sexta-feira, 26 de fevereiro de 2021

Interiores do séculos XVII e início do século XVIII, na pintura

Retrato de Casal num Interior. Autor: Eglon van der Neer (holandês). Técnica: óleo sobre madeira. Data: 1665 - 1667. Dimensões: 73,9 x 67,6 cm.
Um casal da burguesia rica, está comodamente sentado no seu quarto, onde se vê couro estampado cobrindo a parede, tapete persa sobre a mesa, e encimando a lereira um quadro com a imagem de Venús.  Museum of fine Arts, Boston 


O estilo Barroco teve origem em Itália, no meio romano, por influência de geniais pintores e arquitectos. Este estilo, vai abranger a primeira metade do século XVII e estender-se aos primeiros anos do século XVIII. Com impacto significativo, a  sua influência vai dominar a Europa e posteriormente o Mundo Novo.


Gabinete com suporte (1690-1700). Barroco/Chinoiserie. Autor: Desconhecido. Local de origem: Inglaterra (fabricado). Materiais: Madeira decorada com figuras chinesas em paisagens com plantas exóticas, sobre fundo pintado a imitar carapaça de tartaruga; interior decorado com pássaros e flores.  O suporte e a crista são ricamente entalhados e prateados, ostentando  decorações barrocas.  Data: Século XVII. Estas peças de mobiliário, destinadas a guardar objectos valiosos, prestigiavam o seu proprietário. - Victoria and Albert Museum


Mesa (1690). Barroco. Autor: Desconhecido. Local de origem: Itália (fabricado). Materiais: Madeira entalhada e dourada; pedra de mármore Breccia. Data: Século XVII. A mesa é uma verdadeira escultura, ricamente dourada e trabalhada, com folhagens e máscaras grotescas. - Victoria and Albert Museum


Os Cinco Sentidos - Visão. Autor: Abraham Bosse (1602 - 1676), depois. Técnica: óleo sobre tela.  Dimensões: 104 x 137 cm. Local de produção: França.
Num quarto com tapeçarias na parede e cama de dossel, uma mulher ajuda outra a vestir a roupa enquanto um homem olha através de um telescópio. - Musée des Beaux Arts Tours  
 

O mobiliário barroco, opulento e extravagante, surge ligado a soluções exageradamente ornamentadas e luxuosas, com peças cobertas de dourados e aspecto imponente, destinadas a impressionar, o que levava, por vezes, a anular todo o carácter utilitário. A par da criação de peças majestosas, existe a produção de móveis de uso comum, baseados em modelos antigos e adaptados às novas tendências, com variações regionais na composição dos elementos decorativos e nas proporções.

Gabinete com suporte (1661-1670). Barroco/Luís XIV. Autor: Pierre Gole, nomeado marceneiro do rei em 1691. Local de origem: Paris (fabricado). Materiais: Folheado a marfim, carapaça de tartaruga, osso e marchetaria floral de várias madeiras; molduras de ébano e suportes de latão sobre estrutura de pinho e carvalho com gavetas de nogueira. Data: Século XVII - Victoria and Albert Museum

Guarda-louça (1690-1700). Barroco. Autor: Desconhecido. Local de origem: Paris (fabricado). Materiais: Folheado a ébano e pau-santo,  todas as superfícies decoradas com marchetaria floral e animal em madeira tropical; estrutura de madeira macia e carvalho. - Victoria and Albert Museum

Pintura de Cena de Interior. Homens a cantar e tocar violino. Técnica: Óleo sobre tela. Medidas: 41,5 X 58cm.  Autor: Pieter Janssens Elinga. Data: Cerca de 1680. Origem: Holanda.
A mesa e as cadeiras estão colocadas ao longo das duas paredes visíveis, para deixar livre o espaço no centro. 
- Hallwylska Museet


O estilo Luís XIV, surge em França, fortemente influenciado pelo barroco. Com a intenção de glorificar a monarquia, Luis XIV (1654 - 1715) inicia um programa de construções que envolve o design e o mobiliário, entre outras. As peças são de grande aparato, com forte aspecto decorativo e simetria, destinadas a dar a impressão de majestade e a decorar amplos espaços. 


