domingo, 25 de agosto de 2013

O Incêndio do Chiado - antes e depois

"O Grande Incêndio do Chiado" - TSF

Na madrugada do dia 25 de Agosto de 1988, Lisboa acordou perplexa, perante um fumo negro que cobria parte da zona histórica do Chiado, uma das mais nobres da Baixa Pombalina.

O alarme foi transmitido para a central do R.S.B. (Regimento de Sapadores Bombeiros) e registado manualmente às 05h19m. Ao chegar ao local, os bombeiros depararam com um violento incêndio nos armazéns “Grandella” - edifício com oito pisos, desde a Rua Áurea à Rua do Carmo -, construído no inicio do século XX por Francisco Grandela (1853-1934), e renovado posteriormente.

 
Armazéns Grandella - Edifício de 1907, construído segundo o gosto "Art Noveau", por Francisco de Almeida Grandella, na Rua Áurea e Rua do Carmo.
 
Armazéns do Grandella, Rua do Carmo (1955-1970). Foto de Artur Pastor (negativo de gelatina e prata em acetato de celulose) - Arquivo Municipal de Lisboa
 
Perspectiva conjectural do território da Pedreira nos finais do século XIII. Vê-se no primeiro plano, ao centro, o Convento do Espírito Santo da Pedreira (mais tarde, Palácio dos Barcelinhos / Grandes Armazéns do Chiado); em frente, em direcção ao Poente, a estrada de Santos (a Rua Garrett de hoje); à esquerda o Convento de São Francisco e os Mártires; mais ao longe o paço que foi dos Condes de Ourém; à direita o Estudo Geral (liceu); ao fundo, à esquerda o Convento da Trindade. Desenho de Alberto Sousa -  Arquivo Municipal de Lisboa
 
Fachada do Convento do Espírito Santo, pós-terramoto 1755 (mais tarde Grandes Armazéns do Chiado), situado na confluência da Rua Garrett com a Rua Nova do Almada.  Desenho do século XIX. Foto de Armando Serôdio - Arquivo Municipal de Lisboa
Desenho da Fachada principal do Palácio Barcelinhos em 1912. Processo de obras nº 495. A antiga frontaria da igreja sofreu grandes alterações quando da transformação deste Convento em Palácio. Arquivo Histórico Municipal (legendas da foto em cima).         Palácio dos Barcelinhos. Fachada da rua Nova do Almada. Foto de 1880. No final do século XIX, estava instalado no Palácio o Hotel Gibraltar e algumas lojas do piso térreo. Museu da Cidade (legendas da foto em baixo). Lisboa: Revista Municipal, nº 25, pág. 42, 3º trimestre de 1988  - Hemeroteca Digital de Lisboa


Grandes Armazéns do Chiado e Hotel de l'Éurope, 1910. Foto de Joshua Benoliel (negativo de gelatina e prata em vidro), na Rua do Carmo - Arquivo Municipal de Lisboa.      Manuel José de Oliveira (1774-1847), conseguiu o titulo de Barão dos Barcelinhos, por  mercê da rainha D. Maria II. Ao adquirir o Convento do Espirito Santo da Pedreira em 1836, o Barão reservou para sua habitação o piso térreo e o andar nobre do edifício, deixando os restantes espaços para instalações diversas como:  Hotel dos Embaixadores, antes de 1845; Hotel de l'Europe, 1842-1912; Hotel Gibraltar. Em 29 de Setembro de 1880, uma parte do Palácio Barcelinhos foi atingido por um incêndio. Depois da reconstrução das partes danificadas, instalou-se em 1899, no edifício, os Grandes Armazéns do Chiado. Em 1927, a família Nunes dos Santos compra aos herdeiros do Barão de Barcelinhos, o edifício dos Grandes Armazéns do Chiado. O incêndio de 25 de Agosto de 1988, deixou pouco mais do que as paredes mestras do Convento do Espírito Santo.   Lisboa: Revista Municipal, nº 25, 3º trimestre de 1988  - Hemeroteca Digital de Lisboa                                      
Grandes Armazéns do Chiado, Grandella e ponte do Elevador de Santa Justa, 1965. Foto de Armando Serôdio - Arquivo Municipal de Lisboa

Em poucos minutos (05h45m) as chamas atingiram os “Grandes Armazéns do Chiado” – edifício com cinco pisos, desde a Rua do Crucifixo à Rua do Carmo -, comprado pela família Nunes dos Santos aos herdeiros do Barão de Barcelinhos, no início do século XX.


Todas as corporações das várias unidades de bombeiros de Lisboa e zonas limítrofes, afluíram ao local. As edificações da Rua Nova do Almada e Rua Garrett, ficaram rapidamente cercadas pelo fogo (08.00h-09.00h). Os grandes armazéns Grandella e Chiado assolados pelas chamas, denunciavam uma tragédia de grandes proporções.

Publicidade, cerca de 1960. Armazéns do Chiado (arquivo "comjeitoearte)".

