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"O Grande Incêndio do Chiado" - TSF |
Na madrugada do dia 25 de Agosto de 1988, Lisboa acordou perplexa, perante um fumo negro que cobria parte da zona histórica do Chiado, uma das mais nobres da Baixa Pombalina.
O alarme foi
transmitido para a central do R.S.B. (Regimento de Sapadores Bombeiros) e
registado manualmente às 05h19m. Ao chegar ao local, os bombeiros
depararam com um violento incêndio nos armazéns “Grandella” - edifício
com oito pisos, desde a Rua Áurea à Rua do Carmo -, construído no inicio
do século XX por Francisco Grandela (1853-1934), e renovado
posteriormente.
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Armazéns Grandella - Edifício de 1907, construído segundo o gosto "Art Noveau", por Francisco de Almeida Grandella, na Rua Áurea e Rua do Carmo. |
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Armazéns do Grandella, Rua do Carmo (1955-1970). Foto de Artur Pastor (negativo de gelatina e prata em acetato de celulose) - Arquivo Municipal de Lisboa |
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Perspectiva conjectural do território da Pedreira nos finais do século XIII. Vê-se no primeiro plano, ao centro, o Convento do Espírito Santo da Pedreira (mais tarde, Palácio dos Barcelinhos / Grandes Armazéns do Chiado); em frente, em direcção ao Poente, a estrada de Santos (a Rua Garrett de hoje); à esquerda o Convento de São Francisco e os Mártires; mais ao longe o paço que foi dos Condes de Ourém; à direita o Estudo Geral (liceu); ao fundo, à esquerda o Convento da Trindade. Desenho de Alberto Sousa - Arquivo Municipal de Lisboa |
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Fachada do Convento do Espírito Santo, pós-terramoto 1755 (mais tarde Grandes Armazéns do Chiado), situado na confluência da Rua Garrett com a Rua Nova do Almada. Desenho do século XIX. Foto de Armando Serôdio - Arquivo Municipal de Lisboa |
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Desenho da Fachada principal do Palácio Barcelinhos em 1912.
Processo de obras nº 495. A antiga frontaria da igreja sofreu grandes
alterações quando da transformação deste Convento em Palácio. Arquivo
Histórico Municipal (legendas da foto em cima). Palácio dos Barcelinhos.
Fachada da rua Nova do Almada. Foto de 1880. No final do século XIX,
estava instalado no Palácio o Hotel Gibraltar e algumas lojas do piso
térreo. Museu da Cidade (legendas da foto em baixo). Lisboa: Revista Municipal, nº 25, pág. 42, 3º trimestre de 1988 - Hemeroteca Digital de Lisboa |
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Grandes Armazéns do Chiado e Hotel de l'Éurope, 1910. Foto de Joshua Benoliel (negativo de gelatina e prata em vidro), na Rua do Carmo - Arquivo Municipal de Lisboa. Manuel José de Oliveira (1774-1847), conseguiu o titulo de Barão dos Barcelinhos, por mercê da rainha D. Maria II. Ao adquirir o Convento do Espirito Santo da Pedreira em 1836, o Barão reservou para sua habitação o piso térreo e o andar nobre do edifício, deixando os restantes espaços para instalações diversas como: Hotel dos Embaixadores, antes de 1845; Hotel de l'Europe, 1842-1912; Hotel Gibraltar. Em 29 de Setembro de 1880, uma parte do Palácio Barcelinhos foi atingido por um incêndio. Depois da reconstrução das partes danificadas, instalou-se em 1899, no edifício, os Grandes Armazéns do Chiado. Em 1927, a família Nunes dos Santos compra aos herdeiros do Barão de Barcelinhos, o edifício dos Grandes Armazéns do Chiado. O incêndio de 25 de Agosto de 1988, deixou pouco mais do que as paredes mestras do Convento do Espírito Santo. Lisboa: Revista Municipal, nº 25, 3º trimestre de 1988 - Hemeroteca Digital de Lisboa |
Em
poucos minutos (05h45m) as chamas atingiram os “Grandes Armazéns do
Chiado” – edifício com cinco pisos, desde a Rua do Crucifixo à Rua do
Carmo -, comprado pela família Nunes dos Santos aos herdeiros do Barão
de Barcelinhos, no início do século XX.