Mesa pequena com tampo dobrável (mesa brisé). Autor: Alexandre -Jean Oppenordt. Data: ca. 1685. Local de origem Paris, França. Materiais: madeira de carvalho, pinho e nogueira folheada a ébano, pau-rosa e marchetaria de tartaruga e latão gravado; bronze dourado e aço. Esta pequena  escrivaninha foi fornecida em 1685, para ser usada pelo rei Luis XIV no seu escritório no castelo de Versalhes. A decoração do tampo inclui o monograma do rei entrelaçado com um simbolo do sol.  - The Metropolitan Museum of Art



Gabinete. Autor: Atribuído a André Charles Boulle, nomeado marceneiro real em 1672. Data: 1700. Local de origem Paris, França. Materiais: madeira de carvalho, folheado com ébano de Macassar e Gabão, madeira de fruto ebonizada, e marchetaria de tartaruga e latão; bronze dourado. As 8 montagens de bronze sobre os cantos do gabinete, representam deuses do vento. Estes móveis eram utilizados para guardar roupa.- The Metropolitan Museum of Art


Cena num Quarto de Dormir. Autor: Desconhecido. Técnica: Óleo sobre tela. Data: ca. 1690. Dimensões: 47,5 x 72 cm. Local de origem: França.
A pintura parece mostrar o interior de um quarto de dormir francês, no final do século XVII. A cama de dossel, com cortinas de veludo encarnado com franjas douradas e, as costas altas das cadeiras, 
são o tipo de mobiliário de origem francesa, muito difundido na Europa, tal como as tapeçarias penduradas nas paredes. - Victoria and Albert Museum


A riqueza e o colorido dos materiais utilizados, define a enorme importância atribuída à decoração. A técnica mais característica do mobiliário barroco é a marchetaria, realizada com madeiras preciosas e combinada com materiais ricos como marfim, prata, mármore, ágata ou lápis-lazúli. A moda das lacas chinesas vai permitir a aplicação de painéis com lacas orientais, sobre a armação dos móveis. As peças com acabamento dourado e prateado são muito divulgadas nesta época.


Guarda-roupa (ou outros objectos). Autor: Desconhecido.. Data: ca. 1700. Local de origem: Paris, França. Materiais: Madeira de carvalho e pinho, folheada a ébano,com marchetaria de ébano, pau-de-cobra, pau-púrpura, tartaruga, latão, estanho e painéis de chifre transparente sobre pigmento azul; bronze dourado.
Armários semelhantes a este foram adaptados no final do século XVII para decorar salas de estado. - Victoria and Albert Museum
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Cadeira. Autor: Desconhecido. Local de origem: Paris, França. Data: ca. 1675-1685. Materiais: Madeira de nogueira entalhada e dourada. Estofo no assento e encosto em veludo com franja dourada.
Cadeiras desta tipo estavam muito em voga em Paris, durante este periodo. - Victoria and Albert Museum.


Alegoria de Inverno. Autor: Nicolas Lancret. Técnica: Óleo sobre tela. Data: 1720. Dimensões: 115 x 94 cm. Colecção particular.
A alegoria de Inverno, retrata as ocupações quotidianas da classe alta em Franca, no início do século XVIII. O interior está decorado ao estilo Regência, que se situa na transição entre o barroco de Luís XIV e o Rococó de Luís XV. - Web Gallery of Art

O estilo Luís XIV, faustoso e solene, vai impor-se às outras cortes europeias. Para a produção de móveis de luxo, os artesãos especializam-se e produzem obras de excepcional qualidade. André Charles Boulle (1642-1732), um dos mais ilustres mestres de marchetaria, ao mesmo tempo que cinzelador, bronzista e entalhador, concebe com um alto grau de perfeição o mobiliário Luís XIV, sendo por isso nomeado marceneiro real, em 1672.