Apresentação de modelos nos Grandes Armazéns do Chiado, em 1946. VIEIRA, Joaquim - Portugal século XX. Lisboa: Bertrand, 2007.




Um aspecto da passagem de modelos nos Grandes Armazéns do Chiado, em 1942. Modas e Bordados, Vida Feminina, nº 1607, 25 de Novembro de 1942.  


Uma tarde elegante nos Grandes Armazéns do Chiado

Num ambiente de grande distinção,com a assistência de muitas figuras em evidencia na sociedade elegante, realizou-se, no salão de chá dos Grandes Armazéns do Chiado, uma passagem de modelos para apresentação das mais recentes criações da moda. 
O exito foi verdadeiramente  excepcional. Todos os modelos apresentados despertaram o mais vivo interêsse, pela sua originalidade, bom gôsto e inexcedível elegância, destacando-se, entre os que mais agradaram, um a que foi dada a designação de "Chiado". (...) - desde o "tailleur" prático ao de luxo, ao casaco de peles ou vestido de noite, todos se impuseram pela sua beleza... (...)
(...) 
Por seu lado, a assistência selecta que encheu o vasto salão dos Grandes Armazéns do Chiado, dificilmente esquecerá as horas de encanto e as visões de elegância que esta passagem de modelos lha proporcionou.
Modas e Bordados, Vida Feminina, nº 1607, 25 de Novembro de 1942. 


O modelo "Chiado", que despertou enorme curiosidade durante a passagem de modelos nos Grandes Armazéns do Chiado, em 1942. Modas e Bordados, Vida Feminina, nº 1607, 25 de Novembro de 1942.  

Casa Jerónimo Martins & Filho, desenho. DIAS, Marina Tavares - Lisboa desaparecida 2. Lisboa : Quimera, 1990- Arquivo Municipal de Lisboa
Casa Jerónimo Martins & Filho, fundada em 1792 (fornecedora da Casa Real). Rua Garrett. Foto de Joshua Benoliel (negativo de gelatina e prata em vidro) - Arquivo Municipal de Lisboa
Casa Jerónimo Martins e Filho, (interior). Álbum "Casas comerciais". Estúdios Mário Novais (1933-1983). Biblioteca de Arte da Fundação Calouste Gulbenkian
Casa Eduardo Martins & Ca., fundada em 1899, na Rua Garrett, foto de Alberto Carlos Lima, em 1907 (negativo de gelatina e prata em vidro) - Arquivo Municipal de Lisboa
Perfumaria da Moda, fundada em 1909, na Rua do Carmo. Álbum "Casas comerciais". Estúdios Mário Novais (1933-1983). Biblioteca de Arte da Fundação Calouste Gulbenkian

Casa José Alexandre, fundada em 1833, na Rua Garrett. Álbum "Casas comerciais". Estúdios Mário Novais (1933-1983). Biblioteca de Arte da Fundação Calouste Gulbenkian

Casa José Alexandre (interior). Álbum "Casas comerciais". Estúdios Mário Novais (1933-1983). Biblioteca de Arte da Fundação Calouste Gulbenkian

Casa Quintão, Rua Ivens, Lisboa. Álbum "Casas comerciais". Estúdios Mário Novais (1933-1983). Biblioteca de Arte da Fundação Calouste Gulbenkian
Publicidade: Casa Quintão, no suplemento "Modas e Bordado", nº 1615, de 20 de Janeiro de 1943.
Outros estabelecimentos do comércio lisboeta, alguns centenários, foram igualmente atingidos: “Casa Aguiar”; “Casa Batalha” (1635); “Casa de Modas Ao Último Figurino”; “Casa Eduardo Martins” (1889); “Casa José Alexandre” (1833); “Casa Jerónimo Martins & Filho” (1792); “Casa Leonel”; “Charcutaria Martins e Costa” (1914); “Materna”; “Perfumaria da Moda” (1909); “Pastelaria Ferrari” (1827); “Pompadour”; “Valentim de Carvalho” (1920). 

Em poucas horas, um património histórico e de valor único para a cidade – edificado após o terramoto de 1755 - , foi aniquilado pelas chamas.

O incêndio ficou extinto cerca das 12h 30m do dia 25 de Agosto, e as operações de rescaldo prolongaram-se pelo mês de Setembro.


Casa de Modas Ao Último Figurino, Rua Garrett, 1966. Foto de Garcia Nunes - Arquivo Municipal de Lisboa
Publicidade: Casa de Modas Ao Último Figurino, no suplemento "Modas e Bordado", nº 1612, de 30 de Dezembro de 1942

Materna, Rua do Carmo. - Álbum "Casas comerciais". Estúdios Mário Novais (1933-1983). Biblioteca de Arte da Fundação Calouste Gulbenkian
Materna, Rua do Carmo. - Álbum "Casas comerciais". Estúdios Mário Novais (1933-1983). Biblioteca de Arte da Fundação Calouste Gulbenkian
Casa Aguiar, Rua do Carmo, 1971. Foto de Joaquim Pereira Silvestre - Arquivo Municipal de Lisboa
Casa Leonel, Rua do Carmo, 1971. Foto de Joaquim Pereira Silvestre - Arquivo Municipal de Lisboa
Pompadour, Rua Garrett. Álbum "Casas comerciais". Estúdios Mário Novais (1933-1983). Biblioteca de Arte da Fundação Calouste Gulbenkian

