Programa de espectáculo pelo Grupo de Bailados Portugueses Verde Gaio / Teatro da Trindade. Ilustração de Bernardo Marques - Museu Nacional do Teatro |
As festas comemorativas do duplo centenário da Fundação da Nacionalidade (1140) e Restauração da Independência de Portugal (1640), decorreram no ano de 1940 com diversas cerimónias, um grande cortejo histórico organizado por Leitão de Barros e a Exposição do Mundo Português (23 de Junho a 2 de Dezembro de 1940) erguida em Belém, Lisboa.
António Ferro na inauguração do Museu de Arte Popular, 1948 (em primeiro plano, o segundo a partir da direita) - Museu de Arte Popular |
Frederico de Freitas, compositor, maestro e pedagogo |
Francis Graça, bailarino, 1946. Foto de Silva Nogueira - Museu Nacional do Teatro |
António Ferro (1895-1956),
director do Secretariado da Propaganda Nacional (SPN) e
secretário-geral das Festas dos Centenários, desejava impulsionar a criação de um
"Ballet Português". Recorrendo à verba do SPN o grupo de bailado começou a criar corpo.
A companhia de bailado português que veio a
denominar-se "Verde Gaio", deveu-se não só a António Ferro, apaixonado
pelos "Ballets Russes", mas também ao compositor Frederico de Freitas (1902-1980),
ao bailarino e coreógrafo Francis Graça (1902-1980), grande inovador do teatro
musicado, e ao pintor Paulo Ferreira (1911-1999), o mais importante colaborador
plástico do "Verde Gaio".
Inserido nos acontecimentos festivos do duplo centenário da Fundação da Nacionalidade (1140) e Restauração da Independência de Portugal (1640), o espectáculo de Bailados Portugueses Verde Gaio, estreou na noite de 8 de Novembro de 1940, no Teatro da Trindade, aguardado com expectativa pelo público. O programa ilustrado por Bernardo Marques, mencionava os bailados: "A Lenda das Amendoeiras" com texto de Fernanda de Castro, música de Jorge Croner de Vasconcelos e cenário e figurinos de Maria Keil do Amaral; "Ribatejo" com música de Frederico de Freitas, cenário de Estrela Faria e figurinos de Bernardo Marques; "Inês de Castro" com texto de Adolfo Simões Müller, música de Ruy Coelho e cenário e figurinos de José Barbosa e "Muro do Derrete" com argumento de Carlos Queiroz, música de Frederico de Freitas e cenário, cortina e figurinos de Paulo Ferreira. Os bailados foram coreografados por Francis Graça. A Orquestra Filarmónica de Lisboa foi dirigida pelo maestro Ivo Cruz. Os espectáculos realizaram-se entre 8 e 21 de Novembro de 1940.
Inserido nos acontecimentos festivos do duplo centenário da Fundação da Nacionalidade (1140) e Restauração da Independência de Portugal (1640), o espectáculo de Bailados Portugueses Verde Gaio, estreou na noite de 8 de Novembro de 1940, no Teatro da Trindade, aguardado com expectativa pelo público. O programa ilustrado por Bernardo Marques, mencionava os bailados: "A Lenda das Amendoeiras" com texto de Fernanda de Castro, música de Jorge Croner de Vasconcelos e cenário e figurinos de Maria Keil do Amaral; "Ribatejo" com música de Frederico de Freitas, cenário de Estrela Faria e figurinos de Bernardo Marques; "Inês de Castro" com texto de Adolfo Simões Müller, música de Ruy Coelho e cenário e figurinos de José Barbosa e "Muro do Derrete" com argumento de Carlos Queiroz, música de Frederico de Freitas e cenário, cortina e figurinos de Paulo Ferreira. Os bailados foram coreografados por Francis Graça. A Orquestra Filarmónica de Lisboa foi dirigida pelo maestro Ivo Cruz. Os espectáculos realizaram-se entre 8 e 21 de Novembro de 1940.
Figurino para bailarino do bailado "Muro do Derrete", aguarela sobre papel. Autoria de Paulo Ferreira. Companhia Portuguesa de Bailados Verde Gaio. Teatro da Trindade, 1940. Foto Luisa Oliveira - Museu Nacional do Teatro |
Figurino para bailarina do bailado "Muro do Derrete",
aguarela sobre papel. Autoria de Paulo Ferreira. Companhia Portuguesa de Bailados Verde Gaio.