Todas
as corporações das várias unidades de bombeiros de Lisboa e zonas
limítrofes, afluíram ao local. As edificações da Rua Nova do Almada e
Rua Garrett, ficaram rapidamente cercadas pelo fogo (08.00h-09.00h). Os
grandes armazéns Grandella e Chiado assolados pelas chamas, denunciavam
uma tragédia de grandes proporções.
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Publicidade, cerca de 1960. Armazéns do Chiado (arquivo "comjeitoearte)". |
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Apresentação de modelos nos Grandes Armazéns do Chiado, em 1946. VIEIRA, Joaquim - Portugal século XX. Lisboa: Bertrand, 2007.
Um aspecto da passagem de modelos nos Grandes Armazéns do Chiado, em 1942. Modas e Bordados, Vida Feminina, nº 1607, 25 de Novembro de 1942.
Uma tarde elegante nos Grandes Armazéns do Chiado
Num ambiente de grande distinção,com a assistência de muitas figuras em evidencia na sociedade elegante, realizou-se, no salão de chá dos Grandes Armazéns do Chiado, uma passagem de modelos para apresentação das mais recentes criações da moda.
O exito foi verdadeiramente excepcional. Todos os modelos apresentados despertaram o mais vivo interêsse, pela sua originalidade, bom gôsto e inexcedível elegância, destacando-se, entre os que mais agradaram, um a que foi dada a designação de "Chiado". (...) - desde o "tailleur" prático ao de luxo, ao casaco de peles ou vestido de noite, todos se impuseram pela sua beleza... (...)
(...)
Por seu lado, a assistência selecta que encheu o vasto salão dos Grandes Armazéns do Chiado, dificilmente esquecerá as horas de encanto e as visões de elegância que esta passagem de modelos lha proporcionou.
Modas e Bordados, Vida Feminina, nº 1607, 25 de Novembro de 1942.
O modelo "Chiado", que despertou enorme curiosidade durante a passagem de modelos nos Grandes Armazéns do Chiado, em 1942. Modas e Bordados, Vida Feminina, nº 1607, 25 de Novembro de 1942.
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Casa Jerónimo Martins & Filho, fundada em 1792 (fornecedora da Casa Real). Rua Garrett. Foto de Joshua Benoliel (negativo de gelatina e prata em vidro) - Arquivo Municipal de Lisboa |
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Casa Jerónimo Martins e Filho, (interior). Álbum "Casas comerciais". Estúdios Mário Novais (1933-1983). Biblioteca de Arte da Fundação Calouste Gulbenkian |
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Casa Eduardo Martins & Ca., fundada em 1899, na Rua Garrett, foto de Alberto Carlos Lima, em 1907 (negativo de gelatina e prata em vidro) - Arquivo Municipal de Lisboa |
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Perfumaria da Moda, fundada em 1909, na Rua do Carmo. Álbum "Casas comerciais". Estúdios Mário Novais (1933-1983). Biblioteca de Arte da Fundação Calouste Gulbenkian | |
Casa José Alexandre, fundada em 1833, na Rua Garrett. Álbum "Casas comerciais". Estúdios Mário Novais (1933-1983). Biblioteca de Arte da Fundação Calouste Gulbenkian
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Casa José Alexandre (interior). Álbum "Casas comerciais". Estúdios Mário Novais (1933-1983). Biblioteca de Arte da Fundação Calouste Gulbenkian
Casa Quintão, Rua Ivens, Lisboa. Álbum "Casas comerciais". Estúdios Mário Novais (1933-1983). Biblioteca de Arte da Fundação Calouste Gulbenkian
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Publicidade: Casa Quintão, no suplemento "Modas e Bordado", nº 1615, de 20 de Janeiro de 1943. |
Outros
estabelecimentos do comércio lisboeta, alguns centenários, foram
igualmente atingidos: “Casa Aguiar”; “Casa Batalha” (1635); “Casa de
Modas Ao Último Figurino”; “Casa Eduardo Martins” (1889); “Casa José
Alexandre” (1833); “Casa Jerónimo Martins & Filho” (1792); “Casa
Leonel”; “Charcutaria Martins e Costa” (1914); “Materna”; “Perfumaria da
Moda” (1909); “Pastelaria Ferrari” (1827); “Pompadour”; “Valentim de
Carvalho” (1920).
