Pintura mural da Revolução de Abril de 1974 (s. a. (1978), As paredes na revolução, Graffiti. Mil Dias Editora) |
Soldados saúdam a população no 1º de Maio de 1974. Praça do Areeiro, Lisboa - Foto de Joaquim Lobo (s. a. (1974), 25 de Abril. Lisboa: Casa Viva Editora) |
O feriado do 1.º de Maio foi a primeira conquista sindical após a revolução de Abril de 1974 e este ano será assinalado sob o lema do combate à austeridade imposta pela intervenção económica internacional, tal como em 1978 e 1984.
A instauração do Dia do Trabalhador como feriado era a primeira de um conjunto de 14 reivindicações que a Intersindical se apressou a apresentar à Junta de Salvação Nacional no dia seguinte à revolução dos cravos.
Foi a 27 de abril que a Junta de Salvação Nacional decretou o 1.º de Maio como feriado nacional para comemorar o Dia Internacional do Trabalhador.
Nesse 1.º de Maio em liberdade, foi escolhida a Alameda Afonso Henriques, em Lisboa, para a concentração inicial e o comicio foi no Estádio desde logo batizado de 1º de Maio, que não chegou para albergar todos os que participaram no desfile. As comemorações extenderam-se a todo o país, sob o lema "paz, pão e liberdade".
Em Lisboa, onde se estimou uma participação de uma milhão de pessoas, os estabelecimentos comerciais e de restauração encerraram e os hotéis corresponderam ao apelo dos sindicatos dispensando metade do pessoal.
Desde então as comemorações de massas têm marcado a data anualmente, salientando temas relativos à conjuntura sócioeconómica.
Em 1978 a Intersindical promoveu 77 comicios e manifestações por todo o país e o mote das intervenções sindicais foi o repudio pela "politica de austeridade imposta pelo Fundo Monetário Internacional" (FMI), que tinha feito um empréstimo a Portugal no ano anterior.
Manifestação no Estádio 1º de Maio, 1974, Lisboa - Foto de Joaquim Lobo (s. a. (1974), 25 de Abril. Lisboa: Casa Viva Editora) |
Maio, Maduro Maio
Maio maduro Maio, quem te pintou?
Quem te quebrou o encanto, nunca te amou.
Raiava o sol já no Sul.
E uma falua vinha lá de Istambul.
Sempre depois da sesta chamando as flores.
Era o dia da festa Maio de amores.
Era o dia de cantar.
E uma falua andava ao longe a varar.
Maio com meu amigo quem dera já.
Sempre no mês do trigo se cantará.
Qu'importa a fúria do mar.
Que a voz não te esmoreça vamos lutar.
Numa rua comprida El-rei pastor.
Vende o soro da vida que mata a dor.
Anda ver, Maio nasceu.
Que a voz não te esmoreça a turba rompeu.
Quem te quebrou o encanto, nunca te amou.
Raiava o sol já no Sul.
E uma falua vinha lá de Istambul.
Sempre depois da sesta chamando as flores.
Era o dia da festa Maio de amores.
Era o dia de cantar.
E uma falua andava ao longe a varar.
Maio com meu amigo quem dera já.
Sempre no mês do trigo se cantará.
Qu'importa a fúria do mar.
Que a voz não te esmoreça vamos lutar.
Numa rua comprida El-rei pastor.
Vende o soro da vida que mata a dor.
Anda ver, Maio nasceu.
Que a voz não te esmoreça a turba rompeu.
José Afonso
Manifestação no Estádio 1º de Maio, 1974, Lisboa - Foto de Joaquim Lobo (s. a. (1974), 25 de Abril. Lisboa: Casa Viva Editora) |
Pintura mural da Revolução de Abril de 1974 (s. a. (1978), As paredes na revolução, Graffiti. Mil Dias Editora) |
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