sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Nadir Afonso expõe em Veneza - Bienal de Arquitectura de Veneza

Nadir Afonso,  Istituto Veneto di Scienze Lettere e Arti

De 30 de Agosto a 10 de Novembro de 2012, decorre em Veneza na sede do Istituto Veneto di Scienze Lettere e Arti no Palazzo Loredan, a exposição Dell'a estetica surrealista alla cittá cromatica (Da estética surrealista à cidade cromática), com curadoria de Stefano Cecchetto em colaboração com a Fundação Nadir Afonso.
A exposição de Nadir Afonso, que decorre por ocasião da Bienal de Arquitectura de Veneza, insere-se num conjunto de iniciativas da Fundação Nadir Afonso, no intuito de comemorar os 90 anos do Mestre, com várias exposições internacionais. (aqui)
Fundação Nadir Afonso

Nadir Afonso Rodrigues (Chaves, 4 de Dezembro de 1920) é um arquitecto e pintor português. Diplomou-se em Arquitectura na Escola de Belas-Artes do Porto. Obteve uma bolsa de estudo do governo francês, por intermédio de Portini, que lhe permitiu estudar pintura na École des Beaux-Arts de Paris.
Até 1948 e novamente em 1951 foi colaborador do arquitecto Le Corbusier. Simultaneamente trabalhou em pintura, servindo-se por algum tempo do atelier de Fernand Léger. De 1952 a 1954 trabalhou com o arquitecto Óscar Niemeyer, no Brasil. Regressou a Paris, retomou contacto com os artistas orientados na procura da arte cinética, desenvolvendo os estudos sobre a série Espacillimité. Na vanguarda da arte mundial expõe em 1958 no Salon des Réalités Nouvelles, Espacillimités.
 
 Procissão em Veneza ( Período Realismo Geométrico) - Fundação Nadir Afonso

 
Gôndolas ( Período Realismo Geométrico) - Fundação Nadir Afonso 

Representou Portugal na Bienal de São Paulo, no Brasil, em 1961 e em 1969. Em 1967 recebeu o Prémio Nacional de Pintura e, passados dois anos, o Prémio Amadeo de Souza-Cardoso. A Fundação Calouste Gulbenkian dedicou-lhe uma exposição retrospectiva que foi apresentada em 1970, no Centre Culturel Portugais, em Paris, e posteriormente em Lisboa. No ano de 1974, na Selected Artist Gallerie, em Nova Yorque realiza a primeira exposição individual. A crítica aplaude-o não o poupando a elogios. É condecorado com os graus de Oficial (1984) e Grande-Oficial (2010) da Ordem Militar de Sant’Iago da Espada Doutor Honoris Causa pela Universidade Lusíada de Lisboa (2010). 

 
 Gare de Austerlitz, acrílico sobre tela (Período Fractal) - Fundação Nadir Afonso

 
 Électre et Oreste ( Período Organicismo) - Fundação Nadir Afonso

No mesmo ano, foi realizada uma grande exposição da sua obra, ,no Museu Nacional de Soares dos Reis, Porto, e, seguidamente, no Museu Nacional de Arte Contemporânea do Chiado, Lisboa. O Museu da Presidência da República dedicou-lhe uma exposição retrospectiva. Em Janeiro de 2009 foi apresentado em Chaves, o projecto da autoria de Siza Vieira da sede da Fundação Nadir Afonso, prevendo-se a sua abertura para 2011.

  Fontainebleau I, óleo sobre tela, c. 1962 (Período Perspéctico) - Fundação Nadir Afonso

 Espacillimité, guache sobre papel, 1954 (Período  Espacillimité) - Fundação Nadir Afonso

  Frise Des Coqs, óleo sobre tela, c. 1954 (Período Egípcio) - Fundação Nadir Afonso

Em Dezembro de 2010, já com 90 anos, foi agraciado com o grau de Grande-Oficial da Ordem de Sant'Iago da Espada, por mérito artístico.
Está representado em colecções do Estado, nos Museus Soares dos Reis, Chiado, Fundação Calouste Gulbenkian (Centro de Arte Moderna), bem como em inúmeras colecções públicas e privadas, em Portugal e no estrangeiro.