Teatro da Trindade, 1940. Foto Luisa Oliveira - Museu Nacional do Teatro
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Foto de cena do bailado "Lenda das Amendoeiras", Companhia Portuguesa de Bailado Verde Gaio, 1940. Cenário de Maria Keil - Museu Nacional do Teatro, 1999-2000. Verde Gaio Uma Companhia Portuguesa de Bailado (1940-1950). Lisboa: Instituto Português de Museus |
Figurino para "Dama" do bailado "Lenda das Amendoeiras", guache sobre papel. Autoria de Maria Keil. Companhia Portuguesa de Bailados Verde Gaio. Teatro da Trindade, 1940 - Museu Nacional do Teatro |
Figurino para "Principe Mouro" do bailado "Lenda das Amendoeiras", guache sobre papel. Autoria de Maria Keil. Companhia Portuguesa de Bailados Verde Gaio. Teatro da Trindade, 1940. Foto Luisa Oliveira - Museu Nacional do Teatro |
O êxito dos primeiros espectáculos fez com que se criassem outros
bailados. No ano de 1941, realizou-se o 2º espectáculo do "Verde Gaio" no
Teatro Nacional de S. Carlos, entre 21 e 25 de Junho. No programa
surgiram dois novos bailados: "O Homem de Cravo na Boca" com argumento de Francisco Lage, música de Armando José Fernandes, cenário e figurinos de Bernardo Marques e "Dança da Menina Tonta" com música de Frederico de Freitas, argumento, cenário e figurinos de Paulo Ferreira. Os dois bailados foram coreografados por Francis Graça.
O "Verde Gaio" contou com a colaboração de artistas plásticos
como Bernardo Marques, Carlos Botelho, Estrela Faria, José Barbosa, Maria Keil, Mily Possoz, Paulo Ferreira e Thomaz
de Mello (Tom).
Maquete de cenário do bailado "O Homem de Cravo na Boca", carvão, aguarela e guache. Autoria de Bernardo Marques. Companhia Portuguesa de Bailados Verde Gaio. Teatro Nacional de S. Carlos, 1941. Foto Luisa Oliveira - Museu Nacional do Teatro
Figurino " Homem do Cravo" do bailado "O Homem de Cravo na Boca", aguarela e sobre papel.
Autoria de Bernardo Marques. Companhia Portuguesa de Bailados Verde Gaio. Teatro Nacional de S. Carlos, 1941. Foto Luisa Oliveira - Museu Nacional do Teatro
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Figurinos femininos do bailado "O Homem de Cravo na Boca", guache sobre papel. Autoria de Bernardo Marques. Companhia Portuguesa de Bailados Verde Gaio. Teatro Nacional de S. Carlos, 1941. Foto Luisa Oliveira - Museu Nacional do Teatro |
Figurino para bailarina do bailado "O Homem de Cravo na Boca", aguarela e guache sobre papel. Autoria de Bernardo Marques. Companhia Portuguesa de Bailados Verde Gaio. Teatro Nacional de S. Carlos, 1941. Foto Luisa Oliveira - Museu Nacional do Teatro |
Maquete de cenário do bailado "Dança da Menina Tonta", guache sobre papel. Autoria de Paulo Ferreira. Companhia Portuguesa de Bailados Verde Gaio. Teatro Nacional de S. Carlos, 1941. Foto Luisa Oliveira - Museu Nacional do Teatro |
Trajes "Moça da Aldeia" e "Tímida", do bailado " A Dança da Menina Tonta," da autoria de Paulo Ferreira. Companhia Portuguesa de Bailados Verde Gaio. Teatro Nacional de S. Carlos, 1941. Foto José Pessoa - Museu Nacional de Teatro |
A Companhia viajou para Espanha, onde deu espectáculos entre 8 e 10 de Maio de 1943, no Gran Teatro del Liceo, em Barcelona. Decorridos dez dias, o "Verde Gaio" apresentou-se no Coliseum, em Madrid, no dia 21 do mesmo mês.
Figurino "Camões" do bailado "D. Sebastião", aguarela e guache sobre papel da autoria de Mily Possoz. Companhia Portuguesa de Bailados Verde Gaio. Teatro Nacional de S. Carlos, 1943. Foto de Luisa Oliveira - Museu Nacional de Teatro.