Em poucas horas, um
património histórico e de valor único para a cidade – edificado após o
terramoto de 1755 - , foi aniquilado pelas chamas.
O incêndio ficou extinto cerca das 12h 30m do dia 25 de Agosto, e as operações de rescaldo prolongaram-se pelo mês de Setembro.
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Publicidade: Casa de Modas Ao Último Figurino, no suplemento "Modas e Bordado", nº 1612, de 30 de Dezembro de 1942 |
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Materna, Rua do Carmo. - Álbum "Casas comerciais". Estúdios Mário Novais (1933-1983). Biblioteca de Arte da Fundação Calouste Gulbenkian |
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Materna, Rua do Carmo. - Álbum "Casas comerciais". Estúdios Mário Novais (1933-1983). Biblioteca de Arte da Fundação Calouste Gulbenkian |
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Casa Aguiar, Rua do Carmo, 1971. Foto de Joaquim Pereira Silvestre - Arquivo Municipal de Lisboa |
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Casa Leonel, Rua do Carmo, 1971. Foto de Joaquim Pereira Silvestre - Arquivo Municipal de Lisboa |
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Pompadour, Rua Garrett. Álbum "Casas comerciais". Estúdios Mário Novais (1933-1983). Biblioteca de Arte da Fundação Calouste Gulbenkian |
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Cartaz publicitário. Autor: Fred Kradolfer. Execução: Cunha e Silva. Álbum "Cartaz Publicitário". Estúdios Mário Novais (1933-1983). Biblioteca de Arte da Fundação Calouste Gulbenkian |
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Quinto aniversário da Pompadour - " Chic e moderno estabelecimento que ao Chiado dá uma nota de elegância parisiense e onde as nossas lindas lisboetas dão rendez-vous" - in, O Notícias Ilustrado nº 54 de 23 de Junho 1929 - CML, Hemeroteca Digital de Lisboa |
A área atingida, cerca de 8 mil metros quadrados, ficou delimitada pela Rua do Crucifixo, Rua da Assunção, Rua do Ouro, Rua de São Nicolau, Rua de Santa Justa, Rua do Carmo, Rua Nova do Almada, Calçada de São Francisco, Rua Garrett, Rua Ivens, Calçada do Sacramento.
O plano
para a reconstrução da zona do Chiado denominou-se "Projecto Global".
Posteriormente foi criado o "Gabinete de Coordenação e Assessoria
Técnica da Área Sinistrada do Chiado", sob a orientação e os projectos
do arquitecto Siza Vieira.
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Área afectada pelo fogo , com indicação dos prédios destruídos, os de que arderam as coberturas e alguns pisos, e os que ficaram danificados apenas em alguns pisos. Lisboa: Revista Municipal, nº 25, pág. 42, 3º trimestre de 1988 - Hemeroteca Digital de Lisboa |
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A Luvaria Ulisses foi fundada em 1925 e a Joalharia do Carmo em 1924. No século XXI, as duas casas na Rua do Carmo, mantém a traça antiga - TSF |
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Luvaria Ulisses, na Rua do Carmo. A decoração desta loja permanece intacta desde a sua fundação em 1925. |
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Centro Comercial Chiado (interior). Foto de Luis Pavão, 2000. Dispositivo cromogéneo em acetato de celulose - Arquivo Municipal de Lisboa |
Fontes:
http://revelarlx.cm-lisboa.pt/gca/index.php?id=1220&cat_visita=163
http://revelarlx.cm-lisboa.pt/gca/index.php?id=303
http://revelarlx.cm-lisboa.pt/gca/index.php?id=1219&cat_visita=164
http://hemerotecadigital.cm-lisboa.pt/OBRAS/LisboaRevM/LisboaRevM.htm
http://www.martinsecostasa.com/empresa.html
http://www.luvariaulisses.com/pt/pagina/1/home/