Cartaz publicitário. Autor: Fred Kradolfer. Execução: Cunha e Silva. Álbum "Cartaz Publicitário". Estúdios Mário Novais (1933-1983). Biblioteca de Arte da Fundação Calouste Gulbenkian
Quinto aniversário da Pompadour  - " Chic e moderno estabelecimento que ao Chiado dá uma nota de elegância parisiense e onde as nossas lindas lisboetas dão rendez-vous" -  in, O Notícias Ilustrado nº 54 de 23 de Junho 1929 - CML, Hemeroteca Digital de Lisboa

A área atingida, cerca de 8 mil metros quadrados, ficou delimitada pela Rua do Crucifixo, Rua da Assunção, Rua do Ouro, Rua de São Nicolau, Rua de Santa Justa, Rua do Carmo, Rua Nova do Almada, Calçada de São Francisco, Rua Garrett, Rua Ivens, Calçada do Sacramento.


O plano para a reconstrução da zona do Chiado denominou-se "Projecto Global". Posteriormente foi criado o "Gabinete de Coordenação e Assessoria Técnica da Área Sinistrada do Chiado", sob a orientação e os projectos do arquitecto Siza Vieira.


Área afectada pelo fogo , com indicação dos prédios destruídos, os de que arderam as coberturas e alguns pisos, e os que ficaram danificados apenas em alguns pisos. Lisboa: Revista Municipal, nº 25, pág. 42, 3º trimestre de 1988  - Hemeroteca Digital de Lisboa
Luvaria Ulisses e Joalharia do Carmo, Rua do Carmo. Foto de Ferreira da Cunha (negativo de gelatina e prata sobre vidro) - Arquivo Municipal de Lisboa
A Luvaria Ulisses foi fundada em 1925 e a Joalharia do Carmo em 1924. No século XXI, as duas casas na Rua do Carmo, mantém a traça antiga - TSF
Joalharia do Carmo, na Rua do Carmo, com o glamour de outros tempos - Máxima
Luvaria Ulisses, na Rua do Carmo. A decoração desta loja permanece intacta desde a sua fundação em 1925.
Armazéns do Chiado/Centro Comercial Chiado , Rua Garrett. Foto de R Gomes
Centro Comercial Chiado (interior). Foto de Luis Pavão, 2000. Dispositivo cromogéneo em acetato de celulose - Arquivo Municipal de Lisboa
Fontes:
http://revelarlx.cm-lisboa.pt/gca/index.php?id=1220&cat_visita=163
http://revelarlx.cm-lisboa.pt/gca/index.php?id=303
http://revelarlx.cm-lisboa.pt/gca/index.php?id=1219&cat_visita=164
http://hemerotecadigital.cm-lisboa.pt/OBRAS/LisboaRevM/LisboaRevM.htm

http://www.martinsecostasa.com/empresa.html
http://www.luvariaulisses.com/pt/pagina/1/home/

quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Candeeiro em gesso

GIBS, candeeiro desenvolvido pelo designer Juyoung Kim, da Metafaux Design
O candeeiro GIBS, realizado a partir de ligaduras engessadas, foi desenvolvido pelo designer Juyoung Kim, da Metafaux Design.
Molde acrílico e ligaduras engessadas
Ligaduras engessadas embebidas em água
As ligaduras engessadas - usadas para fazer moldes hospitalares - foram embebidas em água e em seguida, colocadas nos moldes acrílicos.

Cobertura do molde com ligaduras
Remoção do molde
Depois de revestidos com ligaduras, os moldes ficam em descanso. Quando o gesso seca e endurece, os moldes são removidos e é colocada uma lâmpada no interior dos candeeiros Gibs.

Colocação da lâmpada
GIBS
Estes candeeiros feitos artesanalmente, apresentam uma superfície desigual, pela interpretação de forma diversa do material utilizado. O resultado é uma iluminação distinta com sombreados inesperados.

Fonte:
http://www.metafauxdesign.com/#!home/c23tm


quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Alfabeto Botânico


Seth Mach realizou um Mestrado em Design Gráfico no Savannah College of Art e Design (SCAD), em Savannah, GA (Georgia). Actualmente trabalha como freelancer na Leo Burnett Worldwide, em Chicago.

O talento de Mach destaca-se na tipografia, logomarcas/logótipos, ilustração, embalagem e direcção de arte.

O designer tem apresentado o seu trabalho em diversas galerias e já distinguido com vários prémios. 

No "Alfabeto Botânico" cada letra foi trabalhada à mão e depois digitalizada. Este projecto foi mostrado na 59ª TDC Competition em Nova Iorque e no anual Type Director’s Club, onde obteve o prémio Type Director’s Club “Certificate of Typographic Excellence”, 2013.