segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Pintor João Cristino da Silva - época romântica, século XIX

Auto-retrato, óleo sobre tela, 1854 - Museu do Chiado / Museu Nacional de Arte Contemporânea
João Cristino da Silva foi um pintor português da época romântica. Nasceu em 14 de Julho de 1877, no bairro lisboeta de Alfama, numa família burguesa ligada ao comércio. Frequentou a Academia das Belas Artes de Lisboa, entre 1841 e 1845, onde revelou a sua aptidão para as artes, mas também o seu temperamento nervoso e uma personalidade irreverente que recusa o ensino académico. Por não concordar com o ensino de António Manuel da Fonseca, abandonou a Academia.

Cinco artistas em Sintra, óleo sobre tela, 1855 (ao fundo à esquerda, o Palácio da Pena sobre uma montanha imaginária de pedra) - Museu do Chiado / Museu Nacional de Arte Contemporânea
Cinco artistas em Sintra, gravura (a partir da pintura com o mesmo nome), 1855-1856 - Museu do Chiado / Museu Nacional de Arte Contemporânea
Em sociedade com Moutinho, decide dedicar-se à ourivesaria, numa loja da Rua da Prata, ponto de encontro da geração contestatária e liberal, e especialmente de um grupo de artistas com ideais românticos que preconizava uma nova atitude artística e o entendimento de uma pintura de captação “do natural”, mais próxima do povo, contrária ao academismo. Posteriormente Cristiano desiste da ourivesaria e continua a pintar, apresentando pequenos quadros no limitado mercado de arte português, a partir de finais da década de 40.

Cabeça de rapaz, óleo sobre metal, 1854 (estudo para a pintura Cinco artistas em Sintra) - Museu do Chiado / Museu Nacional de Arte Contemporânea
Cristino integrou uma comissão de selecção de obras a mostrar na Exposição Universal de Paris, em 1855, e, nesta exposição, apresentou a pintura Cinco artistas em Sintra - o quadro foi adquirido pelo rei D. Fernando antes da Exposição Universal de Paris. Esta obra torna-se a mais significativo desta geração romântica pela intenção de síntese das linhas exploradas por este grupo através da pintura de paisagem, retrato e costumes. Neste primeiro retrato colectivo de artistas portugueses, formado por Tomás da Anunciação, Francisco Metrass, Victor Bastos, José Rodrigues, e o próprio Cristino, na romântica Sintra, os aspectos cenográficos ligam-se ao tratamento de pormenores, especialmente na descrição dos trajes populares, enquanto que num plano longínquo, surge o Palácio da Pena, entre brumas e entre efeitos de luz variados. A novidade apresentada, captação do tema “no natural”, torna-se o elemento de coesão do grupo, a afirmação de um entendimento contrário à pintura de atelier e ao ensino académico.

Cristo e a Samaritana, lápis sobre papel, 1857 - Museu do Chiado / Museu Nacional de Arte Contemporânea
Flores e frutos, óleo sobre tela, 1859 - Museu do Chiado / Museu Nacional de Arte Contemporânea
Cabo Carvoeiro. Nau dos Corvos. Berlengas, óleo sobre tela, 1955-1960 - Museu do Chiado / Museu Nacional de Arte Contemporânea
Entre 1855 e 67 realizou pinturas em Sintra, Coimbra, Buçaco, Ribatejo, Nazaré e Leiria. Valorizou a divulgação das características específicas dos seus locais preferidos através de uma escolha premeditada de sítios exuberantes e dramáticos que se ajustam a um sentimento idealizado. As paisagens revelam acontecimentos banais ou trágicos, por vezes sublinhados por tonalidades sombrias e focos de luz e apresentam um registo de signos românticos, como cadeias montanhosas, mares agitados, ruínas, castelos, narrativas e imagens de costumes, tratados em contrastes cromáticos. Importava sublinhar uma ideia, um conceito de natureza aliado a uma poética e a um estado de espírito romântico, já que Cristino se considerava “homem de um temperamento sanguíneo, alma de fogo, expansivo e entusiasta até o delírio”.

Retrato de Tomás José de Anunciação, lápis sobre papel. 1960 - Museu do Chiado / Museu Nacional de Arte Contemporânea
Pastores e gado passando uma ribeira, óleo sobre tela, 1860 - Museu do Chiado / Museu Nacional de Arte Contemporânea
Paisagem e animais-vista de Lisboa, óleo sobre tela, 1859 - Museu do Chiado / Museu Nacional de Arte Contemporânea
Cristino promove um pré-naturalismo e o registo do pitoresco, através dos costumes populares e desencadeia um processo de aceitação de um gosto pela pintura da paisagem, “ao natural”, desde as décadas de 50-60. Esta nova postura decorre de um propósito e do prazer por Viagens na minha terra, sugeridas e praticadas por Almeida Garrett, ainda em 1844, e, cria as condições necessárias à admissão do naturalismo, introduzido por Silva Porto e Marques de Oliveira, já em 1879.

Sem título (Marinha), óleo sobre tela, 1855-1860 - Museu do Chiado / Museu Nacional de Arte Contemporânea
Paisagem no Buçaco, óleo sobre tela, 1862 - Museu do Chiado / Museu Nacional de Arte Contemporânea
Fonte dos Amores, Quinta das Lágrimas, óleo sobre tela, 1871 - Museu do Chiado / Museu Nacional de Arte Contemporânea
A partir de 1859, Cristino leccionou na Academia, tal como os colegas de grupo desta geração romântica, Tomás da Anunciação e Francisco Metrass e participou nas exposições da Sociedade Promotora das Belas Artes. Em 1869, após intempestivas cenas na Academia, foi internado em Rilhafoles durante um ano e a partir desta data pouco produziu. Morreu em 12 de Maio de 1877, vítima de ataque cardíaco.

Fontes:
http://www.matriznet.ipmuseus.pt/MatrizNet/Entidades/EntidadesConsultar.aspx?IdReg=68131
http://pt.wikipedia.org/wiki/Jo%C3%A3o_Cristino_da_Silva



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