O Garden-Party,
festa no jardim, foi dos acontecimentos mais importantes para a alta sociedade
no início do século XX. Henrique Burnay, 1º conde de Burnay (1838-1909),
capitalista, empresário e político português, ofereceu um Garden-Party no seu
palácio, situado na Rua da Junqueira (Palácio Burnay), em Maio de 1907. Nestes
eventos os homens trajavam de forma solene. As senhoras ostentavam elegantes
trajes de passeio.
A sombrinha data de tempos remotos. Usada como protecção contra o sol, surge muito antes do chapéu de chuva. Do Oriente, onde era considerada um símbolo de elegância e distinção, passou ao conhecimento dos Gregos e Romanos.
O Correio das Damas: jornal de
literatura e de modas; 25 de Julho de 1838. Ed. Jacinto da Silva Mengo. Tipografia
Lisbonense, 1836-1852. Lisboa. - Biblioteca
Nacional de Portugal
O Correio das Damas Chapeo franzido. Saia de cambraia de Escocia. Roupão de gros de Tours. Chapeo de gros de Naples. Vestido de cambraia. Chale de gros de Argel. Correio das Damas: jornal de literatura e de modas; 25 de Julho de 1838. Biblioteca Nacional de Portugal
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No Correio das Damas, de 25 de Julho de 1838, página 59 (em cima, ao lado direito), pode ler-se:
Toilettes diversas.
Toilette de passeio. - Vestido de seda de cordãosinho côr de lírio, guarnecido de tres ordens de seda preta. - Chapeo de palha d' arrôz ornado de flores. - Luvas côr de canário.
Dita. - Vestido de cassa de lã, côr de rosa. - Mantelete de setim preto, guarnecido de renda da mesma côr. - Chapeo, franzido, de seda branca. - Luvas brancas. - Chapeo de sol côr de castanha.
(...)
O Correio das Damas: jornal de literatura e de modas; "Modas. Toilettes diversas"; 25 de Julho de 1838, pág. 50. Biblioteca Nacional de Portugal
A partir do século VXIII, a sombrinha foi um importante acessório do traje feminino europeu. No século seguinte, conheceu diferentes formas e materiais, e tornou-se no acessório indispensável da toilette feminina aristocrática e burguesa, da sociedade portuguesa. Nestes círculos da sociedade, a influência da moda francesa era evidente.
A variedade de sombrinhas existentes no século XIX, possibilitava a sua utilização nas mais variadas ocasiões. Entre os anos 30, e meados da década de 60, do mesmo século, distinguem-se as sombrinhas de cabo de dobrar, de pequenas dimensões, ideais para os passeios em carros de cavalos.
Sombrinha de renda em trabalho de bilros, de Bruxelas, com cabo articulado de marfim trabalhado ligeiramente curvo na extremidade. Peça metálica trabalhada, na articulação do cabo. Transferência do Museu Nacional dos Coches para o Museu Nacional do Traje e da Moda . MatrizNet |
Cabo de dobrar, varetas e cobertura, são os elementos que constituem as sombrinhas deste grupo. O primeiro elemento: o cabo. Trabalhado em marfim, coral e madrepérola, distingue as sombrinhas mais elegantes; a madeira ou o marfim liso, são usados nos modelos mais simples. O metal é também utilizado desde o início do século XIX.
Correio das Damas: jornal de
literatura e de modas; 30
de Junho de 1852. Ed. Jacinto da Silva Mengo. Tipografia
Lisbonense, 1836-1852. Lisboa. - Biblioteca
Nacional de Portugal
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Correio das DamasChapéo de palha d'arrôz. Vestido de tafetá. Mantelete de cassa. - Chapéo de palha e clina. Saia de tafetá......... (?)
Correio das Damas: jornal de literatura e de modas; 30 de Junho de 1852. Biblioteca Nacional de Portugal
Correio das Damas: jornal de literatura e de modas;. "Modas. Toilettes diversas"; 30 de Junho de 1852, pág. 143. Ed. Jacinto da Silva Mengo. Tipografia Lisbonense, 1836-1852. Lisboa. - Biblioteca Nacional de Portugal. |
No Correio das Damas, de 30 de Junho de 1852, página 59, pode ler-se:
Modas.
