1 - Placa com cena da Crucificação de Cristo; alabastro de Nottingham esculpido; oficinas de Nottingham (Inglaterra); 1400 dC - 1460 dC, Idade Média; 44,3 x 28,2 x 5,3 cm - Museu Nacional de Arqueologia - MatrizNet |
Na recente visita ao Museu Nacional de Arqueologia, em Lisboa, observei com admiração duas peças belíssimas em alabastro de Nottingham, datadas de meados do século XV.
A placa com cena da Crucificação de Cristo (imagem 1) esculpida em médio e alto relevo, seria a parte central de um conjunto de outros painéis, que formariam um retábulo com cenas da Paixão de Cristo - as cenas representadas nos vários painéis que constituíam os retábulos estavam sempre relacionadas.
Esta placa integra um conjunto de sete figuras. Ao centro, Cristo crucificado; à direita, quatro figuras femininas, entre elas, a Virgem Maria que desfalece; à esquerda, dois soldados e uma figura vestida à maneira dos nobres.
2 - S. João Evangelista; escultura de meio-vulto com costas planas; alabastro de Nottingham; oficinas de Nottingham (Inglaterra); XV d C; Idade Média; 42 x 13 x 6 cm - Museu Nacional de Arqueologia - MatrizNet |
A escultura de meio-vulto com costas planas (imagem 2) representa S. João Evangelista. Traja vestido e manto com pregas, ocultando as formas anatómicas da figura, bem ao gosto da época. Na mão direita segura o livro do Evangelho, sobre o qual repousa a águia (símbolo zoomórfico que o identifica), e na mão esquerda segurava, inicialmente, a palma (símbolo do seu martírio), de que resta um fragmento.
Outras peças em alabastro medieval inglês, nos museus portugueses
Santa Catarina de Alexandria; escultura de vulto a 3/4 com as costas planas; policromada; alabastro de Nottingham; oficinas de Nottingham (Inglaterra); XV d C - Medieval; 96,5 x 15 x 31 cm - Museu Nacional de Arte Antiga - MatrizNet |
A escultura de vulto a 3/4 com as costas planas representa Santa Catarina, Princesa de Alexandria. Na mão esquerda segura a roda dentada e na mão direita a espada. Tem aos pés, semi-deitado, o vencido rei Maximiliano. Vestígios de policromia de cor vermelho, dourado e azul.
Nossa Senhora da Piedade; escultura de meio-vulto com as costas planas; alabastro de Nottingham; oficinas de Nottingham (Inglaterra); XV d C - Medieval; 84 x 35 x 10 cm - Museu Nacional de Arte Antiga - MatrizNet |
A escultura de meio-vulto com as costas planas representa a Virgem Maria com o Cristo Morto nos braços, sob a invocação de Nossa Senhora da Piedade.
Santa Ana e a Virgem; escultura de meio-vulto com as costas planas; policromada; alabastro de Nottingham; oficinas de Nottingham (Inglaterra); XV d C; 91 x 35 x 14 cm - Museu Nacional de Arte Antiga - MatrizNet |
A escultura de meio-vulto com as costas planas representa Santa Ana e a Virgem. Como eixo central inscreve-se o pé da estante com forma de meia cadeia. Aponta para o Livro com o dedo indicador da mão direita. Com o braço esquerdo sustenta a Virgem, encostada a si e apoiada no Livro. Vestígios de policromia de cor azul, dourado e vermelho.
Placa com cena da Natividade; alabastro de Nottingham; 1380 d C - 1420 dC ; 43 x 29,7 x 5,2 cm - Museu Nacional Machado de Castro - MatrizNet |
A placa com cena da Natividade esculpida em relevo tem ao centro S. José. No plano inferior, de um a virgem e do outro os animais. Ainda num plano inferior está o Menino, protegido à cabeça por uma figura feminina. A parte superior apresenta coroamento de ameias, característico da época.
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A placa de forma rectangular apresenta uma escultura de médio relevo em alabastro policromado, representando o Calvário. Ao centro Jesus Cristo crucificado, ladeado pela Virgem Maria e por S. José. Num plano inferior encontra-se uma "caveira e alguns ossos, alusão ao local do enterramento de Adão, no mesmo monte do Gólgota". Policromia simples em azul, vermelho e branco
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Placa Incredulidade de S. Tomé; alabastro de Nottingham; Vestigios de policromia na cor vermelho e azul;1420 dC - 1460 dC, Idade Média; 44,3 x 28,2 x 5,3 cm - Museu Nacional Machado de Castro - MatrizNet |
Alabastros de Nottingham é o termo usado para as esculturas em alabastro produzidas em Inglaterra, a partir do século XIV até ao início do século XVI.
As oficinas produziram dois tipos de esculturas: relevos e estátuas. Mais comuns, os painéis com as representações de cenas da vida de Cristo, a Paixão de Cristo ou a vida da Virgem Maria. Muitos destes painéis, medindo até cerca de 50 cm de altura, esculpidos em alto relevo, destinaram-se a integrar retábulos com molduras de madeira.
A maioria dos exemplares que chegaram até nós, perderam muito de sua pintura, mas a coloração das esculturas era uma parte integral da produção. A coloração era geralmente muito viva, com trajes pintados em escarlate e azul, cabelo e acessórios tais como coroas e ceptros em dourado, e as paisagens decoradas com padrões de margarida, muitas vezes sobre verde-escuro.
Mais suave e fácil de trabalhar do que o mármore, o alabastro garantia uma escultura rica em pormenores de pequena dimensão, e uma maior facilidade na aplicação da policromia e douramento. Bom para a produção em massa, embora pouco adequado para o uso ao ar livre.
Durante toda a Idade Média, as imagens de alabastro produzidas em Nottingham foram muito populares na Europa. Os escultores de alabastro eram tão bem sucedidos que desenvolveram um importante comércio de exportação. As peças podem ser encontradas em igrejas e museus de toda a Europa. Aparecem em locais
distantes como a Croácia, a Islândia e a Polónia.
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Fontes:
https://en.wikipedia.org/wiki/Nottingham_alabaster
http://www.matriznet.dgpc.pt/MatrizNet/Apresentacao.aspx
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