Carnaval, óleo sobre tela, Isolino Vaz - Museu José Malhoa |
O Carnaval existe desde sempre. Vemo-lo entre os egípcios, que homenageavam a Deusa Ísis e o Touro Apis; entre os teutões, a Deusa Herta; entre os gregos e romanos as festas Bacanais, Lupercais e Saturnais, onde os escravos tomam o lugar dos senhores e os senhores o dos escravas. Na Idade Média, dominada pela vida religiosa e pelo culto aos santos, estas festividades perderam a força. O santo Entrudo surgiu como uma manifestação religiosa, onde a igreja se misturava com o povo em danças e procissões. A partir do século XVI, a Igreja Católica estabelece a data da Quaresma e em consequência a dos festejos de Carnaval. Estes deveriam limitar-se aos três dias antes da Quaresma, que começa na Quarta-feira de Cinzas - dia seguinte ao dia de Carnaval - e tem a duração de 47 dias.
A Itália do século XVI transfigurou o Carnaval, transformando-o na obra-prima de poetas e pintores. No século XVIII, Veneza cria o Pierrot, a Columbina, o Arlequim e o Polichinelo. Em França, o Carnaval é uma manifestação artística, onde prevalece a ordem e a elegância, com seus bailes e desfiles alegóricos. No Brasil, o Carnaval festeja-se desde os finais do século XVIII. É a maior festa do país, as escolas de samba exibem danças, fantasias e carros alegóricos.
A Itália do século XVI transfigurou o Carnaval, transformando-o na obra-prima de poetas e pintores. No século XVIII, Veneza cria o Pierrot, a Columbina, o Arlequim e o Polichinelo. Em França, o Carnaval é uma manifestação artística, onde prevalece a ordem e a elegância, com seus bailes e desfiles alegóricos. No Brasil, o Carnaval festeja-se desde os finais do século XVIII. É a maior festa do país, as escolas de samba exibem danças, fantasias e carros alegóricos.
Dança da Luta durante desfile carnavalesco, 1906?, Lisboa - Arquivo Municipal de Lisboa |
Dança da Bica, Pirâmide, 1905, Lisboa - Ilustração Portuguesa, nº 71, p. 289 - Ayuntamiento de Lisboa, 1980. El Pueblo de Lisboa, Museu Municipal de Madrid. Lisboa: Ayuntamento de Lisboa |
O povo português, contribuiu para as celebrações carnavalescas com a criação das Danças. As Danças, de uma organização complexa e disciplinada, eram verdadeiras mascaradas agitadas por movimentos delirantes. Evidenciavam-se a Dança da Luta; a Dança das Espadas; a Dança da Bica e a Dança dos Machetins. Em todas, os participantes executavam vários números acrobáticos, mostrando a sua destreza, força e equilíbrio. Na Dança da Bica, o grupo era composto por vários homens altos e fortes, fazendo uns de homens e outros de mulheres. Os que faziam de homens, apresentavam-se com barba e nas mãos levavam arcos adornados com flores de papel. Os que faziam de mulheres, usavam lenços brancos.
Cegada, 1911, Lisboa - Arquivo Municipal de Lisboa, foto de Joshua Benoliel |
Entre as brincadeiras de Carnaval estavam as Cegadas, com possíveis raízes nos autos medievais. Eram farsas burlescas representadas nas ruas e tinham como tema as cenas da vida quotidiana. Nestas representações, os figurantes utilizavam indumentárias e caracterizações apropriadas aos personagens que pretendiam encarnar.
Paródia de Carnaval, gravura, meados do século XIX, Lisboa - Arquivo Municipal de Lisboa |
Grupo carnavalesco, 192?, Avenida da Liberdade, Lisboa - Arquivo Municipal de Lisboa, foto de Octávio Bobone. |
As Paródias de Carnaval, eram constituídas por um grupo de cerca de trinta a quarenta pessoas, figurando personagens distintas.
Xé-Xé, óleo sobre tela, 1895, José Malhoa - Casa Museu Dr. Anastácio Gonçalves
As paródias e os cortejos, eram acompanhados por figuras populares como o “Xé-Xé”, uma das principais figuras do Carnaval até cerca de 1910, chamavam-lhe salsa, peralta ou pisa-flores. Era uma caricatura da Lisboa do século XVIII. Usava uma casaca colorida com punhos de renda, sapatos de fivela, cabeleira de estopa, um enorme bicorne, luneta de vidro e bastão ornado de um chavelho.
Xé-Xé, 1910, Avenida da Liberdade, Lisboa - Arquivo Municipal de Lisboa, foto de Augusto Bobone
Xé-Xé, 1898?, Praça D. Pedro IV, Lisboa - Arquivo Municipal de Lisboa
Mulher de capote e lenço, litografia, 1842, Macphail - Ayuntamiento de Lisboa, 1980. El Pueblo de Lisboa, Museu Municipal de Madrid. Lisboa: Ayuntamento de Lisboa
A “velha de capote e lenço” - outra figura popular - era uma sátira à moda do início do século XIX. Vestia um capote preto sem mangas e um lenço bicudo de tarlatana gomada, usava caixa de rapé.
No coração da província, não havia procissão nem cortejo, que não fosse precedido por uma figura, fruto da imaginação popular, o Rei David ou Rei Mouro, devido à sua origem árabe. Não havia festa, dança ou tourada, sem o Rei David. Gerações e gerações, viram-no passar com grandes barbas de estopa, coroa de papelão dourado, vestes reais.
Matiné infantil, na legação de Espanha, 1907, Lisboa - Arquivo Municipal de Lisboa, foto de Alberto Carlos Lima
Desfile, anterior a 1932, Avenida da liberdade, Lisboa - Arquivo Municipal de Lisboa, foto de Joshua Benoliel.
Os bailes de máscaras, assaltos e corsos, eram espectáculos reservados à burguesia, que se adornava para passear na Avenida da Liberdade e subir o Chiado, em caleche ou carro alegórico, decorados de forma vistosa e imaginativa.
Carnaval na Rua Garret e Largo do Chiado, Lisboa, 1905 - Arquivo Municipal de Lisboa
Desfile, 1903, Avenida da Liberdade, Lisboa - Arquivo Municipal de Lisboa
Fontes:
Dantas, Júlio, 1969, Lisboa dos nossos avós. Lisboa: Câmara Municipal de Lisboa.
Ayuntamiento de Lisboa, 1980. El Pueblo de Lisboa, Museu Municipal de Madrid. Lisboa: Ayuntamento de Lisboa
http://arquivomunicipal.cm-lisboa.pt/
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