Toilettes Diversas.
Toilette de passeio. - Chapéo franzido de grôdenaple branco ornado de plumas e fitas da mesma côr. - Vestido de seda de furta-côres, guarnecido em roda da saia de quatro ordens de folhos recortados a ferro. Corpo á Amazona, aberto até á cintura. Mangas largas, e sobmangas de tulle bordada. Luvas brancas. Chapéo de sol de seda branca. Botinhas da côr do vestido.
(...)
Dita. - Chapéo de palha de arrôz, ornado de flores. Vestido côr de óca queimada, de tafetá de Itália, guarnecido em roda da saia, de tres ordens de folhos, ornados de um festão de flores, estampados na mesma seda. Corpoliso e afogado aberto até ao meio do peito. Mangas largas e sobmangas de tulle bordada. Camizeta de cambraia bordada. Mantelete de cassa bordado e guarnecido de uma larga renda. Luvas côr de cana. Chapéo de sol de seda branca. Botinhas pretas.
(...)
Correio das Damas: jornal de literatura e de modas; "Modas. Toilettes diversas". 30 de Junho de 1852, pág. 143. Biblioteca Nacional de Portugal
O segundo elemento a considerar na constituição da sombrinha: as varetas. O material utilizado na sua fabricação é diferençado: as barbas de baleia ou aço destinam-se às sombrinhas de melhor qualidade; nas de qualidade inferior, as varetas são de cana.
Uma Vista do Passeio Público; óleo sobre tela (97 cm x 130,5 cm); 1856; Romantismo. Autor: Leonel Marques Pereira. - Palácio Nacional da Pena MatrizNet. (...)“Nesse grupo, destaca-se ao centro a figura do rei D. Fernando II, alto, esguiu e elegante, trajando fraque castanho, calças brancas e chapéu alto. Junto à personagem central e trajando uniforme militar, o seu ajudante de campo, o conde de Campanhã, sendo as outras duas figuras masculinas que compõem este núcleo central, Almeida Garrett e o Marquês de Ávila e Bolama. (...) As damas surgem representadas com um conjunto de coloridos trajes e amplas saias que fazem adivinhar por baixo os saiotes e as crinolinas em oposição aos corpetes justos e decotados. As capas, os chapéus e as sombrinhas constituem o natural complemento de toilette”. |
Praia de Banhos, Póvoa de Varzim; óleo sobre tela; 1884. Autor: João Marques de Oliveira. - Museu do Chiado - Museu Nacional de Arte Contemporânea. MatrizNet "No areal da praia nortenha, à direita, um grupo de senhoras: uma de pé e outras duas sentadas em cadeiras de madeira, com vestidos em rosa, cinzento e violeta, usando chapéus e sombrinhas abertas que as protegem do sol". |
Na praia, 1907; fotografia (9 x 12); negativo de gelatina e prata sobre vidro; fotógrafo: Benoliel, Joshua.1873-1932. Arquivo Fotográfico da Câmara Municipal de Lisboa. |
Seróes: revista mensal ilustrada, nº 4, Julho de 1901, pág. 255 - CML Hemeroteca Digital |
O último e muito importante elemento da sombrinha: a cobertura. O tecido de seda, liso ou lavrado, em todos as cores e variedade de tons, é amplamente utilizado. A sombrinha de seda lisa, revestida de renda preta ou branca, é símbolo de elegância e distinção. Particulariza-se a cobertura rematada com aplicação de larga franja; realizada em seda escocesa; e a guarnecida de penas. Muitas delas eram forradas de seda branca. Quanto ao formato da cobertura destacaram-se dois tipos: um em forma de cúpula e o outro em forma de pagode, por influência dos objectos exóticos oriundos do Extremo Oriente.