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Figurino "Anjos Andorinhas" do bailado "D. Sebastião", aguarela e guache sobre papel, da autoria de Mily Possoz. Companhia Portuguesa de Bailados Verde Gaio. Teatro Nacional de S. Carlos, 1943. Foto de Luisa Oliveira - Museu Nacional de Teatro. |
Trajes de cena "Mouras" do bailado "D. Sebastião", da autoria de Mily Possoz. Companhia Portuguesa de Bailados Verde Gaio. Teatro Nacional de S. Carlos, 1943. Foto de José Pessoa - Museu Nacional de Teatro. |
Foto de cena do bailado "Imagens da Terra e do Mar", Companhia Portuguesa de Bailado Verde Gaio. Teatro Nacional de S. Carlos, 1943. Cenário de Carlos Botelho. Foto de Luisa Oliveira - Museu Nacional do Teatro. |
Maquete para cortina de cena do bailado "Imagens da Terra e do Mar", aguarela sobre cartão, da autoria de Paulo Ferreira. Companhia Portuguesa de Bailados Verde Gaio, 1940-1950. Foto de Luisa Oliveira - Museu Nacional de Teatro |
Figurino feminino do bailado "Imagens da Terra e do Mar", aguarela sobre cartão, da autoria de Paulo Ferreira. Companhia Portuguesa de Bailados Verde Gaio. Teatro Nacional de S. Carlos, 1943. Foto de Luisa Oliveira - Museu Nacional de Teatro |
Trajes de cena "Alentejo" do bailado "Imagens da Terra e do Mar", da autoria de Paulo Ferreira. Companhia Portuguesa de Bailados Verde Gaio. Teatro Nacional de S. Carlos, 1943. Foto José Pessoa - Museu Nacional de Teatro |
Por ocasião das Comemorações do VIII Centenário da Tomada de Lisboa aos Mouros, num espectáculo de gala realizado no Teatro de S. Carlos, em 26 de Maio de 1947, o "Verde Gaio" apresentou o novo bailado "Festa no Jardim" com argumento de Francisco Lage, coreografia de Guglielmo Morresi, música de W. A. Mozart e cenários e figurinos de Paulo Ferreira.
Maquete para cenário do bailado "Festa no Jardim", guache sobre papel, da autoria de Paulo Ferreira. Companhia Portuguesa de Bailados Verde Gaio. 1947. Teatro Nacional de S. Carlos. Foto de Luisa Oliveira - Museu Nacional de Teatro |
Figurino "Dona de Casa" para o bailado "Festa no Jardim", guache sobre papel, da autoria de Paulo Ferreira. Companhia Portuguesa de Bailados Verde Gaio. Teatro Nacional de S. Carlos, 1947. Foto de Luisa Oliveira - Museu Nacional de Teatro |
Figurino "Convidada" para o bailado "Festa no Jardim", guache sobre papel, da autoria de Paulo Ferreira. Companhia Portuguesa de Bailados Verde Gaio. Teatro Nacional de S. Carlos, 1947. Foto de José Pessoa - Museu Nacional de Teatro |
Figurino "Mouro" do bailado "Festa no Jardim", guache sobre papel, da autoria de Paulo Ferreira. Companhia Portuguesa de Bailados Verde Gaio. Teatro Nacional de S. Carlos. Foto de Luisa Oliveira - Museu Nacional de Teatro |
O ponto mais alto da vida da Companhia Verde Gaio, ficou marcado pela apresentação em Paris, no Théâtre des Champs-Elysées, entre 9 e 19 de Junho de 1949. António Ferro em entrevistas à imprensa francesa elogiava o "Verde Gaio", dando a conhecer ao público parisiense o grupo que resultara da sua paixão pela dança. As criticas dos jornais de Paris foram muitas e bastante entusiastas, sendo largamente difundidas pela imprensa portuguesa.
No final de 1949, António Ferro o grande entusiasta e pilar da companhia, é nomeado ministro de Portugal em Berna, Suiça, afastando-se do cargo de director do SNI.
