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Miguel Ângelo Lupi, professor de Pintura Histórica, na Academia de Belas-Artes de Lisboa.
Falecido em 26 de Fevereiro de 1883 (Segundo uma fotografia de Rochini)
- Revista Occidente, Volume VI, Nº 153 de 21 de Março de 1883 -
Hemeroteca Digital |
Miguel Ângelo Lupi nasceu em Lisboa a 8 de Maio de 1826. O seu pai era italiano e a sua mãe portuguesa. Entrou para a Academia de Belas-Artes de Lisboa com 15 anos, onde foi aluno de Joaquim Rafael na aula de Desenho Histórico (1841 a 1843), tendo obtido dois prémios. Nos três anos seguintes foi discípulo de António Manuel da Fonseca na aula de Pintura Histórica. Após a conclusão do curso, escolheu a carreira de funcionário público - como garantia de sobrevivência - na Imprensa Nacional (1849-50), em Angola (1851-53) e no Tribunal de Contas (1855-59), não largando nunca o pincel e a paleta, resignando-se a trabalhar como simples amador de pintura.
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D. João de Portugal, óleo sobre tela, 1863 . Representa o final do 2º acto do drama Frei Luis de Sousa, de Almeida Garrett. (Prova de pensionista do Estado apresentada à Academia de Belas-Artes de Lisboa como candidato a Académico de Mérito, em 1863) - Museu do Chiado/Museu Nacional de Arte Contemporânea |
Em 1859, com 33 anos, foi convidado a realizar para o Tribunal de Contas de Lisboa, o retrato do rei D. Pedro V (1837-1961) - em cujo reinado foi aprovada a reforma do Tribunal de 1859 que consolidou a independência do Tribunal. Com a aprovação do rei e da Academia obtém uma pensão em Itália (1860-1863) para complemento da sua aprendizagem. Interessado no estudo de anatomia, do nu e do retrato, copia, em pequenos formatos, obras dos grandes mestres. Trabalha também a partir do modelo vivo, cenas e figuras locais, e esboça pequenas composições inspiradas em temas literários como a pintura histórica D. João de Portugal - prova de pensionista do Estado apresentada à Academia de Belas-Artes de Lisboa como candidato a Académico de Mérito, em 1863 - realizada em Roma.
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Retrato da Marquesa de Belas, óleo sobre tela, 1874 (Obra classificada como interesse nacional. Legislação aplicável: Lei nº 107/2001, de 8 de Setembro) - Museu do Chiado/Museu Nacional de Arte Contemporânea |
Em 1864, no regresso de Roma visitou Paris, o que contribuiu para a sua formação como pintor. Chegado a Lisboa foi nomeado Académico de Mérito e professor de Desenho de Figura da Academia de Belas Artes de Lisboa, e em 1868 professor interino de Pintura de História, cargo que exerceu até à sua morte. Lupi tornou-se o artista predilecto do público. Nas exposições da Sociedade Promotora de Belas Artes de 1863 e 1864, os visitantes agrupavam-se de preferência na frente dos seus quadros.
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Camponesa, aguarela sobre papel, 1875 - Casa-Museu Dr. Anastácio Gonçalves |
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Besteiro, aguarela sobre papel, 1861-1863 - Museu do Chiado/Museu Nacional de Arte Contemporânea |
É na vasta obra de retratista que ao longo da década de 70 e início dos anos 80 se notabiliza como percursor do Naturalismo em Portugal, realizando algumas obras admiráveis da pintura portuguesa de Oitocentos, como o Retrato de António Feliciano de Castilho, 1873; A Mãe do Dr. Sousa Martins e A Marquesa de Belas, 1874; Os pretos de Serpa Pinto e Aguadeira de Coimbra, 1879; O Duque de Ávila e Bolama, 1880. Alguns dos seus melhores retratos encontram-se no Museu do Chiado/Museu Nacional de Arte Contemporânea em Lisboa. Por encomenda dos Paços do Concelho de Lisboa (CML) realizou a obra O Marquês de Pombal na reconstrução da cidade, em que o Marquês está rodeado pelos seus colaboradores, observando a planta que lhe é apresentada. Consciente
da necessidade de remodelar o ensino na Academia, publicou “Indicações
para a Reforma da Academia Real de Belas Artes de Lisboa” (1879).
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Estudo para o quadro O Marquês de Pombal. (Lisboa e o Marquês de Pombal, CML 1982, Museu da Cidade) |
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Estudo para o quadro O Marquês de Pombal (O duque de Lafões. No quadro final (CML) está sentado à direita do Marquês de Pombal), óleo sobre cartão, 1881/1883 - Museu do Chiado/Museu Nacional de Arte Contemporânea |
Premiado com a medalha de 1ª classe na Exposição Internacional de Madrid em 1871, expôs na Exposição Universal de Paris de 1867; Internacional de Londres de 1868; Salão de Paris de 1872; Internacional de Paris de 1878 e na do Rio de Janeiro de 1879. Participou na exposição da Promotora de 1863 a 1868. Após a sua morte a 26 de Fevereiro de 1883, Pinheiro Chagas publicou no Occidente (volume VI, 1883) uma extensa biografia do pintor. Ainda em 1883, os discípulos realizaram uma homenagem póstuma, com uma exposição retrospectiva da sua obra na Academia de Belas-Artes de Lisboa.
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Quadro O Marquês de Pombal (?? parece-me ser). Gabinete do presidente CML, 2008 - Sipa Foto |
Fontes:
http://www.matriznet.imc-ip.pt/MatrizNet/Entidades/EntidadesConsultar.aspx?IdReg=68206
http://www.infopedia.pt/$miguel-angelo-lupi
http://www.monumentos.pt/Site/APP_PagesUser/Default.aspx
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