Praia de Cascais, (1906); aguarela sobre papel; 24 x 16,5 cm. Autor: D. Carlos de Bragança. (1863-1908). Composição representando senhora de costas, na praia. Veste saia comprida e chapéu; sobre o ombro segura uma sombrinha fechada. Casa Museu Dr. Anastácio Gonçalves. MatrizNet
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Sombrinha de tule e tecido bordado; 1900. Material: fio de seda branco; seda creme; bambu, metal pobre dourado; metal
pobre prateado.Técnica:tule mecânico branco; tecido bordado; tafetá;
mousseline; metal relevado. Altura: 98 cm; diâmetro: 86,5 cm. "Sombrinha de tule mecânico branco com bordado a fio de seda da mesma
cor, formando decoração floral, vegetalista e geométrica. Sombra de tafetá de
seda creme. Folhos do mesmo tule bordado e de mousseline de seda. Cabo de
madeira de bambu, arqueado na parte superior, com aplicação de cabeça de cisne
de metal pobre dourado com decoração incisa e relevada. Armação e varetas de
metal pobre prateado". Doação - José Manuel Mendes Martins. Museu Nacional do Traje e da Moda. MatrizNet |
Retrato de Maria Cristina Bordalo Pinheiro; óleo sobre tela; 1912. Autor: Bordalo Pinheiro, Columbano. "Retrato de uma sobrinha do pintor, jovem mulher sentada a corpo inteiro, trajando elegantemente à moda dos anos 10. Tem o corpo virado para a direita mas olha na direcção contrária, usando um longo vestido branco, chapéu com faixa preta e segura na mão direita uma sombrinha vermelha e branca. Numa mesa a seu lado, vêem-se um samovar de cobre, brilhando, uma chávena e um bule prateado, sobre um fundo castanho nebuloso" . Doação - Emília Bordalo Pinheiro, viúva do artista. Museu do Chiado - Museu Nacional de Arte Contemporânea. MatrizNet |
Capa da revista Ilustração Portuguesa, nº 25, de 13 de Agosto de 1906, 2ª série. Hemeroteca Digital
Seróes: revista mensal ilustrada, nº 72, Junho de 1911, pág. 477 - CML Hemeroteca Digital
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Chronica da Moda
(...)
Um complemento gracioso, alem de indispensavel para uma toilette de verão, é sem duvida uma bonita sombrinha. Algumas são um verdadeiro mimo de bom gosto, em linho branco, com bordado inglez, reunindo á beleza o serem tambem muito praticas o que não succede com as de seda, que a não serem muito boas, são de pouca duração. Nos cabos, uns grandes laços de velludo preto tem novidade. Para mais toilette, as de renda sobre seda, são tambem de bom gosto.
(...)
Seróes: revista mensal ilustrada, nº 72, Junho de 1911, pág. 478 - CML Hemeroteca Digital
Sombrinha de seda branca bordada; 1918-1920. Material: seda branca; vidrilhos; missangas e madeira. Comprimento: 64 cm. "Sombrinha com pano em tafetá de seda branca bordada com missangas e vidrilhos da mesma cor, formando motivos florais. Forro em tafetá de seda branca. Cabo e ponteira torneada de madeira clara. Varetas de metal pobre dourado". Doação - Elina de Moraes Sarmento de Moura Mattosa. Museu Nacional do Traje e da Moda. MatrizNet |
Dama nobre do Japão com sombrinha de papel (em cima, lado direito). "Ilustração Portuguesa", nº 25, 13 de Agosto de 1906; 2ª série. - CML, Hemeroteca Digital |
O gosto pelos artigos exóticos oriundos do Extremo Oriente, cresceu na Europa a partir da segunda metade do século XIX, levando à importação de sombrinhas, entre outros objectos nipónicos. Esta preferência manteve-se durante as duas primeiras décadas do século XX.