Estudo para Demogorgon, guache, 1956 ( Período Barroco) - Fundação Nadir Afonso

Évora Surrealista, óleo sobre contraplacado de madeira, 1945 (Período Surrealista) - Fundação Nadir Afonso

 Ribeira ( A Primeira Modernidade) - Fundação Nadir Afonso

 Larouco, anos 30 (Primeiros trabalhos) - Fundação Nadir Afonso

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Biografia do pintor Jean-Auguste Ingres

Auto-Retrato com a idade de 24 anos, óleo sobre tela, 1804 - Museu Condé, Chantilly


Dia 29 de Agosto (aqui)


Jean-Auguste Dominique Ingres ((29 de Agosto de 1780, Montauban – 14 de Janeiro de 1867, Paris), mais conhecido simplesmente por Ingres, foi um pintor francês, que executou a sua obra na passagem do Neoclassicismo para o Romantismo. Filho do pintor e escultor, Jean-Marie-Joseph Ingres (1755-1814), iniciou a sua formação académica na Academia de Toulouse. Viajou para Paris em 1796 e foi discípulo de Jacques-Louis David, o mais célebre dos neoclássicos de França. Ingres defendia a supremacia da linha sobre a cor, o estudo da escultura antiga e o valor do desenho de modelo vivo, princípios que ele melhorou, usando a linha como elemento expressivo da forma.

Auto-retrato, grafite sobre papel teceu, 1822 - Galeria Nacional de Arte, EUA
Retrato de Madeleine Chapelle ou Madame Ingres, grafite sobre papel teceu, 1814 - Museu Metropolitano de Arte, MMA
Ingres ganhou o Prix de Rome em 1801, com a obra Os Embaixadores de Agamemnon na Tenda de Aquiles, mas devido à economia do estado de França, a sua viagem seria preterida até 1806, quando houve disponibilidade de fundos. No intervalo, Ingres produziu os seus primeiros retratos. Estes dividem-se em duas categorias: auto-retratos e retratos dos seus amigos, concebidos num espírito romântico - Auto-Retrato, 1804 - retratos por encomenda, caracterizados pela pureza da linha e brilho da cor - Mademoiselle Rivière, 1806.

Retrato de Mademoiselle Rivière, óleo sobre tela, 1806 - Museu do Louvre
Baigneuse Valpinçon 1808; H. : 1,46 m. ; L. : 0,97 m.- Museu do Louvre
La Grande Odalisque, 1814; H. : 0,91 m. ; L. : 1,62 m. - Museu do Louvre
Nos primeiros anos em Roma, continuou a executar retratos e começou a pintar banhistas, tema que se tornaria um dos seus favoritos - A Banhista de Valpinçon, 1808. Quando terminou a sua bolsa de estudos de quatro anos, permaneceu em Roma e ganhou a vida realizando retratos em grafite, de membros da colónia francesa. Ingres casou em 1813 com Madeleine Chapelle. Na primavera de 1814, Ingres viajou até Nápoles a fim de pintar Carolina Bonaparte. Pintou outras encomendas de retratos e realizou composições como A Grande Odalisca. A queda de Napoleão deixou-o de súbito sem patrono. Recebeu a sua primeira encomenda oficial de três anos, em 1817, um Cristo dando as chaves a São Pedro, completado em 1820. Em 1820 mudou-se de Roma para Florença, onde permaneceu por quatro anos, trabalhando em O Voto de Luís XIII, encomendado para a Catedral de Montauban.

La Grande Odalisque (detalhe ), 1814, H. : 0,91 m. ; L. : 1,62 m. - Museu do Louvre
Odalisque, litografia, 1825 - Galeria Nacional de Arte, EUA
O trabalho de Ingres era frequentemente criticado em Paris, por causa das suas distorções 'Góticas'. A obra O Voto de Luis XIII, foi exibido no Salão de 1824, e rendeu-lhe finalmente o tão ambicionado sucesso e a aceitação da crítica. Concebida num estilo Rafaelesco e relativamente livre da arcaísmos, pelo que o autor havia sido tão fustigado nos anos anteriores, a composição foi admirada até mesmo pelos mais intransigentes Davidianos, e a sua fama constou em França. Em Janeiro de 1825, antes do enceramento do Salão, recebeu a Cruz da Legião de Honra e em Junho foi eleito para o Instituto de França.

The Vow of Louis XIII, óleo sobre tela, 1924 - Catedral de Notre-Dame, Montauban
The Dream of Ossian, lápis, giz preto e branco, aguada verde-azul, sobre papel, 1811 - Galerias Nacionais da Escócia
The Martyrdom of Saint Symphorien, óleo sobre tela, 1834 (réplica 1865) - Museu de Arte de Filadélfia
Etudes pour le Martyre de saint Symphorien, óleo sobre tela, 1824-1834 - Museu Ingres
Ingres permaneceu em Paris durante os próximos dez anos e recebeu as honras, que sempre desejou. Durante este período, dedicou grande parte do seu tempo à execução de duas grandes obras, a Apoteose de Homero, 1827, encomendada pelo governo, e o Martírio de São Sinforiano, 1834, realizada para a Catedral de Autun e mostrado no Salão de 1834. Este último quadro foi mal recebido, no entanto, uma oportunidade fê-lo voltar a Roma, tornando-se o novo diretor da extensão da academia de Paris naquela cidade, onde se manteve por sete anos.

