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A Volta do Mercado, óleo sobre tela, António Carvalho da Silva Porto, 1886 - Museu do Chiado, Museu Nacional de Arte Contemporânea |
Lisboa teve mercados de produtos hortícolas, frutas e outros comestíveis frescos, anteriores à edificação do mercado da Praça da Figueira, que parece ter sido o primeiro mercado fixo de comestíveis frescos de Lisboa.
Antes de 1460, efectuava-se um mercado de hortaliças e frutas nas arcadas da Rua da Ferraria (zona ribeirinha conquistada ao Tejo, junto da muralha nova de D. Fernando), que posteriormente foi transferido para as imediações do mercado de pescado da Ribeira Velha. Também existiu um mercado de hortaliças e fruta no Largo da Madalena que, em finais do século XVI, foi deslocado para o Rossio, em frente ao palácio dos Condes de Almada, quando ali se realizava a Feira da Ladra.
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Mercado da Praça da Figueira, óleo sobre tela, N. Delarive, 1792 (saloias montadas em cavalos e outras com cestas de frutas)..Reprodução fotográfica - El Pueblo de Lisboa (1980), CML. |
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Campesina dos arredores de Lisboa, Saloia, gravura, H. L'Éveque, 1814 - El Pueblo de Lisboa (1980), CML. |
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Ill.mo e Ex.mo Senhor – As Cortes Gerais e Extraordinárias da Nação portuguesa, conformando-se com o incluso Parecer da Comissão de Agricultura, atentos os motivos, aí ponderados: Ordenam, que a Praça da Figueira seja livre para todo o vendedor, ficando permitida a qualquer a venda de géneros por grosso ou por miúdo, sem dependência de manifestos, atestados, ou licenças, que tudo se há por extinto, observada com tudo a policia da Praça relativa ao arruamento e guardadas as mais Posturas do Senado da Câmara actualmente existentes. O que Vossa Excelência fará presente na Regência, para que assim se execute.
Deus guarde Vossa Excelencia. Paço das cortes em 16 de Abril de 1821.
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D. José decretou que "se devassasse, em benefício do público, uma área de quatro frentes, para se estabelecer uma praça de frutas e hortaliças, com arruamentos e cabanas necessárias ao serviço e uso dela". O local escolhido situava-se perto do Poço do Borratém - palavra que em árabe significava "figueira" - no terreno doado pelo Rei, onde,
antes do terramoto, existia o Hospital de Todos-os-Santos.
As vendedeiras de frutos e hortaliças do
Rossio e outras partes da cidade de Lisboa, os agricultores que traziam frutas e
legumes pela manhã à cidade, e também as mulheres que
quisessem ter um local fixo de venda, instalavam-se nesta área.
Este mercado que no principio foi conhecido por Horta do Hospital, Praça das Ervas e Praça Nova, popularizou com a designação de Praça da Figueira. Tinha 210 lugares destinados em principio à venda exclusiva de frutas e hortaliças. Posteriormente foi admitida a venda de aves, tabernas e tendas de bebidas. Na primeira fase, por volta de finais do século XVIII, o mercado era descoberto e as vendedeiras destribuíam-se de forma desordenada.
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Novo Guia do viajante em Lisboa e seus arredores Cintra, Collares, Mafra ...Por F. M. Bordalo 1863 - FCG Biblioteca da Arte
Levantamento topográfico de Francisco e César Goullard: planta n.º 36, c.187?. (Na planta, assinalei digitalmente o espaço do Mercado da Praça da Figueira com a cor verde).
Levantamento topográfico de Francisco e César Goullard: planta n.º 43, Janeiro de 1879. (Na planta, assinalei digitalmente o espaço do Mercado da Praça da Figueira com a cor verde).
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Em 1835 realizam-se as primeiras obras, no centro do recinto foi construído um poço, foi arborizado e iluminado e renovados os postos de venda. Em 1849 a praça foi cercada com grades e oito entradas fechadas com portões de ferro. Em 1882, foi aprovado o projecto do novo mercado em ferro, ocupando uma área de quase 8 mil metros quadrados. Foi estreado em 24 de Abril de 1885, e existiu até o dia 30 de Junho de 1949, ano em que foi demolido. No local ficou apenas a estátua equestre de D. João I, da autoria do escultor Leopoldo de Almeida, sobre pedestal de Jorge Segurado.
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A Vendedeira de Laranjas, óleo sobre tela, 1929. Maria de Lourdes de Mello e Castro. Foto de José Pessoa - Museu José Malhoa |
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Hortaliceiras, óleo sobre tela, 1938. José Almeida e Silva - Museu Grão Vasco |
Fontes:
Lisboa, revista municipal nº 19 de 1987, Hemeroteca Municipal de Lisboa
El Pueblo de Lisboa, (1980), CML
Apesar de ter nascido noutro bairro (Alto do Pina) quando era miúdo este era o meu local de peregrinação pelo fascínio que exercia em mim.
ResponderEliminarTrocar aquele monumento por um senhor montado num burro,acho que não foi bom negócio.
Nem para o senhor,nem para o burro,nem para a cidade de Lisboa.
José Guerreiro
O espaço actual da Praça da Figueira está mais "arejado", limpo e menos ruidoso. O mercado, a manter, seria de maior utilidade e mais um local de visita.
EliminarSaudações!