quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

Biografia do ceramista francês Théodore Deck

Théodore Deck, 1823-1891 - Museu Théodore Deck

Joseph-Théodore Deck, foi um dos melhores ceramistas do século XIX. Nasceu em Guebwiller, no dia 2 de Janeiro de 1823 e faleceu em Paris, no dia 15 de Maio de 1891. Conhecido por ter revolucionado a arte da cerâmica no século XIX, foi também director da Manufatura Nacional de Sèvres. 
Filho de Richard Deck, tintureiro, Théodore Deck evidenciou desde cedo, preferência pela química e ciências físicas. Ao deixar a escola primária, frequentou durante três anos a faculdade de La Chapelle-sous-Rougemont, perto de Belfort.  Com a morte do seu pai, em 1840, foi obrigado a voltar para a sua cidade natal e para os negócios da família, ajudado pelo seu irmão mais velho. Depois de um estágio com Hügelin em Estrasburgo, iniciou uma viagem (1844-1847) através do Império Austro-Húngaro e Alemanha. 

Prato, cerâmica, 1862 - Museu Victoria e Alberto
Jarro Alhambra, barro com incrustação de argila colorida, 1862 (Cópia realizada por Deck, de um vaso do Palácio Alhambra, Fortaleza dos Reis mouros em Granada, Espanha. Consta que foi apresentado na Exposição Internacional de Londres, em 1862) - Museu Victoria e Alberto
Prato, cerâmica, 1866 - Museu Metropolitano de Arte
Prato, cerâmica (assinatura),1866 - Museu Metropolitano de Arte
Vaso, barro colorido e vidrado, 1860-1870 - Museu Victoria e Alberto

Théodore Deck iniciou a sua carreira em Viena, em fábricas de cerâmica, onde produziu peças para o Palácio de Schönbrunn, e depois de 1847, em Paris, sem no entanto perder o contacto com a comunidade artística. 
Na Exposição Universal de Paris em 1955, Deck ficou impressionado com o colorido das peças expostas e decidiu fundar com o seu irmão Xavier a sua própria oficina de "faiança artística", em 1858, a qual prosperou rápidamente. Expôs no Salon des Arts, em Paris (1861), e o seu trabalho foi imediatamente reconhecido, sendo considerado como um mestre. Na Exposição Internacional de Londres, surpreendeu todos ao apresentar o vaso "Alhambra", feito a partir de uma imagem. Na Exposição de Artes Industriais em 1864, experimentou mostrar peças cobertas com esmaltes transparentes. Posteriormente, realiza inúmeras exposições internacionais, acumulando diversos prémios de excelência, como as medalhas na Exposição Universal de Paris, na Exposição Universal de 1867 e a nomeação como cavaleiro e oficial da Legião de Honra.

Vaso, cerâmica, pigmento vermelho-alaranjado sobre esmalte claro, 1867. (Versão cerâmica de um objecto de vidro, inspirada numa lâmpada de mesquita do Médio Oriente. A peça foi exibido na Exposição de Paris de 1867) -  Museu Victoria e Alberto
Prato, faiança, c. 1875. (Plantas com colorido brilhante sobrepostas sobre um chão amarelo com padrões em espiral, inspirado no estilo japonês do século XVII) - Museu de Arte Walters
Prato, cerâmica pintada e vidrada, 1878 - Museu Victoria e Alberto
Jardim Suspenso, faiança policromada, 1878 - Museu d'Orsay

A segunda metade do século XIX foi de grande ecletismo estilístico no Ocidente. Os artistas desta época, encontraram inspiração em muitas fontes históricas e culturais diferentes, incluindo a arte decorativa islâmica, japonesa e chinesa.  
Ao longo de sua carreira, Deck produziu trabalhos que exprimiram os estilos da Renascença italiana e turca de Iznik, assim como chinesa.  Experimentou novas técnicas para melhorar a sua produção, e desenvolveu a sua própria gama de cores, incluindo um turquesa distinto, conhecido como "Azul Deck". Interessou-se por política e, em 1870, quando teve de optar entre ser francês ou alemão, escolheu a primeira solução. Apoiante do Partido Radical, foi vice-prefeito no distrito XV. 
Théodore Deck desenvolveu a sua formação como químico e escultor. Realizou diversos estudos sobre a fabricação e qualidade dos esmaltes transparentes, que culminaram na publicação do seu tratado sobre "La faïence" (Paris, Maison Quantin) em 1887. Nunca mais abandonou esta técnica, também utilizada por muitas das grandes fábricas, que lhe permitiu representar pessoas, pássaros, flores, enfeites de todos os tipos em esmaltes turquesa, verde, amarelo ou manganês. Foi nomeado director da Fabrica National de Sèvres no ano de 1887, onde permaneceu até à sua morte (1891).

Vaso em forma de lâmpada de mesquita, barro esmaltado, 1870 ( A forma deste vaso foi inspirada nas lâmpadas de mesquita islâmica feitas na Síria e no Egipto, durante o século XIV. Está decorada com letras árabes e cor turquesa viva) - Instituto de Artes de Minneapolis
Prato, barro policromado vidrado com esmaltes, século XIX (Faiança persa) - Museu Metropolitano de Arte

Vaso, barro branco, tons de azul e ouro, 1884 (Estilo oriental persa, com três alças, cópia de uma lâmpada de Mesquita) - Museu d'Orsay
Prato com retrato de senhora francesa da Renascença. Grés com esmaltes policromados e folha de ouro, c. 1880 - Museu de Arte de Indianapolis
Deck recebeu na sua oficina os artistas da época e colocou à sua disposição uma grande variedade de técnicas novas, como o esmalte sobre folha de ouro ou uma aplicação de esmaltes inédita, cuja inspiração ele encontrou nas produções turcas e persas. O mais famoso dos artistas foi Edmond Lachenal, que continuou o trabalho do grande ceramista durante o período da Arte Nova, onde o  desenvolvimento da cerâmica com esmaltes cristalizados e mate de alta temperatura marcaram tipicamente esta época.
Sala de banho "Les Tilleuls", 1876 ( Painéis de azulejos provenientes da vila de "Les Tilleuls" do  industrial Schlumberger ) - Museu Théodore Deck
Painel de azulejos, 1890 (Provenientes da varanda da casa do industrial De Bary) - Museu Théodore Deck


Fontes:
http://www.ville-guebwiller.fr/musee-deck/ceramique.html
http://fr.wikipedia.org/wiki/Th%C3%A9odore_Deck

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