Études pour l'Apothéose d'Homère,1826 - 1827; H. : 0,34 m. ; L. : 0,31 m.- Museu do Louvre
Seated Female Figure. Study for the Figure of the Iliad in "Apotheosis of Homer", grafite e giz preto, realçada com giz branco, sobre papel pardo, 1827 - MMA
Study for the Drapery of Molière in the "Apotheosis of Homer", giz preto - MMA
L'Apothéose d'Homère, 1827; H. : 3,86 m. ; L. : 5,12 m. - Museu do Louvre
Em 1841, voltou a França, onde exibiu privadamente Antíoco, 1840. A imprensa foi tão favorável, que todas as honras lhe foram prestadas. Foi recebido por numerosos admiradores, foi homenageado num  banquete e foi convidado pelo rei para uma audiência. O retrato do Duque de Orleães que realizou em seguida foi copiado diversas vezes, por força do impacto que causou a sua morte por atropelamento. Os grandes painéis que foram encomendados para o Castelo de Dampierre, iniciados em 1843 com grande entusiasmo, foram contudo deixados inacabados, uma vez que o falecimento da esposa em 1849, o deixou bastante deprimido. Depois de ultrapassar essa fase, produziu trabalhos em pequena escala e em Outubro de 1851, renunciou ao cargo de professor na Escola de Belas-Artes. O seu segundo casamento em 1852, contribuiu para a sua felicidade e Ingres continuou a trabalhar com grande vontade.

La maladie d'Antiochus, ou Antiochus et Startonice, óleo sobre tela, 1840 - Museu Condé
Retrato de Ferdinand-Philippe-Louis-Charles-Henri de Bourbon-Orléans, duque d'Orléans (1810-1842), 1842; H. : 1,58 m. ; L. : 2,22 m. - Museu do Louvre
Catorze figuras de Santos; H. : 2,10 m. ; L. : 0,92 m - Museu do Louvre
Catorze Figuras de Santos H. : 2,10 m. ; L. : 0,92 m.  - Museu do Louvre - Catorze Figuras de Santos, no qual os membros da família real (incluindo o Duque e a Duquesa de Orléans, Ferdinand-Philippe e Hélène e rainha Marie-Amélie) têm representados os seus santos padroeiros. Cartões pintados em 1842 para os vitrais da capela erigida no local do acidente fatal de Ferdinand Philippe, Duque d'Orleães (1810-1841), filho mais velho do rei Louis-Philippe. Esta capela, construída originalmente em Neuilly, mudou para um lugar próximo, em Paris, em 1970.

 Vitrais da Igreja de Notre-Dame da Compaixão (Capela Real) no lugar do general Koenig - cartão por Jean Auguste Dominique Ingres (por volta de 1843).
Uma das suas obras-primas reconhecidas, o Banho Turco, 1862, foi realizada por Ingres quando tinha oitenta e dois anos. Nesse mesmo ano foi nomeado para o Senado francês. Morreu depois de uma breve doença em Janeiro de 1867, aos oitenta e sete anos, interrompendo assim o seu trabalho. Fez uma doação de obras (várias pinturas e desenhos de mais de 4.000) à sua cidade natal, dando origem ao actual Museu Ingres. Edgar Degas, um grande colecionador de suas pinturas, compartilhou a opinião de Henri Lapauze, quando este interpretou as criações de Ingres, como sendo a fonte da modernidade francesa. As  suas obras exerceram influência sobre o trabalho de Matisse, Picasso e Derain, entre outros mestres modernos. Na sua carreira encontrou grandes sucessos e grandes fracassos, mas é considerado hoje um dos mais importantes nomes da pintura do século XIX.

Retrato de Joséphine-Éléonore-Marie-Pauline de Galard de Brassac de Béarn (1825–1860), Princesa de Broglie, óleo sobre tela, 1851-1853 - MMA
Retrato de Joséphine-Éléonore-Marie-Pauline de Galard de Brassac de Béarn (1825–1860), Princesa de Broglie (detalhe), óleo sobre tela, 1851-1853 - MMA
Étude pour Le Bain Turc, caneta e tinta castanha; H. : 00,159 m. ; L. : 00,106 m. - Museu do Louvre
Le Bain Turc 1862; H. : 1,08 m. ; L. : 1,10 m. - Museu do Louvre
Le Bain Turc (detalhe), 1862 ; H. : 1,08 m. ; L. : 1,10 m. - Museu do Louvre

Fontes:
http://www.wga.hu/frames-e.html?/html/i/ingres/index.html
http://pt.wikipedia.org/wiki/Jean-Auguste_Dominique_Ingres

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Biografia do fotógrafo e pintor Man Ray

Man Ray, fotografia, gelatina e prata, 1931 - MOMA

Dia 27 de Agosto (aqui)


Emmanuel Radnitsky ou Man Ray (Filadélfia, 27 de Agosto de 1890 - Paris, 18 de Novembro de 1976) foi um fotógrafo e  pintor  americano.