Chambre du Roi. Aposento real no castelo françês de Vaux-le-Vicomte, França.
A riqueza, sumptuosidade e solenidade do estilo barroco, bem ao gosto de Luís XIV.
À esquerda, uma mesa consola de proporções maciças, ricamente esculpida e dourada.  Ao fundo, a cama com dossel, decorada nos quatro ângulos superiores e envolvida em tecido pesado e precioso. Cadeiras e banquetas com estrutura em madeira dourada, e estofo revestido de tecido. À direita  um móvel gabinete, com suporte. - Castelo de Vaux-le-Vicomte
  

Tapeçaria, Julho. Autores: Jean De La Croix (fabricante) e Charles Le Brun (designer). Local de origem: Fabricada em Gobelins, Paris. Data: 1670 - 1700.  Técnica: Tapeçaria tecida em lã e seda. 
Esta tapeçaria pertence a uma série que representa doze das residências reais de Luís XIV, durante os diferentes meses do ano. O rei é representado a caçar, com a sua comitiva, no terreno do seu castelo. - Victoria and Albert Museum.


A manufactura de Gobelins, sediada em Paris, em 1662, produz tapeçarias, móveis e outros objectos destinados às muitas residências do rei. 
As derrotas militares e a menor disponibilidade económica,
forçam a corte francesa a uma vida menos faustosa, e a uma redução drástica  nos seus gastos com a arte. A produção de móveis foi afectada e a fábrica de Gobelins foi encerrada entre 1694 e 1699.



A Declaração de Amor. Autor: Jean François  de Troy. Técnica: Óleo sobre tela. Data: 1724. Dimensão: 65,1 x 53,3 cm.
Na década de 1720, a combinação das curvas entre os vários objectos como a moldura do quadro e o sofá estava muito em voga - The Metropolitan Museum of Art.

Consola. Autor: Desconhecido. Local: Portugal. Data: 1720 -1740. Técnica: Talha dourada sobre madeira de castanho e tampo de mármore policromado. 
Decorada com motivos de cariz vegetalista - festóes e folhas de acanto, que se entrelaçam com volutas e concheados. -  Museu Nacional Machado de Castro, MatrizNet.
Exposições: "Triomphe du Barroque" - Bruxelas Europália, 1991; "Triunfo do Barroco" -  Centro Cultural de Belém, 1992.


Fontes:

https://collections.mfa.org/objects/32816/portrait-of-a-man-and-woman-in-an-interior?ctx=9b205cf7-b743-4978-8d78-8dd800c1b84c&idx=3

https://collections.vam.ac.uk/item/O53113/cabinet-on-stand-unknown/

https://collections.vam.ac.uk/item/O110811/pier-table-unknown/

http://www.mba.tours.fr/TPL_CODE/TPL_COLLECTIONPIECE/97-17e.htm?PIECENUM=1219

https://collections.vam.ac.uk/item/O70195/cabinet-on-stand-gole-pierre/

https://collections.vam.ac.uk/item/O368613/cupboard-unknown/ 

http://emuseumplus.lsh.se/eMuseumPlus?service=ExternalInterface&module=collection&objectId=14187&viewType=detailView

https://www.metmuseum.org/art/collection/search/207667

https://www.metmuseum.org/art/collection/search/202281?searchField=All&sortBy=Date&when=A.D.+1600-1800&where=Europe&what=Furniture&amp

https://collections.vam.ac.uk/item/O73224/scene-in-a-bedchamber-painting-unknown/

https://collections.vam.ac.uk/item/O58173/cupboard-unknown/

https://collections.vam.ac.uk/item/O232826/chair-unknown/

https://www.wga.hu/frames-e.html?/html/l/lancret/season4.html  

https://vaux-le-vicomte.com/decouvrir/le-chateau/

https://collections.vam.ac.uk/item/O131131/july-tapestry-charles-le-brun/

https://www.metmuseum.org/art/collection/search/438127?searchField=All&sortBy=Relevance&who=Troy%2c+Jean+Fran%c3%a7ois+de%24Jean+Fran%c3%a7ois+de+Troy&ft=*&offset=0&rpp=20&pos=4   

 http://www.matriznet.dgpc.pt/MatrizNet/Objectos/ObjectosConsultar.aspx?IdReg=159680&EntSep=4#gotoPosition     

Montenegro, Ricardo. Guia da História do Mobiliário. 1995. Presença, Editorial. Lisboa.

