museu Nacionaldo Traje e da Moda (MatrizNet).


Leque "brisé", com folhas duplas em tecido de seda, pintadas a guache, representando de flores. Dezasseis varetas de madeira lisa, pintadas a tinta de água. Altura: 20 cm; comprimento (guarda): 19,2 cm. Data: 1895-1925. A temática floral da folha é típica do período Arte Nova /Arte Deco. Doado por Maria Delfina Gomes S. M. de Sousa Cardoso - Museu dos Biscainhos (MatrizNet)



Leque de folha dobrável, em tecido de cetim de seda e seda natural, de cor violeta, com aplicação "decoupé" em papel recortado e pintura em guache. Catorze varetas e duas guardas, confeccionadas em madrepérola. Colo em madrepérola baixo relevada, com representação de cartela com dois meninos abraçados (Cúpidos). Altura: 45 cm; comprimento (guarda): 21,7 cm. Data: 1890-1914. A temática floral da folha é típica do período conhecido como  Belle Époque. Doado por Maria Delfina Gomes S. M. de Sousa Cardoso - Museu dos Biscainhos (MatrizNet)


Com a entrada no século XX, as composições integram todos os géneros de temas, embora tenham desaparecido os temas históricos, muito usados nos séculos XVII e XVIII, a "Arte Nova" introduz um leque de bordos mais suaves e ondulantes.


Serões: revista mensal ilustrada, nº 77, Novembro de 1911, pág. 398. -CML, Hemeroteca Digital

SERÕES DAS SENHORAS
  
(...) 
Leques para soirées
Os leques, que ordinariamente acompanham uma toilette de soirée, são quasi sempre de dimensões regulares.
Os modelos antigos, sobretudo o estilo Luís XVI, são os que mais se usam. Alguns são lindos, em tons grisalhos, vieil argent e preto. Leves contornos de lantejoilas prateadas ornam os desenhos, e as varetas são de marfim com frisos pretos.
Este modelo além de bonito é apropriado a todas as idades. Tem-se tentado rejuvenescer o clássico leque de plumas de avestruz, introduzindo várias imitações de menor ou maior fantasia. O leque chiffon é a novidade mais recente, e profetiza-se-lhe um grande sucesso para o próximo inverno.São ainda os reflexos da moda dos voilages que inspiraram certamente esta nova invenção. As varetas são de madrepérola e o leque é formado em cada vareta, por uma espécie de fôlha estreita, feita de seda furta-côres, guarnecida de uma minuscula renda dourada, e recoberta de uma segunda fôlha de gaze furta-côr tambem, igualmente ornada de renda. No conjuncto o effeito é o mais maravilhôso possivel.
(...) 
Serões: revista mensal ilustrada, nº 77, Novembro de 1911, pág. 398. -CML, Hemeroteca Digital 

Com alguma frequência, as senhoras usavam os leques suspensos da cintura por uma corrente de ouro ou outro material nobre. Mais tarde, a argola foi utilizada para segurar cordão e borla.



Leque, Maria Keil. Folha formada por penas vermelhas e pretas irisadas, sobrepostas. Guardas e varetas de madeira lacada a preto, com decoração de motivos geométricos e vegetalistas incisos e pintados a dourado. Cordão e borla de fio de seda preto. Altura: 36 cm; largura: 58 cm. Data: 1910. Doado por Maria Keil. - Museu Nacional do Traje e da Moda (MatrizNet)


Leque com folha em tafetá de seda (organdi), com decoração floral e vegetalista, com aplicação de missangas e lantejoulas. Guardas, varetas e colo em madeira pintada de branco. Altura: 34,5 cm; largura: 65 cm. Data: 1900-1910. Comprado pelo Museu Nacional dos Coches a Maria Fernanda Pinto Basto Stilwell. Transferido do museu dos Coches para o Museu Nacional do Traje e da Moda ( MatrizNet)



Leque com folha de tecido verde, pintada, representando motivos florais e geométricos. Varetas e guardas em madeira natural. Altura: 25,5 cm; largura: 30 cm. Data: 1920-1930. Doado por Isolda Lino e Maria Cristina Lino. - Museu Nacional do Traje e da Moda (MatrizNet)


Dos artistas célebres desta modalidade destaca-se "Alexandre - 14 Boulevard Montmartre - Paris, "Faucon - Paris", Duvelleroy - Parss. des Panoramas" ou "Mon. Brasseur - 34, "Rue de Petites Écuries - Paris. Gavarin e Lluvelleux assinaram leques da Rainha D. Amélia.

Em Lisboa, destaca-se a casa portuguesa "A. Enrique - 101, Rua Áurea", especializada em conserto  de leques e limpeza de luvas. 



Folha de leque pintada a aguarela. Século XIX. Projecto de leque atribuído à rainha D. Maria Pia de Portugal. - Palácio Nacional da Ajuda (MatrizNet)



Leque com decoração de flores (renda de bilros, - estilo moderno). Autora: Maria Augusta de Prostes Bordalo Pinheiro. Museu do Chiado - Museu Nacional de Arte Contemporânea (MatrizNet).



Estudo para leque. Lisboa: Ponte dos Vapores... Litografia aguarelada, ca. de 1850. Litografia da Rua Nova dos Mártires. Biblioteca Nacional de Portugal





Cartaz. Fábrica Âncora: licores e cognacs portuguezes, ca. de 1910. Jovem figura feminina, em meio corpo, com leque a fazer de chapéu, onde se escrve parte do anunciado. Biblioteca Nacional de Portugal


O Domingo Ilustrado, nº 2, 25 de Janeiro de 1925, pág. 9; ao lado direito, podem ver-se alguns modelos de leques, com a legenda: "Leques de "paradis", de brocado, de plumas, de "aigrettes", de tudo... As maiores fantasias aparecem , sob o nome leques, nas mãos das parisienses "chics"." - CML, Hemeroteca Digital


Na parte superior da página 9 (na foto), de O Domingo Ilustrado, nº 2, lê-se:


Página feminina - Carta de Paris
(...)                        O leque e a moda
Muito sóbria no seu vestuário de passeio, a mulher moderna assume toda a sua feminina seducção na toilette da noite completada com lindos acessórios. Qualquer que seja o seu vestido, um delicado leque lhe completa a harmonia. Na nossa gravura vêm-se alguns dos typos de leque agora em uso em Paris. 
Celiméne 
 O Domingo Ilustrado, nº 2, 25 de Janeiro de 1925, pág. 9. CML - Hemeroteca Digital

Fontes:
Museu Nacional dos Coches. Leques (1976). Lisboa: Ministério da Comunicação Social.
https://pt.wikipedia.org/wiki/Maria_II_de_Portugal
https://books.google.pt/books?id=eKZHAQAAMAAJ
https://books.google.pt/books?isbn=3871184799
https://books.google.pt/books?id=kKwDAAAAYAAJ
https://books.google.pt/books?id=RJ8DAAAAYAAJ&hl=pt-PT&source=gbs_navlinks_s
https://books.google.pt/books?id=AaUvAQAAMAAJ&hl=pt-PT&source=gbs_navlinks_s
https://books.google.pt/books?id=NZUvAQAAMAAJ&hl=pt-PT&source=gbs_book_other_versions
http://hemerotecadigital.cm-lisboa.pt/index.htm