Sombrinha; papel pintado, fibra vegetal e fio de algodão. Origem: China. Início do século XX. Comp. 71 cm; diâm. 68,5 cm. Museu Nacional do Traje e da Moda. Doação - Maria Fernanda Rosado. - MatrizNet |
Sombrinha Chinesa; século XX. Material: Papel pintado; bambú. Diâmetro: 51,5 cm; comprimento: 70,6 cm. "Sombrinha Chinesa em
pano de papel pintado de azul, imitando a técnica de batik. Varetas de madeira
pintadas de preto no exterior e de cor natural pelo interior. Ponteira de
madeira forrada de papel de lustre preto. Cabo de bambú de cor natural com
manchas castanhas". Doação - Germana Martins da Ponte Rodrigues. - Museu Nacional do Traje e da Moda. MatrizNet
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Sombrinha (Wagasa) de produção artesanal (1868-1926). Origem: Japão. Materiais: papel "washi" de fabrico tradicional japonês
colorido por técnica de gravura (?); uma vara de bambu; setenta e duas varetas
de bambu; madeira não identificada pintada. Museu dos Biscainhos. Doação de António Cerqueira Queiroz, "Casa da Ponte", de Arcos de Valdevez. MatrizNet |
A sombrinha "wagasa" de produção artesanal japonesa, implicava um processo de fabrico bastante difícil, o que exigia cerca de uma dezena de artífices a trabalhar na execução de cada peça, durante vários meses. Nos artefactos destinados ao abrigo da chuva, era indispensável a impermeabilização do papel através da aplicação de lacas, entre outros produtos. Na Ásia, o papel e a seda foram usados abundantemente na confecção de sombrinhas e guarda-sóis. Um exemplar japonês pertenceu a uma dama portuguesa de Arcos de Valdevez (imagem em cima).
Desenho (Sem título); Guache; Aguarela; Grafite e Tinta da china; sobre papel. Data: 1922. Dimensão 25 x 18 cm. Autor: Bernardo Marques. Museu Calouste Gulbenkian
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Sombrinha de cetim de seda preta; Art Déco (1920-1930). Diâmetro: 61 cm; comprimento: 55
cm. "Sombrinha com pano cortado aos gomos de cetim de seda preta e
cetim de seda branca, guarnecido com largo folho franzido e pespontado de cetim
de seda branca. Cabo em forma de "L", de secção quadrangular, em
galatite branca, terminando em galatite branca e amarela nas extremidades.
Ponteira de madeira pintada de preto. Varetas de metal pobre pintado de preto
com terminações esféricas de galatite preta". Doação - Maria Elisa
Metelo. Museu Nacional do Traje e da Moda. MatrizNet
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Figurino para Elisa Doolitte do musical peça "My Fair Lady" ; guache sobre papel (2002). Autor: Victor Pavão dos Santos. "Figurino para Elisa Doolittle (5) (Anabela) do musical "My Fair Lady", uma produção de Filipe La Féria no Teatro Politeama em 2002. Figurino feminino com vestido comprido branco com pintas pretas. A parte de cima do vestido é constituído por uma grande gola que também fazem de mangas, muito cintado abrindo depois da cintura. Saia justa, comprida e com ligeira cauda. Na cintura duas roas vermelhas. Usa um manguito branco com pintas pretas e decorado com rosas. Segura uma sombrinha branca e preta. Na cabeça um enorme chapéu também decorado com rosas. No canto superior direito está indicado que se trata do traje para ser usado em Ascot." Doação - Victor Pavão dos Santos - Museu Nacional do Teatro. MatrizNet. |
Após as duas primeiras décadas do século XX, a prática do desporto e a moda da pele bronzeada, fazem da sombrinha (guarda-sol) um acessório votado ao esquecimento.
Revista Ilustração, nº 53, 1 de Março de 1928; pág.: 33. Em baixo, à direita - sombrinha em musselina de dois tons, estampada e trabalhada. Criação Vedrenne. CML, Hemeroteca Digital |
Revista Ilustração, nº 60, 16 de Junho de 1928; pág.: 33. "Hipismo e elegâncias - Na nossa página arquivamos os mais belos documentos das últimas provas hípicas internacionais, não só sob o ponto de vista puramente desportivo, mas também sob o ponto de vista de elegância pois que o Concurso Hípico foi uma verdadeira parada de luxo e bom gôsto, distinguindo-se, na aristocrática exibição, os modelos de "toilettes" da célebre criadora de modas Mme Valle, com chapéus de TáTá, e que reproduzimos na nossa página à direita." CML, Hemeroteca Digital |
Sombrinha de tecido estampado; 1920. Material: Algodão creme; madeira; metal; tecido estampado. Diâmetro: 72 cm. "Sombrinha
com pano em tafetá de algodão creme estampado com decoração floral em tons
policromos. Cabo de madeira com pega cilíndrica de madeira com decoração floral
e geométrica incisa e pintada de verde e vermelho. Ponteira de madeira. Varetas
de metal pobre pintado de preto com terminações em plástico (baquelite?)
