Plantas e projectos para as edificações da Baixa
Vista parcial da Praça do Comércio. Fotografia de António Pedro Ferreira - Vieira, Alice (1993), Esta Lisboa. Lisboa: Caminho, S.A. |
Para que a realização da obra da reconstrução de Lisboa fosse possível, com método, eficiência e segurança, tornou-se necessário a organização de uma grande oficina que tudo coordenasse. Marquês de Pombal cria a “Casa do Risco das Reais Obras Públicas”, gabinete de trabalho constituído por uma equipa de engenheiros e arquitectos, quase todos com formação militar, que comandou todas as operações.
O seu primeiro dirigente foi, Eugénio dos Santos (1711-1760), sucedendo-lhe sucessivamente, na orientação das obras, Carlos Mardel (1696-1763) Reinaldo Manuel dos Santos e Manuel Caetano de Sousa (1730-1802). Esta oficina foi responsável pela formação de uma geração de arquitectos.
Com as plantas para a reconstrução de Lisboa já cumpridas, seguiram-se os primeiros projectos para o modelo de casas a serem edificadas na “Baixa” e outras zonas da cidade. Foram assinados por Eugénio dos Santos que os elaborou segundo as determinações de Manuel da Maia, no que respeita à altura dos prédios, número de andares, guarda-fogos... apresentam dois andares, além da loja, com varandas corridas em ambos os andares ou apenas no primeiro andar.
Planta topográfica da cidade de Lisboa arruinada, também segundo o novo alinhamento dos arquitectos Eugénio dos Santos Carvalho e Carlos Mardel, litografia colorida, 1947. Dim.: 57mm X 83mm. Projecto escolhido para a reconstrução de Lisboa após o Terramoto de 1755, da autoria dos arquitectos Eugénio dos Santos Carvalho e Carlos Mardel e datado de 12 de Junho de 1758. Apresenta a particularidade de mostrar, a rosa, as áreas arruinadas pelo terramoto de 1755, às quais se sobrepõe o projecto de reconstrução definitivo elaborado. A planta permite verificar a área abrangida pelo plano de reconstrução: S. Paulo, pelos arquitectos Eugénio dos Santos Carvalho e Carlos Mardel (escala: 2000 palmos) - Museu da Cidade |
Planta parcial de Lisboa III, desenho a tinta-da-china e aguarela s/ papel. Sec. XVIII (2ª metade). Dim.: 650 x 910 mm. Planta parcial de Lisboa representando, a rosa, a malha urbana pré-terramoto da zona compreendida entre o Cais do Sodré e o Largo da Misericórdia, à qual se sobrepõe o traçado da reconstrução - Museu da Cidade
Planta parcial de Lisboa II, desenho a tinta-da-china e aguarela s/ papel. Carlos Mardel, Eugénio dos Santos, Sebastião Elias Poppe e Carlos Andreias. 11 de Agosto de 1757. Dim.: 1580 x 1290 mm. Planta topográfica da zona compreendida entre o Bairro Alto, Amoreiras, Arco do Carvalhão, S. Sebastião da Pedreira, Anjos e Rossio, elaborada segundo as directrizes de Manuel da Maia - Museu da Cidade
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Um novo projecto realizado entre 1758 e 1759, igualmente assinado por Eugénio dos Santos, prevê três andares, além das lojas, o primeiro de janelas rasgadas com balcão corrido, dois de janelas de peitoril e o último amansardaddo. Estes projectos estiveram na base das construções da “Baixa” pombalina.
Eugénio dos Santos, autor do plano da Praça do Comércio, assim designada pelo Marquês de Pombal em homenagem à classe, desenvolveu-o em esquema aberto. Ao projecto inicial foi junto o projecto do alçado tipo dos edifícios que a emolduravam. Para estas edificações, Eugénio dos Santos propôs um modelo mais nobre, com dois andares de janelas rasgadas e duas fiadas intermédias de “mezaninos". Enriquece depois o conjunto com uma imponente arcada, dando maior beleza e imponência à harmoniosa praça. Pertence a Eugénio dos Santos a proposta dum arco triunfal no início da Rua Augusta, para o qual elaborou um esboço, substituído mais tarde por Mardel, que não foram construídos. São importantes os desenhos existentes na Academia de Belas- Artes, que representam a fachada norte da praça, e o que se guarda no Arquivo Histórico do Ministério da Habitação e Obras Públicas.
O plano pombalino para a reconstrução da cidade vai criar importantes inovações técnicas e desenvolver princípios urbanísticos e de higiene bem avançados para o tempo sendo de realçar os mais conhecidos:
1 – A uniformização das construções, permitindo a repetição dos modelos (molduras de portas e janelas, balaustres para as varandas…), que eram fabricados em grandes quantidades. O azulejo regressa ao padrão do séc. XVII para ser produzido em grandes quantidades.
2- A criação de condições de segurança contra os sismos e contra os fogos levou à invenção do guarda-fogos e da estrutura em madeira "gaiola", criada por Carlos Mardel.
3- As condições de salubridade melhoraram na “Baixa" lisboeta, onde a elevação dos terrenos, acabou com o inconveniente das inundações. As artérias ficaram mais espaçosas e arejadas. Por proposta de Manuel da Maia, o abastecimento de água à cidade foi facilitado pela construção de chafarizes nas zonas mais carenciadas.
4- A criação do “Passeio Público”, um longo recinto ajardinado, oferecido por Pombal à população de Lisboa. Projectado por Reinaldo Manuel dos Santos foi construído a partir de 1764.
O Passeio Público de Lisboa, litografia de Legrand. Arquivo Municipal de Lisboa.
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Passeio Público, pavilhão, lago e terraço da entrada norte. Fotografia, Estúdios Mário Novais. Arquivo Municipal de Lisboa.
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Saber mais:
Fontes:
CML (1982), Exposição Lisboa e o Marquês de Pombal, Museu da Cidade. Amadora: Heska Portuguesa.
Vieira, Alice (1993), Esta Lisboa. Lisboa: Caminho, S.A.
Utilizei duas fotografias desta publicação com imagens dos projetos para o Arco da Rua Augusta no meu recentíssimo Blog http://sobrelx.blogspot.pt/ na publicação "Arco da Rua Augusta - Miradouro".
ResponderEliminarTive o cuidado de manter a legenda das fotografias e acrescentei como fonte das fotografias o seu blog.
Agradeço desde já o seu contributo "voluntário"...
Caso, assim o entenda, posso retirá-las.
Cara leitora, refere que mencionou o "comjeitoearte" como fonte das fotografias que publicou no seu blog. Penso ser essa a atitude correcta. Agradeço a divulgação e o seu interesse.
EliminarCOMJEITOEARTE Uso algumas destas imagens, devidamente referida a fonte, para apresentação a Universidade Sénior, em aula de História da Arte.
ResponderEliminarMuito obrigada Mary
Boa tarde Mary. Fique à vontade. Estou feliz por poder "ajudá-la" no seu trabalho.
EliminarFelicidades.