George Biddle pintando o retrato de Man Ray, fotografia, gelatina e prata, 1941 - Museu de Arte de Filadélfia
Ray mudou-se para Nova Iorque ainda criança e adoptou o pseudónimo de Man Ray, logo em 1912. Frequentou aulas de desenho ao vivo no Ferrer Center, sob a orientação de George Bellows e Robert Henri em 1912. Viveu por um tempo na colónia de arte de Ridgefield, onde realizou e ilustrou diversos folhetos como o Gazook de Ridgefield, publicado em 1915. Conheceu o pintor francês Marcel Duchamp em 1915 e colaborou com ele ao iniciar o movimento Dadá em Nova Iorque. 

Self-Portrait Assemblage, fotografia, gelatina e prata, 1916 - Museu J. Paul Getty
The Mime, óleo sobre aglomerado, 1916 - MMA
Promenade, guache sobre prata e gelatina, 1915/1945 - MOMA
The Rope Dancer Accompanies Herself with Her Shadows, óleo sobre tela, 1916 - MOMA
La Femme et son Poisson, Pisces, óleo sobre tela, 1938 - TATE
Foi um influente membro da Internacional Dadá e Surrealistas, que incluía Tristan Tzara, Jean Cocteau, Max Ernst, Dali, Picasso, Paul Eluard e André Breton. Muitas das figuras centrais do surrealismo - Breton, Magritte, Dali - seguiram o seu exemplo no uso de fotografia, além de outros meios de comunicação. A sua primeira exposição individual foi na Daniel Gallery, Nova Iorque em 1916. Começou a fazer pinturas abstractas em 1916, com formas simples e cores vivas, experimentando pinturas com aerógrafo e esculturas-objectos. 

Le Violon d'Ingres, fotografia, prata e gelatina, 1924 - Museu J. Paul Getty
Sem título, fotografia, gelatina e prata, 1929 - MOMA
Sem título, fotografia, gelatina e prata, 1931 - MOMA
The Model, fotografia, gelatina e prata, 1933 - MMA
Female Head, impressão de carbono de duas cores, pigmento aplicado, lápis, 1930 - Museu J. Paul Getty
Aprendeu a fotografar sozinho, a fim de reproduzir as suas próprias obras de arte. Chegando a  Paris em 1921, rapidamente iniciou a sua actividade como fotógrafo, trabalhando para revistas como Vanity Fair e Vogue, além de realizar retratos de diversos artistas. Tornou-se famoso como fotógrafo de retratos, na década de 1920 e 1930. Iniciou a realização de fotogramas a que ele chamou de Rayographs (fotogramas) em referência a si mesmo e imagens em movimento.  

Untitled Rayograph: From the Portfolio "Les Champs Délicieux", (fotograma) gelatina e prata, 1922 - Museu J. Paul Getty
Rayograph, (fotograma) gelatina e prata, 1922 - MOMA
Rayograph, (fotograma) gelatina e prata, 1923 - MOMA
Fly and Landscape, fotografia, gelatina e prata, 1935/1936 - Museu J. Paul Getty
Optical Exercise I, fotografia, gelatina e prata, 1942 - Museu J. Paul Getty
Pouco antes da Segunda Guerra Mundial, por volta de 1940, Man Ray voltou aos Estados Unidos e estabeleceu-se em Los Angeles. Nos Estados Unidos, foi reconhecido principalmente como fotógrafo, embora se tenha dedicado ao cinema, pintura, escultura e outros meios de comunicação em que trabalhou.  Em 1951, Man Ray retornou a Paris. A partir de meados de 1930 e até 1976, pintou regularmente, tendo como inspiração a obra de Chirico e Magritte. Morreu em Paris.

Pablo Picasso, fotografia, gelatina e prata, 1932 - Galeria Nacional de Arte
Salvedor Dali, fotografia, gelatina e prata, 1929 - MOMA
Marcel Duchamp as Rrose Sélavy, fotografia, gelatina e prata, 1920/21 - Museu de Arte de Filadélfia
Still Life, impressão de carbono a três cores, 1933 - Museu J. Paul Getty
Emak Bakia, madeira e pelo de cavalo, 1926/1970 - TATE
Cadeau, ferro e pregos, 1921/1972 - TATE
Fontes:
http://www.getty.edu/art/gettyguide/artMakerDetails?maker=2036
http://www.moma.org/collection/browse_results.php?criteria=O%3AAD%3AE%3A3716&page_number=&template_id=6&sort_order=1