1974. O Grande Livro da Deciração Selecções do Reader´s Digest. 


terça-feira, 16 de fevereiro de 2021

Carmen Dolores, uma interprete admirável

 

CARMEN DOLORES. Suplemento nº 1754 "Modas e Bordados - Vida Feminina", 19 de Setembro de 1945.

 

"Carmen Dolores, a graciosa ingénua do cinema português, é também e, principalmente, uma interprete admirável de teatro radiofónico, onde a sua voz, de timbre agradabilíssimo, serve um temperamento artístico equilibrado e raro.

19 de Setembro de 1945.

Suplemento nº 1754, "Modas e Bordados - Vida Feminina", 


Carmen Dolores. Séc. XX. - Museu Nacional do Teatro, MatrizNet


Carmen Dolores (1924 - 2021), inicia-se no teatro radiofónico na Rádio Clube Português, aos 12 anos de idade. No ano de 1943, aparece no cinema, como protagonista de Amor de Perdição, uma adaptação do romance de Camilo Castelo Branco. Dois anos depois, em 1945, integra a Companhia Os Comediantes de Lisboa, com sede no Teatro da Trindade. 


Carmen Dolores em "Balanceada", em "Três Actos de Beckett"/Companhia Teatral do Chiado/Teatro Estúdio Mário Viegas. Data: 1991. Foto: Pedro Soares -  Museu Nacional do Teatro, MatrizNet


Carmen Dolores em "Virgínia" de Edna O'Brien, uma co-produção do Teatro Nacional D. Maria II e do Teatro Experimental de Cascais (TEC). Encenação de Carlos Avilez. Data: 1985 - Museu Nacional do Teatro, MatrizNet


Cenário da peça Sonho de uma Noite de Verão - Palácio de Teseu em Atenas. Desenho e pintura a guache. Autor: Lucien Donnat. Data: 1952. Peça apresentada pela Companhia Rey Colaço Robles Monteiro, no Teatro Nacional D. Maria II, em 1952. Carmen Dolores (Helena, namorada de Demétrio) -  Museu Nacional do Teatro, MatrizNet 



No Teatro Nacional D. Maria II, sob a direcção de Amélia Rey Colaço, inicia uma nova fase da sua carreira, com o sucesso de Frei Luís de Sousa de Almeida Garrett. 
Fundou, com outros actores, o Teatro Moderno de Lisboa, com a intenção de levar à cena peças de autores consagrados como William Shakespeare, August Strindberg, Fiódor Mikhailovitch Dostoiévski, ou  José Cardoso Pires.



Carmen Dolores. Programa da peça "As Espingardas da Mãe Carrar", exibida na Casa da Comédia, em 1975. Peça em um acto, original de Berlot Brecht. Música de José Manuel Osório. Encenação de João Lourenço. Cenários e figurinos de António Casimiro. - Museu Nacional do Teatro, MatrizNet.



Carmen Dolores em "Alice nos Jardins do Luxemburgo" exibida na Casa da Comédia. Peça original de Roman Weingarten. Música de José Gil. Cenografia de António Alfredo. Encenação de Jorge Listopad. Data: 1972. - Museu Nacional do Teatro, MatrizNet



Carmen Dolores em "O Mentiroso", apresentada pela Empresa Laura Alves, no Teatro Avenida. Original de Carlo Goldoni. Direcção de cena de Henrique Santos. Data: 1958. Foto: Furtado D'Antas. Museu Nacional do Teatro, MatrizNet


Figurinos para D. Maria Teles (Carmen Dolores) na peça Leonor Teles. Desenho e pintura a guache. Autor: Abílio de Mattos e Silva. Data: 1960. Peça apresentada pelo Teatro Nacional Popular, no Teatro da Trindade na temporada de 1959-1960. -  Museu Nacional do Teatro, MatrizNet 


Ao longo dos anos foi somando sucessos como actriz de teatro, cinema e televisão. A sua carreira no teatro incluiu cerca de três dezenas de peças, que interpretou entre 1952 e 2005, ano em que abandonou os palcos. No cinema, participou em cerca de duas dezenas de filmes, entre 1943 e 1988.