vermelho" . Doação - Maria Luisa Seabra Dinis. Museu Nacionaldo Traje e da oda. MatrizNet
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Sombrinha de tecido estampado; 1920. Cabo de madeira com pega cilíndrica de madeira com decoração floral e geométrica incisa e pintada de verde e vermelho.Museu Nacional do Traje e da Moda. MatrizNet |
Na literatura portuguesa, mais concretamente na obra Os Maias, de Eça de Queiroz (1845-1900), os objectos intervêm na acção, assumindo importância e destaque.
No excerto do livro (em baixo), tem protagonismo um objecto: a sombrinha escarlate...
No excerto do livro A Ilustre Casa de Ramires, do mesmo autor, Eça de Queiroz, a sombrinha é "apresentada" como um objecto com graça...
Fontes:
VIEIRA, Joaquim - Portugal século XX : crónica em imagens .
1ª ed. [Lisboa] : Círculo de Leitores, imp. 1999.
QUEIROZ, Eça - Obras de Eça de Queiroz - Os Maias. Edição Livros do Brasil, Lisboa
No excerto do livro (em baixo), tem protagonismo um objecto: a sombrinha escarlate...
(...)
Daí a dias, Afonso da Mais viu enfim Maria Monforte. (...) Maria, abrigada sob uma sombrinha escarlate, trazia um vestido cor-de-rosa cuja roda, toda em folhos, quase cobria os joelhos de Pedro sentado ao seu lado: as fitas do seu chapéu, apertadas num grande laço que lhe enchia o peito, eram também cor-de-rosa: e a sua face, grave e pura como um mármore grego, aparecia realmente adorável, iluminada pelos olhos dum azul sombrio, entre aqueles tons rosados. (...) Iam calados, não viram o mirante; e, no caminho verde e fresco, a caleche passou com balanços lentos, sob os ramos que roçavam a sombrinha de Maria. O Sequeira ficara com a chávena de café junto aos lábios, de olho esgazeado, murmurando:
- Caramba! É bonita!
Afonso não respondeu: olhava cabisbaixo, aquela sombrinha escarlate, que agora se inclinava sobre Pedro, quase o escondia, parecia envolvê-lo todo - como uma larga mancha de sangue alastrando a caleche sob o verde triste das ramas.
QUEIROZ, Eça - Obras de Eça de Queiroz - Os Maias. Edição Livros do Brasil, Lisboa ( págs. 29 e 30)
No excerto do livro A Ilustre Casa de Ramires, do mesmo autor, Eça de Queiroz, a sombrinha é "apresentada" como um objecto com graça...
(...)
- É que não tardam os anos da mana Graça! De todo esqueci, esqueço sempre! E sem ter um presentinho engraçado... Que seca, hem?
(...) Pois corria a Vila-Clara pedir ao sr. Manuel Duarte que lhe comprasse em Lisboa um bonito guarda-solinho de seda branca com rendas...
QUEIROZ, Eça - Obras de Eça de Queiroz - A Ilustre Casa de Ramires. Livros do Brasil, 2015 ( pág. 61)
Fontes:
SIQUEIRA, Laura Viana - "Sombrinhas": Ensaios nº 3. Museu Nacional dos Coches . Lisboa: Ministério da Comunicação Social. 1976. |
QUEIROZ, Eça - Obras de Eça de Queiroz - Os Maias. Edição Livros do Brasil, Lisboa
http://hemerotecadigital.cm-lisboa.pt/index.htm
http://www.matriznet.dgpc.pt/MatrizNet/Home.aspx
http://arquivomunicipal.cm-lisboa.pt/pt/
https://gulbenkian.pt/museu/
http://www.bnportugal.pt/