No Dia Internacional da Mulher, recordo a escritora e poetisa são-tomense Alda do Espírito Santo (1926-2010), no poema dedicado às mulheres do distrito de Água Grande .
A ilustração é do pintor português Júlio Resende (1917-2011).
"Lá no Água Grande"
Lá no Água Grande a caminho da roça
negritas batem que batem co'a roupa na pedra
Batem e cantam modinhas da terra.
Cantam e riem em riso de mofa*
histórias contadas, arrastadas pelo vento.
Riem alto de rijo, com a roupa na pedra
e põem de branco a roupa lavada.
As crianças brincam e a água canta.
Brincam na água felizes...
Velam no capim um negrito pequenino.
E os gemidos cantados das negritas lá do rio
ficam mudos lá na hora do regresso...
Jazem quedos no regresso para a roça.
*Mofa é sinónimo de escárnio, troça, chacota, zombaria.
Alda do Espírito Santo
São Tomé e Príncipe
Fontes:
Primeiro livro de poesia. 1991. Editorial Caminho e Sophia de Mello Breyner Andresen. ISBN 972-21-0597-3
https://pt.wikipedia.org/wiki/Alda_do_Esp%C3%ADrito_Santo
https://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%81gua_Grande
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