Fotografia de Francis Graça e Madeleine Rosay, no bailado "Nazaré", 1948 - Museu Nacional do Teatro |
Figurino "Mulher da Nazaré" do bailado "Nazaré", guache sobre cartão, da autoria de José Barbosa. Companhia Portuguesa de Bailados Verde Gaio. Teatro Nacional de S. Carlos, 1948. Foto de Luisa Oliveira - Museu Nacional de Teatro |
Maquete para cenário do bailado "Nazaré", guache sobre cartão, da autoria de Eduardo Anahory. Companhia Portuguesa de Bailados Verde Gaio, 1949. Foto de Luisa Oliveira - Museu Nacional de Teatro |
Cartaz de apresentação da Companhia de Bailados Portugueses Verde Gaio no Théâtre des Champs-Elysées, em Paris. Foto de Luisa Oliveira - Museu Nacional de Teatro |
António Ferro não voltou a intervir na política cultural portuguesa. O "Verde Gaio" apesar de continuar com Francis Graça como director, perdeu o seu ponto de apoio e a sua orientação. O grupo de dança ainda foi convidado para um Festival Internacional de Dança, em Lausanne, onde despertou grande interesse. Em 1950, o "Verde Gaio" foi elogiado por um famoso crítico e historiador de bailado, o inglês Arnold Haskell, director da escola do Sadler's Wells Ballet.
A partir de 1951, o "Verde Gaio" colaborou apenas nas danças das óperas levadas à cena em S. Carlos, exibindo ocasionalmente algum bailado em cerimónias e festas oficiais, em Portugal e por vezes no estrangeiro.
Figurino "D. Inês" do bailado "Inês de Castro", (2ª versão) aguarela sobre papel, da autoria de Paulo Ferreira. Companhia Portuguesa de Bailados Verde Gaio. Teatro Nacional de S. Carlos, 1948 - Museu Nacional de Teatro |
Figurino "D. Pedro" do bailado "Inês de Castro", (2ª versão) aguarela sobre papel, da autoria de Paulo Ferreira. Companhia Portuguesa de Bailados Verde Gaio. Teatro Nacional de S. Carlos, 1948 - Museu Nacional de Teatro |
Figurino "Primeira-Aia" do bailado "Inês de Castro", (2ª versão) aguarela sobre papel, da autoria de Paulo Ferreira. Companhia Portuguesa de Bailados Verde Gaio. Teatro Nacional de S. Carlos, 1948 - Museu Nacional de Teatro |
Francis Graça foi afastado do "Verde Gaio" em 1960, sendo a direcção entregue a Margarida de Abreu, professora do Conservatório e directora do Círculo de Iniciação Coreográfica.
Em 1963, Francis aceitou dirigir a Academia Parnaso, no Porto. Quando já nada o fazia acreditar em voltar ao bailado, recebeu um convite para criar um uma coreografia para o Grupo Gulbenkian de Bailado. O bailado intitulado "Encruzilhada" estreou em 1 de Abril de 1968, no Teatro Politeama, com Isabel Santa Rosa e Carlos Trincheiras, nos protagonistas. Foi o último bailado que Francis coreografou. Faleceu em Julho de 1980, com 78 anos, incapacitado por uma artereosclerose.
Em 1963, Francis aceitou dirigir a Academia Parnaso, no Porto. Quando já nada o fazia acreditar em voltar ao bailado, recebeu um convite para criar um uma coreografia para o Grupo Gulbenkian de Bailado. O bailado intitulado "Encruzilhada" estreou em 1 de Abril de 1968, no Teatro Politeama, com Isabel Santa Rosa e Carlos Trincheiras, nos protagonistas. Foi o último bailado que Francis coreografou. Faleceu em Julho de 1980, com 78 anos, incapacitado por uma artereosclerose.
Cartaz da Escola de Ballet Clássico Parnaso, 1963 - Museu Nacional deTeatro |
Retrato do bailarino Francis, óleo sobre tela, 1930. Autoria do pintor Mário Eloy - Museu do Chiado |
Retrato de António Ferro, 1925. Autoria do pintor Mário Eloy - Museu Nacional do Teatro, 1999-2000. Verde Gaio Uma Companhia Portuguesa de Bailado (1940-1950). Lisboa: Instituto Português de Museus. |
Fontes:
Museu Nacional do Teatro, 1999-2000. Verde Gaio Uma Companhia Portuguesa de Bailado (1940-1950). Lisboa: Instituto Português de Museus. ISBN- 972-776-016-3
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