Carmen Dolores, "estrela" do cinema português que recebeu, recentemente o prémio de, cinema do Secretariado Nacional de Informação e Cultura Popular pela sua brilhante interpretação no filme " Um Homem às direitas".

4 de Abril de 1945

Suplemento nº 1730, "Modas e Bordados - Vida Feminina". 


Carmen Dolores em "O Vestido de Noiva" de João Gaspar Simões, no Teatro Nacional D. Maria II. Encenação de Robles Monteiro. Cenários de Lucien Donnat. Data: 1952. - Museu Nacional do Teatro, MatrizNet



Carmen Dolores (1ª à esquerda). Fotografia do grupo dos artistas da rádio. Casa do Alentejo em Lisboa. Autor: Foto Aviz. Data: Maio de 1946. - Fundação Portuguesa das Comunicações.


Cenário da peça Dente por Dente. Desenho, lápis de cera e colagem. Autor: António Pedro. Data: 1964. Peça apresentada pelo Teatro Moderno de Lisboa, no Cinema Império, em 1964. Carmen Dolores fez parte do elenco desta peça. -  Museu Nacional do Teatro, MatrizNet 


Recebeu diversos prémios e distinções de que se destaca: Medalha de Mérito Cultural (1991); Globo de Ouro (2004); Medalha Ouro de Mérito da Câmara Municipal de Lisboa (2014); Prémio António Quadros (2016); Prémio Sophia de Carreira (2016). Foi condecorada com a Ordem Militar de Sant'lago de Espada, Dama (1959); Ordem do Infante D. Henrique, Grande Oficial (2005); Ordem de Mérito, Grande Oficial (2018). 

A sala principal do Teatro de São Luís tem o nome da actriz.

Faleceu no dia 16 de Fevereiro de 2021, aos 96 anos de idade, em Lisboa.


CARMEN DOLORES. Suplemento nº 1730 "Modas e Bordados - Vida Feminina", 4 de Abril de 1945.

 

sábado, 13 de fevereiro de 2021

Interiores do século XVII na pintura


Os Cinco Sentidos. Gosto. Óleo sobre tela. Dimensões: 104 X 137cm. Data: Século XVII. Autor: Bosse, Abraham (depois). - Musée des Beaux Arts Tours. Interior elegante com cortinado e cadeiras típicas do século XVII. 


No século XVII, as habitações tornam-se mais confortáveis e acolhedoras, com destaque para as casas da burguesia. A decoração de interiores desempenha um papel importante, inaugurando a época do luxo e da opulência. Os tectos e os lambrins aparecem pintados. A produção de têxteis desenvolve-se. Assiste-se ao crescimento da ourivesaria com grande número de modelos.

Poltrona. Início do século XVII. Material: Madeira de carvalho; tapeçaria (trabalho turco). Lugar de origem: Inglaterra. - Victoria and Albert Museum. Cadeiras deste tipo eram feitas em grande número no século XVII. 


Em França, o estilo Luís XIII impõe-se. O mobiliário desta época apresenta uma enorme diversidade ornamental naturalista como: folhas de acanto, flores, maçãs... São comuns os elementos geométricos, as carrancas, as cabeças de leões... A madeira de carvalho é substituída por madeiras como: nogueira ou ébano. Com o surgimento da marcenaria, aparecem técnicas como a marchetaria e a aplicação de bronze no mobiliário. A técnica de trabalho de torno é utilizada para dar forma a elementos como pernas e travessas, nas cadeiras e mesas.
 

Senhora a arranjar o cabelo. Óleo sobre tela. Pintor holandês desconhecido. Século XVII (1650-1670).- The Minneapolis Institute of Art.
Quarto de dormir com cama resguardada por pesados cortinados. 


