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Palácio Nacional de Sintra |
Com fundação árabe, o Palácio Nacional de Sintra torna-se, a partir do séc. XII e por cerca de oito séculos, residência da Família Real Portuguesa. Único sobrevivente dos Paços Reais medievais em Portugal. As principais campanhas de obras sucessivas de D. Dinis, João I e D. Manuel I, conferiram-lhe o aspecto actual.
A Sala dos Cisnes a maior sala do Palácio, foi designada por Sala Grande no reinado de Dom João I e Sala dos Infantes a partir do reinado de Dom Manuel I. O seu nome actual de Sala dos Cisnes, deve-se à decoração do tecto, ao gosto da Renascença italiana, datável de finais do século XVI e já referido por Luís Pereira Brandão, cerca de 1570, em versos de louvor às maravilhas do Paço de Sintra.
Na Sala das Pegas, eram recebidos os notáveis do reino e embaixadores estrangeiros. A designação de Sala das Pegas, que remonta ao século XV e que se manteve ao longo dos séculos, deve-se à pintura do tecto onde as 136 pegas representadas seguram, nos bicos, a tarja com a divisa de Dom João I, por bem, e nas patas, a rosa que poderá ser uma alusão à casa de Lancaster, à qual pertencia a Rainha Dona Filipa de Lencastre.
A Sala dos Brasões, cuja cúpula ostenta as armas de D. Manuel, de seus filhos, e de setenta e duas das mais importantes famílias da Nobreza, e cujo revestimento integral das paredes data do século XVIII, obra do ciclo dos Grandes Mestres da azulejaria lisboeta dessa altura, representa o expoente máximo da intervenção manuelina no Palácio.
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Capela Palatina |
Fundada por Dom Dinis no inicio do século XIV, a Capela Palatina tem a evocação do Espírito Santo, cujo culto foi introduzido em Portugal pela Rainha Santa Isabel. Este espaço religioso cristão é muito marcado pelo mudejarismo, caracterizado pela permanência de elementos típicos da arquitectura e artes decorativas muçulmanas em pleno período cristão.
Casamento de Dom João I com Dona Filipa de Lencastre - Iluminura do livro Anciennes Croniques d’Engleterre, Jehan de Wavrin - Século XV
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A dimensão da cozinha e as duas monumentais chaminés de trinta e três metros de altura, construídas durante a campanha de Dom João I, nos inícios do século XV, estariam relacionadas com os grandes banquetes em que eram servidas peças de caça grossa, à época abundante na serra de Sintra, provenientes das inúmeras montarias e caçadas, a que a Família Real e a corte se dedicava e que representaram um dos atractivos de Sintra ao longo dos séculos.
Dom João I (1357-1433),filho bastardo de Dom Pedro I e de Dona Teresa Lourenço, foi provido a Mestre de Avis, apenas com seis anos de idade.
Por morte de Dom Fernando I, após ter assassinado o Conde de Andeiro - partidário de Castela, valido de Dona Leonor Teles, viúva do Rei Dom Fernando - e na sequência dos eventos revolucionários e das guerras com Castela (1383-1385), Dom João foi aclamado Rei nas Cortes de Coimbra, dando início à segunda dinastia portuguesa, dita de Avis.
Dona Filipa de Lencastre (1360-1415), filha primogénita de João de Gaunt, filho de Eduardo III de Inglaterra e duque de Lancaster pelo casamento com Branca de Lancaster. No ano de 1387, casa com o Rei Dom João I na Sé do Porto. Encontra-se sepultada no Mosteiro da Batalha, juntamente com Dom João I e os ilustres infantes seus filhos, conhecidos como a “Ínclita Geração”.
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Chaminés gémeas do Palácio - Stilwell, Isabel (2011), Filipa de Lencastre - A Rainha que mudou Portugal, Lisboa: A Esfera dos Livros. |
Como conta Stilwell, Isabel,
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" Quando mostrara ao rei o esquiço que ela e Huguet tinham feito das duas chaminés da cozinha, cónicas, o rei abrira a boca de espanto:
- E onde é que foram buscar uma ideia mais louca? A altura dessas chaminés? Quem as vai construir, e se não se sustentam?
Philippa sorria-lhe, divertida:
- A ideia? Fomos buscá-la aos chapéus das senhoras da corte - não é quase igual a um hennin? ...
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- Não, a sério, não foi em chapéus! O Huguet diz que há uma abadia em Abbott, em Inglaterra, que tem umas chaminés parecidas, e que são ideais para deixar sair o fumo..." (2011:357)
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Azulejos relevados com motivo de parra e gravinha: Sala de Dom Sebastião |
Reunindo vários estilos arquitectónicos – gótico, mudéjar e manuelino, exibe no seu interior um acervo único de azulejariahispano-mourisca. Os azulejos relevados são quinhentistas e não se encontram em Sevilha, apenas os vemos nos Paços de Sintra. A técnica de fabrico é em barro moldado em formas, num espírito decorativo acentuado e até rebuscado naturalismo fitomórfico, que não faziam parte de qualquer tradição portuguesa, nem tiveram consequências futuras. Existem cinco variedades diferentes além dos motivos de remate da Sala dos Árabes.
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Porcelana de Limoges, França, 1889-1905. |
A peça em cima, faz parte de um serviço de jantar, pequeno almoço, chá e café, Haviland & Cª-Limoges, para 50 pessoas (incompleto), adquirido pela Rainha D. Maria Pia em Paris, em 21 de Dezembro de 1896.
A princesa Dona Maria Pia de Sabóia (1847-1911), filha da arquiduquesa Maria Adelaide de Áustria e de Vítor Emanuel II do Piemonte - rei da Sicília e de Itália, depois da unificação em 1869 - nasceu em Turim, no seio de uma família numerosa, tendo tido sete irmãos, entre os quais o rei Humberto I de Itália e Amadeu I de Espanha. Casou em 1862, aos 15 anos, com Dom Luís I, um dia depois de chegar a Portugal, e foi mãe de Dom Carlos (1863) e de Dom Afonso Henriques (1865).
Foi no Palácio de Sintra que a Rainha Viúva passou os seus últimos dias em Portugal, antes de partir para o exílio com os outros elementos da Família Real. Morreu no exílio, no Castelo de Stupinigi, no Piemonte.
O Palácio, possui colecções de arte decorativa, do século XVI ao século XVIII. Integra desde 1995 a classificação da Unesco, de Sintra Paisagem Cultural da Humanidade.
Fontes: Stilwell, Isabel (2011), Filipa de Lencastre - A Rainha que mudou Portugal, Lisboa: A Esfera dos Livros.
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