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Auto-retrato, óleo sobre tela, 1854 - Museu do Chiado / Museu Nacional de Arte Contemporânea |
João Cristino da Silva foi um pintor português da época romântica. Nasceu em 14 de Julho de 1877, no bairro lisboeta de Alfama, numa família burguesa ligada ao comércio. Frequentou a Academia das Belas Artes de Lisboa, entre 1841 e 1845, onde revelou a sua aptidão para as artes, mas também o seu temperamento nervoso e uma personalidade irreverente que recusa o ensino académico. Por não concordar com o ensino de António Manuel da Fonseca, abandonou a Academia.
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Cinco artistas em Sintra, óleo sobre tela, 1855 (ao fundo à esquerda, o Palácio da Pena sobre uma montanha imaginária de pedra) - Museu do Chiado / Museu Nacional de Arte Contemporânea |
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Cinco artistas em Sintra, gravura (a partir da pintura com o mesmo nome), 1855-1856 - Museu do Chiado / Museu Nacional de Arte Contemporânea |
Em sociedade com Moutinho, decide dedicar-se à ourivesaria, numa loja da Rua da Prata, ponto de encontro da geração contestatária e liberal, e especialmente de um grupo de artistas com ideais românticos que preconizava uma nova atitude artística e o entendimento de uma pintura de captação “do natural”, mais próxima do povo, contrária ao academismo. Posteriormente Cristiano desiste da ourivesaria e continua a pintar, apresentando pequenos quadros no limitado mercado de arte português, a partir de finais da década de 40.
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Cabeça de rapaz, óleo sobre metal, 1854 (estudo para a pintura Cinco artistas em Sintra) - Museu do Chiado / Museu Nacional de Arte Contemporânea |
Cristino integrou uma comissão de selecção de obras a mostrar na Exposição Universal de Paris, em 1855, e, nesta exposição, apresentou a pintura Cinco artistas em Sintra - o quadro foi adquirido pelo rei D. Fernando antes da Exposição Universal de Paris. Esta obra torna-se a mais significativo desta geração romântica pela intenção de síntese das linhas exploradas por este grupo através da pintura de paisagem, retrato e costumes. Neste primeiro retrato colectivo de artistas portugueses, formado por Tomás da Anunciação, Francisco Metrass, Victor Bastos, José Rodrigues, e o próprio Cristino, na romântica Sintra, os aspectos cenográficos ligam-se ao tratamento de pormenores, especialmente na descrição dos trajes populares, enquanto que num plano longínquo, surge o Palácio da Pena, entre brumas e entre efeitos de luz variados. A novidade apresentada, captação do tema “no natural”, torna-se o elemento de coesão do grupo, a afirmação de um entendimento contrário à pintura de atelier e ao ensino académico.
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Flores e frutos, óleo sobre tela, 1859 - Museu do Chiado / Museu Nacional de Arte Contemporânea |
Entre 1855 e 67 realizou pinturas em Sintra, Coimbra, Buçaco, Ribatejo, Nazaré e Leiria. Valorizou a divulgação das características específicas dos seus locais preferidos através de uma escolha premeditada de sítios exuberantes e dramáticos que se ajustam a um sentimento idealizado. As paisagens revelam acontecimentos banais ou trágicos, por vezes sublinhados por tonalidades sombrias e focos de luz e apresentam um registo de signos românticos, como cadeias montanhosas, mares agitados, ruínas, castelos, narrativas e imagens de costumes, tratados em contrastes cromáticos. Importava sublinhar uma ideia, um conceito de natureza aliado a uma poética e a um estado de espírito romântico, já que Cristino se considerava “homem de um temperamento sanguíneo, alma de fogo, expansivo e entusiasta até o delírio”.
Cristino promove um pré-naturalismo e o registo do pitoresco, através dos costumes populares e desencadeia um processo de aceitação de um gosto pela pintura da paisagem, “ao natural”, desde as décadas de 50-60. Esta nova postura decorre de um propósito e do prazer por Viagens na minha terra, sugeridas e praticadas por Almeida Garrett, ainda em 1844, e, cria as condições necessárias à admissão do naturalismo, introduzido por Silva Porto e Marques de Oliveira, já em 1879.
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Sem título (Marinha), óleo sobre tela, 1855-1860 - Museu do Chiado / Museu Nacional de Arte Contemporânea |
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Paisagem no Buçaco, óleo sobre tela, 1862 - Museu do Chiado / Museu Nacional de Arte Contemporânea |
A partir de 1859, Cristino leccionou na Academia, tal como os colegas de grupo desta geração romântica, Tomás da Anunciação e Francisco Metrass e participou nas exposições da Sociedade Promotora das Belas Artes. Em 1869, após intempestivas cenas na Academia, foi internado em Rilhafoles durante um ano e a partir desta data pouco produziu. Morreu em 12 de Maio de 1877, vítima de ataque cardíaco.
Fontes:
http://www.matriznet.ipmuseus.pt/MatrizNet/Entidades/EntidadesConsultar.aspx?IdReg=68131
http://pt.wikipedia.org/wiki/Jo%C3%A3o_Cristino_da_Silva
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