Os móveis estofados são característicos neste período. Os assentos e espaldares surgem com revestimentos ricos: tapeçarias, damascos, veludos, frequentemente bordados com motivos florais coloridos. Outros móveis de assento de dimensões mais reduzidas são os bancos, com travessa em H ligando as pernas, ricamente trabalhadas. 



Visita a um Recém-Nascido.  Óleo sobre tela. Data: 1661. Dimensões:77,5 x 81,3 cm. Autor: Gabriël Metsu (pintor holandês).The Metropolitan Museum of Art.
Quarto sumptuosamente decorado, onde os pais de um bebé recebem visitas.
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Quarto da Rainha Ana de Áustria (1601 - 1666), esposa do Rei Luís XIII (1601 - 1643), no Castelo de Fontainebleau, em França. Meados do século XVII. - Wikipédia


As camas senhoriais apresentam uma armação de madeira, que termina num enorme baldaquino com colunas esculpidas, cujos cantos são decorados com maçanetas. Cortinas e rodapés, preenchem os espaços entre as colunas das camas, transformando-as num conjunto majestoso, devido à quantidade e beleza dos tecidos e tapeçarias bordadas, que as cobrem. 
O estilo Luís XIII, corresponde ao período de transição entre o Renascimento e o Barroco. 



Visita. Óleo sobre madeira de carvalho. Data: 1630-1635. Dimensões: 85,7 X 117,6 cm. Autor: atribuído a Gonzales Coques - Museu de Arte e História de Genebra.
Quarto de dormir (cama à esquerda, na imagem) que é também sala de dia, com uma mesa colocada junto da janela. Ao fundo uma cadeira típica do século XVII.


Um dos móveis mais representativos do século XVII, apesar do aspecto ser o mais pesado no seu estilo, é o contador. Apresenta incrustações de marchetaria, trabalho de tornearia e entalhamento. Esta peça ricamente trabalhada, é formada por um armário superior organizado com inúmeras compartimentos ou gavetas de diferentes tamanhos. O armário assenta sobre uma mesa, com várias pernas, ricamente trabalhadas e unidas por travessas.


Gabinete (originalmente exibido numa mesa), com suporte (posterior ao fabrico). Apresenta cenas pintadas ilustrando a história do Filho Pródigo. Materiais: Carvalho, ébano; marfim; tartaruga; pintura. Data: 1640-1660. Local de origem: Antuérpia.  - Victoria and Albert Museum.




Contador indo-português (Goa?). Material: madeira de teca, ébano, sissó e outras madeiras; marfim; liga metálica. Data: século XVII. Dimensões: 145 x 98 x 54,5 cm. - museu Nacional de Arte Antiga. MatrizNet
Contador formado por dois corpos: uma caixa com doze gavetas (na realidade são dez), assenta numa base com duas gavetas e dois gavetões, sustentada por pernas maciças com forma de "nagini".



A Era dos Descobrimentos decorre entre o século XV e o início do século XVII. Os portugueses comerciaram em África, Canárias, Guiné, Japão, Timor... Depois de consolidada a rota comercial entre Lisboa e a Índia, entrou com as caravelas de torna-viagem, um grande número de objectos e mobiliário provenientes de Goa. Do estreito contacto com a Índia, nasceu o estilo indo-português, resultante da confluência do estilo da época, com o gosto indiano. A arte e o mobiliário indiano, entre eles contadores, foram exportados de Portugal para as praças europeias.



A Rendilheira. Óleo sobre tela. Data:1656. Dimensões: 45,1 X 52,7. Autor: Nicolaes Maes. - The Metropolitan Museum of Art.
Interior doméstico, com jovem mãe interessada na confecção de uma renda, enquanto o seu filho descansa numa cadeira de bebé.

Armário. Material: madeira de carvalho e ébano. Data: 1620-1650. Dimensões: 187,5 x 126 x 56 cm. Local de origem: Holanda. Armário de dois andares, com painéis esculpidos e ornamentos incrustados de ébano. - Victoria and Albert Museum.
Esta peça de mobiliário, de forma tipicamente holandesa, era destinada a guardar as roupas. Móveis como este, muito comuns no século XVII, também serviam para impressionar os visitantes,



Artistas e artesãos italianos foram chamados por Carlos VIII e Francisco I, para a construção do castelo de Fontainbleau (1540 - 1550), e levaram para França o espírito do Renascimento italiano. Com o início do século XVII, a influência da Renascença italiana tende a  desaparecer, no entanto, permanecem algumas peças de mobiliário já existentes como o cassone.


Interior de Cozinha. Óleo sobre Tela. Data: 1664. Dimensões: 72 x 97. Autor: Cornelis Bisschop.  Colecção Privada. - Web Gallery
Interior da cozinha com uma mulher cozinhando e um menino soprando as chamas. O espaço por trás das figuras principais recua num interior de plano alto e aberto. 


A partir da primeira metade do século XVII, surge um novo estilo, com expressão máxima na cidade de Roma, divulgado em Nápoles, Turim e Veneza, que  se estende depois à Europa e ao Novo Mundo. O estilo Barroco vai permanecer até aos primeiros anos do século XVIII.


A Cozinheira. Óleo sobre Tela. Data: 1625. Dimensões: 7176 x 185. Autor: Bernardo  Strozzi.  Galeria do Palácio Rossi. - Web Gallery
A pintura pode ser considerada uma obra-prima do de gênero italiano. Destaca-se a figura animada da cozinheira, o lume acesso e alimentos prestes a cozinhar..



Cassone. Cómoda em madeira de cipreste, decorada na frente nas laterais e no interior. Renascença italiano. Local de origem: Itália. Data: 1550 - 1600. Dimensões: 45,5 x 104,5 x 58,5 cm. - Victoria and Albert Museum.


Fontes:

http://www.mba.tours.fr/TPL_CODE/TPL_COLLECTIONPIECE/97-17e.htm?PIECENUM=1218

http://collections.vam.ac.uk/item/O60676/armchair-u://collections.artsmia.org/art/1838/lady-at-her-toilet-unknown-dutch-17th-century

https://www.metmuseum.org/art/collection/search/437071?searchField=All&sortBy=Relevance&ft=Gabri%c3%abl+Metsu&offset=0&rpp=20&pos=3

https://en.wikipedia.org/wiki/Palace_of_Fontainebleau#Apartment_of_the_Pope_and_of_the_Queen-Mothers

https://collections.geneve.ch/mah/oeuvre/la-visite/basz-0005

https://collections.vam.ac.uk/item/O59041/cabinet-unknown/

http://www.matriznet.dgpc.pt/MatrizNet/Objectos/ObjectosConsultar.aspx?IdReg=260639&EntSep=4#gotoPosition

https://www.metmuseum.org/art/collection/search/436932?searchField=All&sortBy=Relevance&ft=Pieter+de+Hooch&offset=480&rpp=80&pos=540

https://collections.vam.ac.uk/item/O299361/cupboard-unknown/

https://www.wga.hu/frames-e.html?/html/b/bisschop/cornelis/kitchen.html

https://www.wga.hu/frames-e.html?/html/s/strozzi/1/the_cook.html

https://collections.vam.ac.uk/item/O123710/cassone-unknown/

https://www.infopedia.pt/$produtos-e-riquezas-dos-descobrimentos

Montenegro, Ricardo. Guia da História do Mobiliário. 1995. Presença, Editorial. Lisboa.

1974. O Grande Livro da Deciração Selecções do Reader´s Digest. 

sábado, 6 de fevereiro de 2021

Pintura de Sandro Botticelli vendida por 92 milhões de dolares

"Retrato de jovem a segurar um medalhão" - O PÚBLICO

         

"Retrato de jovem a segurar um medalhão", do pintor renascentista Sandro Botticelli (1445-1510), foi no dia  28 de Janeiro vendido em leilão por 92 milhões de dólares (cerca de 76 milhões de euros), pela Sotheby's.